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A única coisa que fazia nos últimos dias era dormir,  era a única maneira de fugir a esta realidade complicada e criar um mundo alternativo, este que me dava alguma esperança, que me deixava sonhar com a vida que queria antes de ser apanhada numa cena que não planeei pertencer. 

Dou um leve grito quando me assusto com a entrada do Luke no quarto, devido ao nível grande de distracção que estava no momento e rapidamente a minha visão foca-se numa grande mala, que parecia mesmo aquele que deixei ficar em casa com todos os meus pertences dentro da mesma.

"As tuas coisas." ele explica e a raiva apodera-se de mim.

"Tu foste, não acredito Luke." grito sem fazer qualquer movimento.

"Tu ainda estás ferida e não vais sair daqui, já devias saber." riposta  rapidamente num tom frio e severo. 

Este começa a caminhar lentamente na minha direcção, e com gentiliza que nunca tinha visto antes, remove as cordas ásperas e apertadas que prendiam os pulsos. Sem me dar chance de fazer qualquer movimento gira o meu corpo e retira um tesoura do seu bolso e de seguida corta a parte traseira do meu vestido.

"Era mesmo isto que eu queria." atiro com o tom mais sarcástico que encontrei no momento.

Os seus dedos correm as minhas de encontro á minha ferida que neste momento não deveria estar muito bem.

"Não grites." avisa e uma compressa encharcada de água oxigenada toca de leve no golpe fundo, que tantas dores me tinha dado nos últimos dias, o meu corpo rapidamente reage à dor e o Luke reage com a mesma rapidez sentando-se em cima do meu rabo. "Assim não te mexes."

A compressa tocava lentamente do meu ferimento e o Luke sorria com as caras que fazia e manda-me calar. Nunca fui boa a suportar dor física, qualquer ferida para mim já era motivo para um drama e uma pequena dor de cabeça já era uma doença rara que podia matar, isso era o que me fascinava e ao mesmo tempo assustava, o nosso corpo é tão fantástico, esconde milhões de segredos, é regrado e nunca pode falhar e nós estamos sempre a não cumprir os pequenos tratamentos que ele nos pede.

"Podes tomar banho naquela casa de banho." avisa enquanto põe umas toalhas na casa de banho do quarto onde me encontrava. "E sim, eu vou trancar a porta do quarto." 

***

Agora começava a sentir o que era a verdadeira liberdade quando os meus pulsos estavam finalmente livres, assim que a água atinge o meu rosto, a verdadeira Chloe despertou para o que estava realmente a acontecer e milhões de questões vieram a minha mente e com estas, o momento perfeito para perguntar ao loiro de olhos azuis a resposta para cada uma delas. 

***

Assim que saiu do banho, ouça vozes vindas da porta e encosto-me a esta na esperança de ouvir algo.

"Nunca foste bom em FIFA." um voz completamente desconhecida diz e seguida desta várias gargalhadas e frases como "És fraco." e "Não és homem." são usada para fazer troça de alguém.

"Quem enrola este?" uma voz mais doce soa também, é fácil perceber que ambas vêem de pessoas do sexo masculino e também consigo ouvir uma voz mais grossa que não consigo perceber nitidamente o que este diz.

Depois de algum tempo a ouvir discussões de qual seria o novo jogo que iriam jogar consigo perceber que são mais 3 pessoas e o Luke, mas logo os meus pensamentos são cortados com pequenos acordes de guitarra surgem, alguém começa a cantar e ia a bateria surge também. Corro para a minha cama pois apercebo-me que as vozes estão mais perto e junto com elas o cheiro intenso a drogas atinge as minhas narinas. Apesar de não ser adepta destas fugas á relidade, sei perfeitamente destingir este cheiro do tabaco comum, pois o meu passado escondia várias histórias com estas que não quero recordar.

***

Entre imensos gritos e várias música tocas o som de vários objectos a partir dominam o silencio da noite, o que me deixa um pouco assustada pois já conseguia perceber a quantidade de álcool e droga consumida pelos rapazes que se encontravam na casa do loiro que aqui me aprisionou.  

O som e vidro a quebrar contra o chão fazia-me arrepiar e o impacto dos móveis com o chão faziam o meu corpo dar leves saltos de susto.

***

Depois de muitas horas de grande ruído, finalmente caiu num sono profundo e o banho que tinha tomado anteriormente ajudou imenso a ter um noite mais relaxada. Aos poucos acordo com vozes vindas da divisão ao lado que facilmente as reconheço como sendo o timbre dos rapazes da noite anterior.

"Porque a trouxeste?"  a voz rouca e grave pergunta. "Quebraste as tréguas Luke." acrescenta e alguma raiva é evidente no seu tom. 

"Não sei o que fazer agora." o Luke responde e uma pontada de preocupação atinge-me, pois eu fui colocada nisto sem querer e afinal não sou a única e não saber o que fazer.

"Temos de nos livrar dela, ainda não percebi porque não a deixaste lá." outra pessoa diz e esta tem um sotaque forte e uma voz doce mas eu mesmo tempo forte. 

"Ela só nos vais trazer problemas." outro tipo de voz diz e esta é engraçada e apesar da tensão consigo perceber que o seu tom é sempre com algum humor.

Ouço passos em direcção à minha porta e volto-me a deitar fingindo que estava a dormir. 

Os meus olhos semi-serrados conseguem perceber na figura alta e magra de Luke em frente à cama e este carregava um tabuleiro com o meu pequeno almoço. O pequeno pedaço de madeira e cuidadosamente pousado na mesa de cabeceira que seguia a cama preta e o rapaz de cabelos dourados senta-se à minha frente passando a mão no meu rosto e a sensação da sua mão áspera com a minha pele macia faz uma sensação no fundo da minha barriga crescer. Ele pega numa mexa do meu cabelo e coloca para trás e mesmo com os olhos fechados consigo perceber que ele está prestes a dizer algo o que me deixa com algum medo.

"O que será que vou fazer contigo?" finalmente diz seguido de um profundo suspiro. 

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A versão em inglês está disponível no perfil da softpunk99.

love u,xx.

Bulletproof || l.h.Onde histórias criam vida. Descubra agora