Sinopse: Enid vai para Jericó com os amigos, mas volta muito tarde. Tendo que se explicar a Wednesday, sua namorada.
Pov Wednesday
Estou atualmente em meu dormitório, imerso na elaboração de meu livro. Dediquei o dia por completo à escrita de meu romance, com a ambição de chegar ao desfecho da vida do protagonista até o final da próxima semana. Hoje é sábado, e a maioria dos excluídos de Nevermore, incluindo Enid, foram para Jericó. Assim, poderei desfrutar de um ambiente tranquilo, sem as interrupções incômodas das melodias exóticas daquelas bandas asiáticas que Enid aprecia incessantemente; apenas a serenidade reina.
Após algumas horas de intensa concentração, lancei meu olhar para o relógio, que assinalava a décima segunda hora. O sol já a se por, cedia espaço à suave escuridão da noite, e a presença da lua começava a se insinuar no horizonte. Enid ainda não havia retornado. Embora eu valorize minha solidão, a presença de Enid provoca em mim uma intrigante fusão de sentimentos. Ademais, um leve sentimento de preocupação começou a assolar minha mente, mesmo que eu jamais admitisse tal fraqueza.
Estava a meros cinco minutos da décima quarta hora e já havia finalizado minha escrita, realizado minha higiene pessoal e me acomodado para o repouso.
Entretanto, um sutil ruído captou minha atenção: a maçaneta se movia timidamente, como se alguém buscasse adentrar de forma furtiva. A porta se abriu, revelando Enid, que retornava, trajando a mesma vestimenta que havia escolhido pela manhã. Ela adentrou o espaço em passos cautelosos, desejando preservar a discrição.
Entretanto, o desejo de chegar sorrateiramente no dormitório não obteve sucesso; não demorou muito para que, em um momento de desatenção, Enid pisasse de forma inadequada e tombasse ao chão com uma suavidade que, ressoou como um estrondo na madeira.
Cansada de simular um sono profundo, acendi a luz ao meu lado, revelando a imagem da loira estendida pelo chão.
- Enid, erga-se - declarei, dirigindo-me à própria personificação do arco-íris disposta no chão.
Enid levantou-se, com uma expressão de um cachorrinho abandonado, um misto de desamparo e travessura.
- Oi, mi amor - proferiu com um timbre desajeitado, como a inocência infantil após uma travessura.
- Já é tarde, qual é a razão de sua chegada nesta hora? - indaguei, fitando-a com um olhar que transpunha profundidade e indagação.
- A Yoko e a Divina decidiram assistir a uma sessão de cinema depois de nossa visita ao parque - articulou Enid, seu tom de arrependimento era perceptível.
- E o celular? Não me enviou mensagem, por qual motivo? - questionei, a curiosidade manifestando-se em meu semblante.
- Ele descarregou - esclareceu, tirando o aparelho de seu bolso, o qual se apresentava apagado e inerte.
- Ok - disse, aproximando-me de Enid, posicionando-me diante dela - Você se feriu?
- Apenas meu joelho está dolorido, mas não é nada preucupante - respondeu, enquanto eu lançava um olhar atento à sua articulação, notando um leve hematoma presenciando o roxo que se formava.
- Irei buscar gelo na cozinha, lá embaixo. Enquanto isso, tome um banho, cuide de sua higiene e prepare-se para dormir. Logo após, aplicarei o gelo em seu joelho - sugeri.
A loira apenas assentiu, aceitando as instruções com uma obediência silenciosa, perdida em seus próprios pensamentos.
(...)
Ao adentrar meu dormitório com o gelo, deparei-me com Enid, que se encontrava sentada, com um pijama da Hello Kitty, envolta em um de seus adoráveis bichinhos de pelúcia. Movimentava os pés com a inocência de uma criança, uma cena extremamente delicada que eu jamais imaginei que despertaria em mim tal apreço.
- Mi cariño? - chamou-me Enid, despertando-me de meu devaneio - você ficou parada do nada.
- Estava te admirando, mi amor - respondi, notando que o rosto de Enid começava a ruborizar. Aproximei-me dela, levando o gelo, e acomodei-me à sua beira. - Posso? - solicitei permissão para posicionar o gelo sobre o hematoma em seu joelho.
- Claro.
Coloquei o gelo gentilmente sobre o joelho de Enid e observei seu semblante mudar para um gesto de leve desconforto.
- Segure - disse, colocando o gelo em sua mão e orientando-a a aplicar sobre a contusão.
Dirigi-me então à minha parte do quarto, onde tomei uma pelúcia que representava uma loba, a qual havia pedido ao mãozinha para providenciar no dia anterior. Almejava presentear Enid naquela manhã, mesmo sem que houvesse uma data comemorativa em vista; é um verdadeiro deleite agradá-la, independentemente da ocasião.
Segurando o urso com firmeza nas costas, retornei ao encontro de Enid, que mantinha-se absorta em aplicar o gelo sobre sua pele.
- Mi cariño - chamei-a - Um presente - falei de maneira direta, estendendo a pelúcia da loba, ciente de minha incapacidade de preparar uma surpresa elaborada ou um discurso precedendo a entrega.
- Que linda, wed! - exclamou ao abraçar o novo bichinho - Te amo muito - disse, envolvendo-me em um abraço caloroso.
- O sentimento é recíproco, mi amor - respondi, selando-a com um beijo suave em sua bochecha.
- Vamos dar um nome a ela - sugeriu, perdida em pensamentos por um breve momento - Que tal Willow?
- A sua escolha, mi amor.
- Então será Willow! - respondeu, expondo um sorriso bobo que se estendia de orelha a orelha.
(...)
Alguns minutos se passaram, o gelo que aliviara a dor de Enid já havia se esgotado, e estávamos nos preparando para o sono, cada uma em sua respectiva cama.
- Bons pesadelos, Enid - desejei, ao apagar a luz.
- Bons sonhos, wed.
...
Após alguns momentos, ouvi passos se aproximando de minha cama.
- Wednesday - chamou-me Enid - você está acordada?
- Não, estou dormindo - respondi de maneira sarcástica.
- Posso dormir com você? - abri os olhos e encontrei o olhar pidão de Enid.
- Tudo bem, pegue seu travesseiro e venha.
Enid dirigiu-se a seu lado do quarto e pegou seu travesseiro rosa decorado com unicórnios.
- Pronto - anunciou Enid. Fiz espaço na cama para que ela pudesse se deitar ao meu lado.
Ao se acomodar, Enid ocupou um espaço maior do que o que lhe havia sido disponibilizado, agarrando-se a mim com uma suavidade adorável.
- Boa noite e bons sonhos novamente, cara mia - disse ela.
- O mesmo. - fechei os olhos, aninhando-me contra Enid, repousando meu rosto em seu pescoço, donde emanava o intenso perfume de algodão doce, cujo o doce, apesar de marcante, me dava uma sensação de segurança e proteção.
Adormeci alguns minutos depois, pela carícia suave que Enid fazia em meus cabelos.
.
.
.
não esqueçam de votar ☆!