Segredos não revelados

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A sessão de filmes finalmente havia chegado ao fim. O brilho suave da televisão desligada iluminava fracamente a sala de estar, onde algumas das garotas permaneciam, responsáveis por organizar a bagunça deixada pela maratona de filmes e pelas tigelas vazias de pipoca. Risadas abafadas ecoavam pelos corredores enquanto as outras subiam as escadas para seus quartos, ansiosas pelo descanso.

— Mentira! Não sabia que você também cantava, achei que só tocava guitarra — exclamou Chaewon, surpresa, com os olhos arregalados, enquanto suas mãos delicadamente pousavam sobre os ombros de Yunjin, que a encarava com um sorriso tímido.

Agora, as duas amigas estavam no quarto. Elas estavam sentadas na cama, uma de frente para a outra, em meio a travesseiros macios e cobertas levemente amassadas. O ambiente exalava uma sensação de intimidade, como se o mundo lá fora tivesse ficado em pausa.

— Pois é — respondeu a ruiva, com um sorriso tímido se formando nos lábios, enquanto seus dedos brincavam com a franja de seu cabelo. A risada suave que escapou de sua boca refletia uma mistura de nervosismo e orgulho contido.

Chaewon, por sua vez, observava a amiga com um brilho no olhar, suas mãos agora descansando sobre o colchão, como se temesse romper o momento mágico. A morena, com seus cabelos escuros caindo de forma desajeitada sobre os ombros, sentiu o calor subir para o rosto enquanto se lembrava da primeira vez que havia visto Yunjin.

— Sabe, a primeira vez que eu te vi na faculdade foi no show de talentos. Fiquei encantada naquele dia — confessou Chaewon, com a voz hesitante, como se cada palavra fosse um segredo que escapava sem permissão. Ao perceber o impacto de sua própria confissão, sentiu suas bochechas queimarem de vergonha, desviando o olhar por um breve momento.

— Então você gostou mesmo? — perguntou Yunjin, com uma leve incredulidade na voz. — Mesmo cursando música, às vezes sinto uma certa insegurança ao tocar ou cantar na frente de outras pessoas. Isso me alegrou muito — admitiu a mais nova, um sorriso pequeno e genuíno iluminando seu rosto, que agora parecia ainda mais suave à luz cálida do abajur ao lado da cama.

— Claro que gostei! — respondeu Chaewon com entusiasmo, seus olhos voltando a encontrar os de Yunjin com uma intensidade que a surpreendeu. — Afinal, foi através daquela apresentação que te conheci. Imagina se eu não tivesse ido naquele dia... Talvez nós nunca teríamos nos encontrado. — As palavras saíram mais leves dessa vez, carregadas de uma certeza serena, como se aquele encontro tivesse sido um ponto de virada em suas vidas.

Sem aviso, Yunjin, que até então mantinha uma postura mais retraída, se aproximou num movimento impulsivo, envolvendo Chaewon num abraço caloroso. O contato inesperado fez ambas rirem de forma espontânea, o som ecoando pelo quarto como uma melodia sincera. A mais velha fechou os olhos, sentindo o conforto daquele momento, enquanto o coração batia um pouco mais rápido.

A verdade era simples: Chaewon amava o jeito sincero e transparente de Yunjin, cada palavra carregada de uma honestidade que a fazia se sentir segura. Por outro lado, Yunjin admirava profundamente a timidez doce de Chaewon, que parecia guardar um oceano de sentimentos atrás de seus olhares discretos. Juntas, elas se completavam, como peças de um quebra-cabeça, cada uma trazendo à outra algo que nem sabiam que precisavam.

O silêncio que se seguiu foi confortável, o tipo de silêncio que apenas duas pessoas conectadas conseguem compartilhar.

[...]

— Sabe, Kazuha, às vezes me sinto culpada por ter contado isso para todo mundo daqui, menos para a Chaewon. — Yunjin, com os cabelos ruivos refletindo a luz suave da cozinha, segurava um copo de água entre os dedos, os olhos fixos no balcão de mármore. Sentada de frente para Kazuha, que exibia sua habitual serenidade, os cabelos longos da japonesa caíam em cascata sobre os ombros, como se nada pudesse abalar sua calma.

Notas de um Encanto | PURINZOnde histórias criam vida. Descubra agora