Suspiro enquanto me sento em minha cama.
Ouço o som dos pássaros vindos do lado de fora de minha janela, é extremamente agradável acordar com esse som todos os dias.
Ao menos deve ser.
— HAITANI EU TE MATO SEU DESGRAÇADO. — Bufo irritada ao ouvir meu despertador diário.
Minha porta abre e Ran passa por ela correndo, se jogando em minha cama e me usando como escudo enquanto Kakucho aparece em seu encalço usando um avental rosa e segurando uma frigideira em mãos.
— Não adianta tentar se esconder seu filho da puta eu vou te matar. — conto mentalmente até dez, tentando ignorar a pequena discussão que se sucede. Rindou, apareceu na porta, se aproximou de mim, me dando um beijo na testa e estendeu uma xícara de chá.
— Valeu — agradeço saboreando o líquido quente e docinho, do jeitinho que eu gosto. — Qual a discussão da vez?
— Rindo lavou roupas e acabou deixando o avental favorito do Kakucho rosa — responde prestando atenção na discussão. Pego meu celular embaixo do travesseiro, respondo algumas mensagens do grupo das meninas e sorrio minimamente quando chega uma mensagem de Mitsuya me perguntando se quero carona hoje. Respondo com uma negativa e quando estou prestes a digitar o motivo Ran, que ainda me usa como escudo, me puxa para o lado e me faz derramar o chá no aparelho, dou um pulo para fora da cama, sentindo minha mão arder.
— Prince…
— Fora daqui, os três. — Interrompo a fala de Kakucho que me olha preocupado.
— Aiko desc… — Ran tenta falar mas sua voz é abafada pelo meu grito:
— IZANA! — Rindou sai correndo do quarto e Kakucho e Ran me olham com os olhos arregalados.
— Que foi? — Izana aparece na porta com uma toalha enrolada na cintura e os cabelos cheios de espuma. Aponto para Kakucho, Ran e depois para minha mão que está um pouco avermelhada. —O que aconteceu? — pergunta preocupado, atravessando o quarto e pegando minha mão com delicadeza.
— Eu quero a droga da fechadura na minha porta até domingo à noite. — Não foi nada grave, mas sabia que Izana agiria como se fosse uma queimadura de terceiro grau e usaria isso a meu favor.
Izana retirou a fechadura da porta do meu quarto quando Mitsuya passou a frequentar nossa casa, logo depois da briga da Tenjiku com a Tomam, onde todos descobriram que éramos amigos há anos. Não importa quantas vezes eu tenha dito que Mitsuya era apenas meu amigo, na cabeça de Izana ele era um conquistador barato e que espera apenas uma oportunidade para me seduzir com todo aquele papinho de delinquente bom moço. Sempre que Mitsuya passava um tempo aqui em casa Izana mandava um dos meninos ficarem nos vigiando e até dormiu no chão de meu quarto quando Mitsuya passou a noite aqui por causa da chuva forte.
— Porque você quer tanto trancar o seu quarto? É aquele projeto de marginal que fica mandando você insistir nisso para que ele possa se aproveitar de você, não é?
— Francamente Izana, você não me irrita que hoje eu não tô de bom humor. — Cruzei os braços e o olhei brava — Existe uma coisa chamada privacidade, uma coisa que você e nem esse bando de troglodita barulhento respeitam. Eu sou a única garota nesta casa, vocês entram e saem do meu quarto como se fosse de vocês, sem se importar nenhum pouco com a bagunça que fazem ou com o estado que eu vou estar. Já não basta eu ter que acordar todos os dias com vocês gritando, ainda tenho que aturar você invadindo meu quarto também? — Não esperei por uma resposta, os dei as costas e caminhei até meu guarda roupa, puxando uma mochila e jogando algumas peças aleatórias dentro dela.
— Porque tá arrumando essa mochila?
