03: 𝗔𝗺𝗼𝗿 𝗻𝗮̃𝗼 𝗖𝗼𝗿𝗿𝗲𝘀𝗽𝗼𝗻𝗱𝗶𝗱𝗼² - Mᴀʙᴇʟ

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ᶜᵒⁿᵗⁱⁿᵘᵃᶜ̧ᵃ̃ᵒ

Você deu as costas, tentando se afastar daquele cenário que agora era insuportável. Seus passos eram pesados, como se a cada um o chão se recusasse a te sustentar. O som de risadas e vozes ao fundo se distanciava conforme você se afastava do pátio, mas a dor permanecia, latejando dentro do peito como uma ferida aberta. A cada batida do coração, a lembrança do sorriso de Mabel a consumia mais.

Você entrou no corredor vazio da escola, suas mãos tremendo levemente. O nó na garganta só aumentava, as lágrimas ameaçando cair. Você se encostou contra a parede fria, buscando apoio, mesmo que fosse o de um objeto inanimado, porque naquele momento você se sentia completamente sozinha.

Por que você não falou?

Por que se escondeu atrás da amizade, fingindo que estava tudo bem, quando na verdade seu coração estava sendo rasgado toda vez que via Mabel com outra pessoa? Talvez você estivesse com medo, medo de destruir o que tinha. Mas agora tudo estava destruído de qualquer jeito, só que de uma forma muito mais dolorosa.

De repente, passos ecoaram pelo corredor, tirando você de seus pensamentos. Mabel. Ela vinha em sua direção, ainda com aquele sorriso nos lábios, como se nada estivesse errado. Como se o mundo dela não estivesse em pedaços. Seu coração acelerou, e tentou conter as lágrimas que estavam prestes a cair. Mabel é tão... linda, tão cheia de vida, e cada vez que a olhava, você sentia como se o ar fosse arrancado dos seus pulmões.

─ Ei, está tudo bem? ─ Mabel perguntou, a voz suave e preocupada, parando a poucos metros de distância.

Você queria gritar. Queria despejar toda a dor que estava presa dentro de você, queria que Mabel entendesse o quanto estava machucada, o quanto amava sem nunca ter sido vista. Mas as palavras se recusavam a sair. O que você poderia dizer? Que Mabel destruiu seu coração sem nem perceber?

─ Sim... está tudo bem ─ , respondeu você, com um sorriso forçado, sentindo o gosto amargo da mentira na boca.

Mabel franziu as sobrancelhas, dando mais um passo em sua direção. ─ Tem certeza? Você parece... distante.

Você balançou a cabeça, afastando-se um pouco mais da parede, tentando encontrar a força para sustentar sua própria fachada. ─ Estou só... cansada.

Mabel sorriu de forma compreensiva, sem saber que cada gesto, cada olhar, apenas aprofundava o corte invisível dentro de você.

─ Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, né? Sempre estarei aqui pra você.

A ironia daquela frase quase fez você rir, mas era um riso carregado de dor. Mabel estava ali, perto, mas ao mesmo tempo a quilômetros de distância. Não havia mais um caminho para onde você pudesse ir, não havia espaço para o amor que você carregava.

─ Eu sei ─ murmurou, baixando o olhar, sem coragem de manter o contato visual. Mabel nunca entenderia. Ela não sabia. Ela nunca soube.

O silêncio entre elas parecia mais alto do que qualquer palavra que você poderia dizer. Mabel, ainda com o olhar atento, esperava uma resposta, mas você sabia que não conseguiria falar. Não sobre o que importava. Como você poderia expor seu coração para alguém que, mesmo estando ali, não enxergava o que estava logo à frente?

Você sentiu um aperto no peito, como se o peso das palavras não ditas te esmagasse por dentro. Respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções. Mabel estava tão perto, mas ao mesmo tempo, inalcançável. O sorriso leve nos lábios de Mabel mostrava sua preocupação, mas também a ignorância sobre a dor que você escondia tão bem.

Você deu um passo para trás, como se a distância física pudesse de alguma forma proteger seu coração. As luzes do corredor refletiam suavemente nos olhos de Mabel, e por um breve momento, você quis acreditar que talvez, só talvez, houvesse uma chance de que tudo mudasse. Mas essa esperança logo se desfez ao lembrar que Mabel tinha alguém. Alguém que não era você.

─ Eu tenho que ir ─ , murmurou você, sua voz quase falhando, as palavras saindo antes que o choro engasgasse em sua garganta. Você não podia mais continuar ali, fingindo que estava tudo bem, fingindo que poderia suportar.

Mabel deu um passo à frente, confusa, mas ainda com aquela doçura nos olhos. ─ Tem certeza de que está tudo bem? Se precisar de alguma coisa, eu estou aqui.

A dor rasgava o seu coração, mas você não podia dizer a verdade. Não podia revelar o quanto estava machucada, o quanto amava Mabel em segredo. E então, com um último olhar, você ofereceu um sorriso fraco, um sorriso que não chegava aos olhos, um sorriso que escondia tudo o que nunca poderia dizer.

Você começou a se afastar, sentindo as lágrimas finalmente rolarem silenciosamente pelo rosto. Cada passo parecia um adeus, um fim para algo que nunca teve a chance de começar. Você queria gritar, correr de volta e dizer tudo, mas sabia que não adiantaria. Mabel estava em outro mundo agora, com outra pessoa, e você tinha que seguir com a dor.

Enquanto caminhava pelo corredor vazio, os ecos de seus próprios passos pareciam sufocar qualquer esperança restante. As luzes acima lançavam sombras longas e frias ao seu redor, refletindo a solidão que agora dominava seu coração. Você parou por um momento, fechando os olhos, tentando se recompor. Mas a verdade era cruel demais para ser ignorada.

Mabel nunca soube. E agora, nunca saberia.

Com um último suspiro, você saiu da escola, deixando para trás não só Mabel, mas também os sonhos que você guardou tão profundamente. O ar da tarde estava mais frio, ou talvez fosse apenas a solidão envolvendo-a completamente. Você caminhou pela calçada, os pensamentos confusos, enquanto o mundo ao seu redor seguia em frente, sem notar sua dor.

Por dentro, restava apenas um vazio. E o eco de um amor que nunca seria correspondido.

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𝘐𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦𝘴 » Jᴇɴɴᴀ OʀᴛᴇɢᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora