Um novo Lar

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O sol já estava alto no céu quando a van preta da S.H.I.E.L.D. finalmente entrou no complexo dos Vingadores. Para os trigêmeos Wingrave, aquele era um dia de mudança radical. O futuro parecia incerto, mas Alexandra, Charlotte e Benedict estavam acostumados com o imprevisível. Haviam sobrevivido sozinhos por tanto tempo que o conceito de lar ainda parecia estranho, uma ideia abstrata que nunca experimentaram de verdade. No entanto, agora estavam sendo trazidos para o centro do maior grupo de heróis do mundo. Uma nova vida os aguardava — mesmo que nenhum dos três soubesse o que esperar.

Dentro do veículo, Alexandra, ou Alex, como preferia ser chamada, olhava para fora, observando as árvores que passavam rapidamente pela janela. Ela não era de falar muito, mas, por dentro, seu coração estava acelerado. Ser adotada por Steve Rogers e Natasha Romanoff não era algo que ela teria imaginado nem nos seus sonhos mais loucos. Estava nervosa, mas também animada. Talvez, pela primeira vez, sentisse que poderia pertencer a algum lugar.

Charlotte, ou Lottie, estava sentada ao lado de Alex, balançando uma das pernas impacientemente. Ela adorava novidades, e aquela situação era, sem dúvida, a maior aventura que já havia vivido. A possibilidade de morar com Tony Stark e Pepper Potts a deixava eufórica. Ela já tinha visto a cobertura de Tony na televisão, suas aparições públicas, e mal podia esperar para ver de perto o estilo de vida de uma família que claramente se destacava em tudo o que fazia.

Benedict, por sua vez, estava mais afastado, com os braços cruzados e o olhar fixo no chão do carro. Ele não queria estar ali. Na verdade, estava furioso. Para ele, aquela ideia de adoção era uma prisão disfarçada de caridade. Suas irmãs podiam estar felizes com a nova perspectiva de vida, mas Ben não confiava nos adultos. Nunca confiou, e não seria agora que começaria.

Quando o veículo finalmente parou, Nick Fury saiu da frente e abriu as portas da van. — Chegamos — anunciou ele, sem cerimônia.

Os três adolescentes saíram, observando a enorme estrutura que se erguia à sua frente. O prédio era imponente, com janelas de vidro espelhado que brilhavam à luz do sol. O logo dos Vingadores destacava-se em um dos lados do prédio, como uma marca de segurança e poder.

Steve Rogers e Natasha Romanoff estavam esperando na entrada, ao lado de Tony Stark, Pepper Potts, Clint Barton e Bruce Banner. Alex e Lottie trocaram um olhar rápido e se adiantaram, enquanto Ben ficou mais para trás, hesitante, observando o grupo de heróis como se eles fossem potenciais inimigos.

— Bem-vindos! — disse Steve, sorrindo, enquanto Natasha o observava com um leve aceno de cabeça. — Espero que se sintam em casa.

Lottie foi a primeira a se aproximar, com um sorriso brilhante no rosto. — Isso aqui é incrível! — exclamou, seus olhos azuis piscando de excitação. — Eu sou Charlotte, mas podem me chamar de Lottie.

Tony sorriu, claramente gostando da energia da garota. — Bem, Lottie, acho que você vai se dar bem por aqui.

Alex seguiu mais silenciosamente, mas deu um leve sorriso para Natasha e Steve, acenando com a cabeça em cumprimento. — Alexandra. Mas podem me chamar de Alex.

— Prazer em conhecê-la, Alex — disse Natasha, dando-lhe um olhar de aprovação. — Tenho certeza de que vai gostar daqui.

Clint, por sua vez, manteve os olhos em Benedict. Ele já sabia que o garoto seria o mais complicado de todos. Com os braços cruzados, Ben permaneceu no mesmo lugar, observando-os com uma mistura de desconfiança e desprezo.

— E você deve ser o Ben, certo? — perguntou Clint, dando um passo à frente.

— Benedict — corrigiu o garoto, seu tom gelado. — Só Ben para as minhas irmãs.

Clint trocou um olhar com Bruce, que estava ao seu lado. Aquilo ia ser mais difícil do que imaginava. Ele deu de ombros e decidiu não pressionar mais por enquanto.

