reencontro e revelações - capítulo dois

41 9 67
                                    

Já era de tarde em Salvador, e eu estava no meu quarto assistindo série. Que dizer...apenas observando a tela. Porque eu estava no mundo da lua. Meus pensamentos não me deixavam quieta! Pensava na menina da praia, pensava sobre minha sexualidade e pensava em falar com meus pais sobre isso.
Mas esses milhões de pensamentos estavam me atormentando, eu quero muito falar com eles! Mas o medo tomava conta de mim. Mas eu deveria criar coragem! Porque os meus pensamentos, era a dúvida do que aconteceria e os cenários falsos da minha cabeça, imaginado diferentes situações de mim e meus pais conversando.
Crio coragem e me levanto da cama, fecho o notebook e abro a porta do quarto, saindo em direção a sala onde meus pais trabalham.
A porta estava fechada como sempre, bato nela duas vezes, mas nenhum sinal de se abrir. Então eu mesma a abro.
Vejo somente minha mãe trabalhando, os papéis e documentos tomavam conta da mesa, e ela não tirava a cara da tela do computador.

-oie mãe, perdão em interromper seu trabalho, mas precisamos conversar!-falo tímida.

Ela me olha de um jeito frio e me encara sem nenhuma expressão.

-sim?-ela volta a olhar a tela.

-cadê o pai?

-precisou sair.-ela responde de um jeito frio.

-ok, eu queria falar com você sobre mim mesma. Eu preciso desabafar sobre meus pensamentos e espero de coração que você me entenda!

-não tinha como deixar isso pra outra hora?-ela volta a digitar.

-mas mãe, não tinha como você deixar de trabalhar por um minuto e me atenção?-falo um pouco triste, mas irritada ao mesmo tempo.

-Lisa, precisamos trabalhar duro para conseguir ter uma boa vida. Todas as pessoas com dinheiro são extremamente respeitadas. Dinheiro e poder são tudo!

-errado! O verdadeiro motivo da vida é encontrar sua felicidade!

-mas minha felicidade já encontrei, o dinheiro.-ela fala rindo. Você tem que entender isso Lalisa, pois eu jamais vou acreditar nessa besteira!

-não é besteira!-falo irritada.-você não me dá mais atenção igual antes mãe, nem o pai! Vocês estão me tratando como se eu fosse apenas uma pessoa desconhecida pra vocês! Como se eu fosse nada!

-ME ESCUTE LALISA! ENQUANTO EU TRABALHAR DURO POR DINHEIRO, NOSSA FAMÍLIA NUNCA SERÁ VISTA COMO INFERIOR!

-OK.-falo enquanto seguro o choro.

Saio da sala e fecho a porta forte, com certeza ela me xingou. Mas eu já estava muito longe pra ouvir qualquer palavra dela.
Entrei no quarto e sabia que não aguentaria ficar ali, só pensando nessa discussão e chorando! Então olhei pela janela e ainda era sol, e resolvi andar de bicicleta, pois sair de casa é uma forma de me libertar dos meus pensamentos horríveis. Me olho no espelho e estava de vestido branco e uma papete. Nada demais, só queria sair dali quanto antes.
Saio do meu quarto, desço as escadas, vou até a sala e finalmente saio dali e fecho a porta, vou até o quintal e pego minha bicicleta, passo pelo portão de casa e ali vou eu.
Pedalando pelas ruas de Salvador, sentindo o vento balançar meus cabelos, enquanto vejo crianças brincando nas calçadas e cachorros caramelos. Logo chego na praça e vejo diversas barracas e pessoas. Era feira. E é claro que eu iria passar pra dar uma olhada.
Deixei minha bicicleta por ali perto, e fui até a feira. Via diversas barracas e vendedores, pessoas andando pra lá e pra cá, principalmente crianças.
Pera, alguma daquelas crianças era reconhecível...
VITÓRIA?

-e essa é a lenda da comadre fulozinha.

-nossa, que medo João!-Vitória fala assustada.

-já pensou se ela aparecesse aqui agora?-ele fala rindo.

La belle de jour (Chaelisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora