Chapter Four

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10 Anos atrás…

Desci do ônibus e segui na direção do mercado, as mãos nos bolsos apertando o dinheiro e a lista de compras que minha mãe me dera. Estava a uma pequena distância do estabelecimento quando a porta se abriu e uma garota passou por ela quase correndo, esbarrando em mim quase derrubando o saco pardo em que carregava suas compras.

— Me desculpa. — falou com a cabeça baixa, os cabelos longos e platinados escondendo seu rosto. Usava um vestido azul rodado, com mangas de tule bufante e brilhante que me lembrava muito o vestido de alguma princesa, se não me engano era a princesa do sapatinho de cristal, qual era mesmo o nome? Até tentei me lembrar mas quando ela levantou o rosto esqueci até do meu nome. Seu olhos violentas me fizeram perder o ar, sua pele era morena era brilhante e o sorriso, aquele sorriso fez meu coração errar a batida — Desculpa mesmo, eu não estava prestando atenção, estava correndo para pegar o trem para casa… aí caramba, eu estou atrasada, se eu perder o metro terei que esperar o próximo e o sorvete vai derreter todinho. Tchauzinho.

E assim, sem sequer me dar a chance de abrir a boca a linda garotinha foi embora. Fiquei parado como um idiota, olhando na direção em que ela havia ido e quando olhei para frente pretendendo seguir meu caminho, tive que rir. Caído no chão, estava um iPod com os fones enrolados em volta dele, me abaixei para pegá-lo e vi as iniciais ‘AK’ pintadas com esmalte. Pensei em ir atrás dela para devolver mas como ela estava com pressa, provavelmente já devia estar longe daqui.

Guardei o iPod em meu bolso e entrei no mercado, me aproximei da senhora do caixa.

— Boa tarde, a senhora por acaso sabe o nome da garota que acabou de sair? — A mulher me olhou como se tentasse lembrar de quem eu estava falando. — Uma garota de cabelos platinados e olhos violetas.

— Ah, a garota que usava o vestido da cinderela? — Cinderela, esse era o nome da tal princesa. Assenti esperançoso — Nunca perguntei o nome dela — curvei meus ombros, decepcionado — Mas ela está quase todo dia aqui, sempre compra o mesmo sorvete, de morango e um pacote de jujubas e se senta no parque em frente para tomá-lo, depois volta para comprar mais sorvete para viagem e sai correndo.

— Quais os horários que ela costuma vir?

— Hum, deixa eu ver — levou a mão ao queixo enquanto pensava — Se eu não estiver enganada ela vem sempre no mesmo horário, depois das três. Fica umas duas horas no parque e depois vai embora.

— Tudo bem. Obrigado — agradeci e fui em busca dos itens na lista de minha mãe.

Passei a ir aquele mercado todos os dias, perguntava a mulher do caixa se minha cinderela já havia passado por lá e quando ela negava eu me sentava no parque em frente, esperava algum tempo e quando ela não aparecia eu ia embora. Essa rotina se seguiu por quase duas semanas. Todos os dias, saia correndo da escola e ia até aquele mercado, ia tanto até lá que a senhora Kimiko passou a me chamar pelo meu nome e até me dava um doce ou bala.

Já estava perdendo as esperanças de encontra-la novamente e indo apenas pelo doce grátis quando certo dia cheguei ao mercado e foi recepcionado na porta por uma Kimiko toda sorridente.

— Boa tarde dona Kimiko — a comprimentei desanimado.

— Que cara é essa menino? — dei de ombros.

— Ela apareceu por aqui? — perguntei sem qualquer esperança. Dona Kimiko olhou por cima do meu ombro e seu sorriso se alargou.

— Se estiver perguntando de mim eu estou aqui — uma voz suave soou atrás de mim, me virei e dei de cara com a linda garotinha que se não fosse pelo iPod em meu bolso, teria achado que era apenas fruto da minha imaginação. Seus olhos violetas me analisaram de cima abaixo e suas sobrancelhas arquearam — Porque você está me procurando? E quem é você?

— Sou Takashi Mitsuya, você esbarrou em mim a umas semanas atrás e deixou cair isso aqui. — me atrapalhei ao tirar o iPod do bolso, o derrubando no chão, me abaixei para pega-lo e aproveitei para amarrar meus cadarços. Olhei para cima estendendo o iPod para ela e a ouvi ofegar levando as mãos ao peito, os olhos violentas que não deixavam me encarando com um brilho intemso — Que foi? — perguntei me levantando.

— Você é o meu príncipe encantando que encontrou meu sapatinho de cristal e rodou o reino para me encontrar — seu sorriso me desarmou completamente.

— Isso te torna a minha princesa então? — ela riu me deixando ainda mais bobo — Minha princesa tem nome?

— Sou Aiko Kurokawa vossa alteza — respondeu segurando em seu vestido lilás e fazendo uma reverência, devolvi ouvindo mais uma vez sua risada. — Já que meu príncipe teve todo esse trabalho para me encontrar e devolver o meu pertence, me deixe pagá-lo um sorvete em agradecimento.

Eu iria negar e me oferecer para pagar mas dona Kimiko se aproximou com duas casquinhas de sorvete de morango e um pacote de jujubas.

— Prevejo que ainda verei muito vocês dois por aqui então esse é por conta da casa. — sorrimos um para o outro e pegamos os sorvetes, agradecendo e vendo a gentil senhora entrar de volta em sua loja.

— Podemos sentar no parque? — Aiko perguntou.

— Primeiro as damas — respondi lhe indicando o caminho, recebendo um lindo sorriso em resposta.

Aquela foi a primeira vez que nós sentamos embaixo de uma árvore e conversamos por horas até que Aiko tivesse que pegar o trem de volta para Yokohama. Depois daquele dia muitos outros vieram. Se passasse apenas um dia que não a visse me via doido. Quando fiz minha tatuagem de dragão na têmpora direita, Aiko estava lá segurando minha mão. Quando seu irmão foi mandado para o reformatório depois de quase matar alguns garotos que incomodavam Aiko e lhe deram uma surra, eu a consolei. Ela foi a primeira pessoa a ver os uniformes que criei para a Toman.

Aiko me contou sobre seu irmão Izana e sobre Shinichiro e ambos ficamos surpresos ao saber que eu era amigo de Mikey que também eram seus irmãos.

Nós mantivemos nossa amizade no mais absoluto segredo e foi só quando Toman, Tenjiku e Black Dragons iriam lutar que todos descobriram que éramos amigos a anos.

Aiko e eu não tínhamos segredo. Eu a conhecia melhor que ninguém e ela também, exceto por um único detalhe, um único segredo que nunca consegui lhe contar.

Eu era loucamente apaixonado pela minha melhor amiga.

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