— Vou passar o fim de semana na casa do Shin e não sei se tenho roupa o suficiente lá — respondi pegando meu uniforme, roupas íntimas e minha toalha. Ao me virar e encarar os três ainda lá, me encarando meio tristes, me senti um pouco culpada por falar tudo aquilo, não que não fosse verdade, mas eu devia ter falado de outro jeito mas a culpa não era minha, e sim deles me acordarem todos os dias com aquela barulheira e invasão, da minha TPM, da idiota que vive me atormentando no colégio e de Mitsuya que não teve tempo para mim durante a semana, a não ser por me levar e me trazer da escola.
Ignorei os três e segui para meu banheiro, trancando a porta. Tomei um banho rápido, me sequei, me vesti. Prendi meu cabelo em um coque frouxo e passei apenas um batom rosa. Peguei alguns absorventes e procurei meu remédio para cólica, mas para provar que meu dia seria horrível, ele havia acabado.
Quando voltei ao meu quarto vi Ran trocando os lençóis da minha cama e Kakucho parado ao lado, segurando uma bandeja com meu café da manhã.
Os dois me olham e abrem a boca.
— Não. — Ergo a mão os impedindo de falar — Eu estou irritada e não quero ser uma vaca com vocês então não falem nada, me deixem quieta no meu canto. — Senti meus olhos arderem. Passei meu perfume e peguei minhas coisas indo em direção a porta.
— Não vai tomar seu café? — ouvi Kakucho perguntar baixinho e engoli o nó em minha garganta, neguei com a cabeça e sai.
Desci as escadas e encontrei Izana sentado no sofá, ao lado de Rindou, ambos vestidos com seus uniformes da Tenjiku. Ambos se levantam e me aproximo. Izana pigarreou.
— Se quiser eu deixo a sua mochila com o Shinichiro, assim não precisa levar ela com você para o colégio.
Assenti lhe entregando e os segui até a garagem. Meu lado malvado me fez ignorar Izana, que esperava eu montar na garupa de sua moto e ir na direção de Rindou. Ouvi seu suspiro mas ignorei. Rindou, bufou uma risada e deu partida na moto.
— Porquê do mau humor? Tá de TPM?
— Cala a boca Rindou. — O degracafo riu e apertou de leve minha coxa.
— Quer que eu compre um chocolate? — não havia zombaria em sua voz, mas por algum motivo a pergunta me deixou mais irritada.
— Não.
Acho que Rindou percebeu que eu não queria conversa, apenas pilotou em silêncio, estacionou em frente ao colégio e desci da moto.
— Valeu — resmunguei ajeitando meu uniforme. Comecei a me afastar mas Rindou segurou meu pulso.
— Toma — tirou meu celular do bolso, o colocando em minha mão — Limpei ele para você, por sorte não estragou.
Sorri feliz e o abracei com força.
— Obrigada Rindou, você é o melhor.
— Ainda bem que não sou eu que terei que aguentar você nos próximos dias. — provocou e o dei um beliscão nas costelas. Rindou, reclamou e me soltou, beijou minha testa e piscou.
Fiquei olhando ele se afastar até que um braço rodeou minha cintura, um peitoral colou-se em minhas costas, um perfume familiar chegou até meu olfato e uma sacola foi estendida em minha frente.
— Bom dia, minha princesa — falou em meu ouvido e arrepiei ao sentir um beijo ser depositado pouco abaixo de minha orelha.
— Bom dia príncipe — respondi com um sorriso, pegando a sacola e a abrindo, haviam diversos chocolates e doces e meu olhos lacrimejaram ao ver o remédio para cólica. Me virei jogando meus braços em seu pescoço e rodeando minhas pernas em sua cintura.
Mitsuya riu e acariciou meu cabelo, me segurando como se eu não pesasse nada.
Mitsuya não reclamou quando ignorei completamente o sinal e me neguei a soltá-lo. Apenas me ajeitou em seu colo, colocando sua mochila de forma que tapasse minha bunda e me levou para a minha sala.
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More Than Friends
FanfictionTer um irmão mais velho ciumento e cuidadoso que a impediu de ter experiências com o sexo oposto nunca foi um problema pra Aiko Kurokawa. Até que ela conhece um garoto e ela se vê desesperada por não saber como agir com ele. Só lhe resta pedir ajuda...