Capitulo Treze; Deixar o Orgulho

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"Deixar o orgulho de lado pode ser uma das coisas mais difíceis que fazemos, mas o alívio que vem em seguida é libertador. O peso do ego sai dos ombros, e podemos nos permitir viver com mais leveza, sem as correntes da vaidade nos prendendo."

— Rick Warren, Uma Vida com Propósitos



Morningstar finalmente se via libertado. O peso que antes carregava sumiu. Todas as suas angústias o deixaram, mesmo que tivesse passado por uma vergonha em seu casamento. Estava contente; Harfelt o amava de volta, e isso era o que importava. Lilith não conversara mais com ele, apenas enviou uma mensagem para marcarem um dia para assinar o divórcio. O tiro no peito já não era mais um problema, a cicatriz havia se fechado por completo.

Essas cicatrizes o ajudaram a não errar em suas próximas decisões. Foi preciso doer para que ele não sofresse mais. Foi necessário mexer na ferida para que ela cicatrizasse. Foi fundamental perceber que estava à beira de um abismo para pedir ajuda. Foi necessário um ato de coragem e a confissão de seus erros. E, acima de tudo, foi preciso ser sincero consigo mesmo.

Foi necessário se amar para reconhecer o próprio valor.

Semanas se passaram desde o incidente na cerimônia. Junho havia chegado, marcando o início do verão. O clima era agradável, simbolizando o começo de uma nova era. Lucifer havia mudado em alguns aspectos, e essa mudança, embora sutil, era real. O divórcio já estava assinado, e ele olhava para frente, aproveitando o presente e a felicidade do momento. Charlie viria visitá-lo nos fins de semana, o que seria maravilhoso. E Alastor estava sendo mais aberto com ele. Tudo parecia perfeito.

— Você! É a vergonha desta família! — O homem barbudo, de cabelos loiros, cuspia palavras cruéis ao filho. — Minha cara está em todas as notícias! Tudo por causa daquele seu showzinho ridículo! — Ele empurrou Lucifer, afrontando-o. Michael, mais atrás, desviava o olhar para a parede do apartamento, os olhos cheios de preocupação pelo irmão.

— Se você veio para brigar, pode ir embora AGORA! — Lucifer apontou para a porta, seus dentes rangendo de frustração.

— Oh, não, não! Agora você vai escutar, seu pestinha! — O homem agarrou os ombros de Lucifer, impedindo-o de se afastar. — Primeiro, você quis casar com aquela mulher, e agora está transando com homem?! Qual vai ser a próxima? Vai largar sua carreira e sair por aí vestido de travesti?! — Ele empurrou Lucifer novamente. — Destruiu a minha reputação! Tudo culpa daquele crioulo de merda! — O homem cerrou os dentes, encarando o filho de cima a baixo. A veia na testa de Lucifer latejava.

— Como você ousa falar assim do Alastor?! Tá maluco? Eu nunca pedi pra ser seu filho! Ser filho de um escroto como você! — Ele rosnou, apontando para o pai, que recuava com o rosto enraivecido. — Eu sou adulto! Sei das minhas escolhas! E vou ficar com quem eu amo! — Ele chutou a canela do pai, que gemeu de dor, inclinando-se para tocar o local dolorido.

Nesse instante, a porta da entrada se abriu, e Alastor entrou carregando sacolas. Nenhum dos dois envolvidos na briga percebeu sua chegada.

— Querido, eu posso fazer a jan... — Alastor interrompeu a fala ao perceber o pai de Lucifer em frente a ele.

— A partir de agora, você não faz mais parte desta família! Você não é mais um Morningstar! Está expulso! — O homem agarrou as bochechas de Lucifer, aproximando-o de seu rosto. — E não ouse pedir ajuda pra minha família, senhor Morningstar! — Ele gritou, soltando o filho, que, por um breve momento, ficou paralisado pelo choque.

— SAI DA MINHA CASA! — Lucifer gritou com lágrimas nos olhos, expulsando-os. Michael puxou o pai para evitar que a situação piorasse, saindo rapidamente do apartamento.

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