— Vamos levá-los para dentro e mostrar onde vocês vão ficar — sugeriu Natasha, já começando a andar em direção à entrada.

Os trigêmeos seguiram os Vingadores para dentro do prédio, cada um com seus próprios pensamentos girando em suas cabeças. Quando entraram, ficaram surpresos com o quão moderno e espaçoso era o local. As paredes de vidro permitiam que a luz natural inundasse os corredores, e havia uma sensação de segurança e conforto que era difícil de ignorar.

— Antes de tudo, Bruce aqui vai fazer um check-up em vocês — disse Tony, apontando para Bruce Banner. — É só uma formalidade. Precisamos garantir que vocês estejam com a saúde em dia.

Lottie e Alex assentiram. Elas sabiam que isso era necessário, então não havia motivo para se opor. Bruce as conduziu para uma sala médica ampla, com todos os equipamentos necessários.

Lottie foi a primeira a sentar na cadeira. Bruce preparou tudo rapidamente, com mãos cuidadosas e um sorriso tranquilizador no rosto. — Só vou tirar um pouco de sangue para exames e aplicar duas vacinas que vocês ainda não tomaram — explicou ele, tentando parecer o mais acolhedor possível.

Mesmo nervosa, Lottie respirou fundo e assentiu, permitindo que Bruce fizesse seu trabalho. Quando a agulha entrou, ela fechou os olhos com força, mas permaneceu quieta. Alex, por sua vez, foi um pouco mais tensa. Não gostava de agulhas, mas sabia que era necessário. Ela suportou o processo com um pequeno tremor, mas logo relaxou quando tudo terminou.

Então, chegou a vez de Ben.

— Sua vez, Ben — disse Bruce gentilmente.

Mas o garoto não se moveu. Ele permaneceu parado ao lado da cadeira, com os olhos fixos em Bruce.

— Eu não preciso de nada disso — murmurou Ben, cruzando os braços novamente.

— É só um check-up — Bruce tentou, ainda paciente. — Nada demais, prometo. Vai ser rápido.

— Não — respondeu Ben, mais firme agora. — Eu não vou deixar ninguém me espetar com agulhas.

Clint, que estava ao lado, suspirou profundamente. Ele sabia que isso ia acontecer. Ben era cabeça-dura, especialmente quando se sentia forçado a fazer algo. Clint deu um passo à frente e colocou a mão no ombro de Ben.

— Ei, Ben, eu sei que você odeia isso. Ninguém gosta de agulhas — disse Clint, com um tom suave. — Mas é só por segurança, ok? Bruce é o melhor no que faz. Vai ser rápido, e então você pode seguir em frente.

— Eu disse que não, Urubu!— retrucou Ben, com os olhos fixos em Clint agora. Sua postura era desafiadora.

Clint suspirou novamente. Sabia que, em algum momento, precisaria ser firme. Ele olhou para Bruce e assentiu levemente.

— É Gavião, e desculpe, Ben, mas isso precisa ser feito.

Antes que Ben pudesse reagir, Clint o segurou pelos ombros e o empurrou suavemente para a cadeira, imobilizando-o com um aperto firme. Ben lutou, tentando se soltar, mas Clint era mais forte.

— Me solta! — gritou Ben, o rosto ficando vermelho de frustração. Mas Clint não cedeu.

Bruce agiu rápido, sabendo que quanto mais demorasse, pior seria. Ele tirou a amostra de sangue com precisão e aplicou as vacinas rapidamente. Ben cerrou os dentes, seus olhos ardendo de raiva.

Quando tudo terminou, Clint soltou Ben, que se levantou da cadeira de um salto, respirando com dificuldade.

— Odeio todos vocês — murmurou Ben, lançando um olhar assassino para Clint e Bruce antes de sair da sala rapidamente.

Clint observou o garoto sair, uma pontada de dor no peito. Sabia que Ben não estava sendo realmente sincero, mas aquilo ainda doía.

— Ele vai se acalmar — disse Bruce, colocando os frascos de sangue em um recipiente. — Só precisa de um pouco de tempo.

Clint suspirou, esfregando a nuca. — Espero que sim.

Um Pedido InusitadoOnde histórias criam vida. Descubra agora