Capítulo 26

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| Kenma Kozume
Passei as primeiras 78 horas do desaparecimento do Kuroo acordado.

Eu vasculhava cada canto da cidade a madrugada inteira, depois voltava para o galpão e virava o dia em frente ao computador procurando por ele.

Fechei os olhos por algumas horas depois de Bokuto esconder as chaves da minha moto, e não me deixar dirigir enquanto não dormisse um pouco.

No pouco tempo que "descansei" tive pesadelos horríveis com ele, um pior que o outro. Meus medos tomaram vida e me assombraram, me obrigando a assistir ele sendo torturado e morto várias vezes na minha frente. Acordei pingando suor, com o coração acelerado e as mãos tremendo.

Cada dia que se passava aquilo se tomava mais real, e a ficha começava a cair. Minha esperança de que iria trazê-lo de volta estava se desfazendo e tudo que minha mente pensava era em um jeito de voltar no passado e impedir tudo isso.

Eu não fazia ideia de quem tinha sido o responsável pelo o que aconteceu, mas a vontade de matar o desgraçado era o que me impedia de enfiar uma bala na cabeça e acabar com meu sofrimento.

Mas conforme os dias viraram semanas eu fui perdendo o foco, e a dor de saber que Tetsurō tinha sido morto por minha causa era tão insuportável que comecei a apenas existir.

Eu não comia, não dormia, não levantava até ser extremamente necessário.

Meu corpo estava aqui mas minha alma tinha sido levada para o inferno, e minha mente não era capaz de juntar dois mais dois.

-Kenma? - A voz suave de Akaashi surgiu junto com uma batida na porta do meu apartamento.

Me vi sentado no sofá, com uma roupa desgastada e um cigarro na mão.

Não sai do lugar, na esperança que ele fosse embora logo. Mas um barulho de chaves logo surgiu e ele e minha irmã passaram pela porta segundos depois.

Chaves reservas são um saco.

-Como você está? - Kyo se aproximou com cuidado, como se eu fosse um animal instável.

Quando ela chegou perto o suficiente para ver o estado das minhas roupas e cabelo, a garota torceu o nariz e fez uma careta.

-Keiji, me ajuda a dar um banho nele. -
Ela olhou em súplica para Akaashi e eles me ergueram do sofá. - Meu Deus, Kenma! Quando foi a última vez que você comeu? Você está...eu consigo sentir suas costelas!

Apenas aceitei, por mais que odiasse aquela situação, eu não tinha forças para lutar contra mais nada.

Enquanto a água do chuveiro caía sob meu rosto, minha mente vagava sem rumo até Tetsurō.

Ele estava morto, já tinham se passado semanas e nenhum sinal dele ou de quem fez isso.

Eu me odiava numa proporção absurda, sentia raiva de cada respiração que meu corpo dava. Odiava estar vivo, odiava estar com todos os membros intactos, odiava estar em segurança.

Senti um frio e só então tinha percebido que Kyo tinha desligado o chuveiro e jogado uma toalha em mim, me sequei como pude depois coloquei uma roupa que estava separada na pia.

Quando terminei encarei meu reflexo no espelho do banheiro, não reconhecendo o que via.

A imagem de Tetsurō invadiu minha mente e tomou meu lugar, e como um lunatico fora de controle eu soquei o espelho, fazendo tudo se quebrar diante de mim. Um grito sufocado rasgou minha garganta e eu disparei meu pulso mais uma vez contra os vidros quebrados, vendo meu sangue se espalhar por todo local.

Before A War For YouOnde histórias criam vida. Descubra agora