Laços Invisíveis

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Música: Holocene by Bon Iver

Athena acordou naquela manhã com a sensação de que estava prestes a descer em um território desconhecido. Desde que conhecera Tom, sua vida parecia ter sido reconfigurada de uma forma que ela ainda não entendia completamente. Era como se houvesse uma nova gravidade ao seu redor, puxando-a para direções que ela não controlava. Ele era, sem dúvida, a fonte dessa mudança.

Enquanto se arrumava para o dia, ela se pegou refletindo sobre as palavras dele na noite anterior. Tom tinha a habilidade de se comunicar de uma forma que a fazia sentir compreendida, mas ao mesmo tempo, questionada. Não havia nada óbvio em suas conversas, nenhuma maldade aparente, e ainda assim, ela sentia uma tensão, uma leveza que nunca sabia se era parte do charme dele ou algo mais profundo que ainda não conseguia tocar.

Quando seu telefone vibrou em cima da mesa da cozinha, ela soube instantaneamente quem era antes mesmo de verificar. Suas mensagens já haviam se tornado uma rotina para ela.

Tom:
"Oi. Pensei em você a manhã toda. Que tal uma caminhada no parque? Eu conheço um lugar que você vai adorar."

Ela sorriu, sentindo um calor confortável percorrer seu corpo. Ele sempre tinha um jeito de aparecer nos momentos certos, com os convites perfeitos, e era difícil resistir. Apesar do mistério que ele carregava, Tom também tinha um lado surpreendentemente simples. Passeios tranquilos, conversas casuais sobre a vida. Ele parecia equilibrar o enigma com uma sinceridade que a desarmava.

Athena:
"Eu adoraria. A que horas?"

Tom:
"Em uma hora. Te busco no mesmo lugar de sempre."

Ela mal teve tempo de se preparar antes de ouvir a buzina suave do carro dele na frente do prédio. Quando saiu, encontrou Tom apoiado no capô do carro, usando uma jaqueta leve e óculos de sol que o deixavam com uma aparência relaxada e acessível. Ele sorriu ao vê-la, e ela sentiu aquela mesma onda de nervosismo e excitação.

— Pronta para o melhor dia da sua semana? — ele perguntou, abrindo a porta do carro para ela.

— Não me faça promessas que não pode cumprir — brincou Athena, entrando no veículo.

Ele riu, fechando a porta com um gesto casual antes de entrar no lado do motorista. — Ah, você vai ver. Eu nunca faço promessas que não posso cumprir.

O parque que ele mencionara era mais isolado do que ela esperava, mas de uma beleza impressionante. Havia trilhas arborizadas, com folhas caindo suavemente ao vento e o som distante de pássaros ecoando pelas copas das árvores. O céu estava limpo, e o sol penetrava pelas folhas, criando manchas douradas no chão. Era o tipo de lugar que, de alguma forma, parecia fora do tempo, intocado pelo caos do mundo.

Eles começaram a andar em um silêncio confortável, um ao lado do outro. À medida que avançavam pela trilha, a conversa fluía naturalmente. Tom falava sobre sua infância, mencionando brevemente como havia crescido cercado de expectativas e pressão. O tom dele era leve, sem amargura ou arrependimento, como se estivesse apenas contando uma história distante.

— Às vezes, sinto que a vida toda é sobre agradar as pessoas, sabe? — disse ele, chutando levemente uma pedra no caminho. — Mas, ao mesmo tempo, não tenho certeza de quem realmente estou tentando agradar.

Athena o observou por um momento, intrigada pela vulnerabilidade disfarçada naquelas palavras. — Eu acho que muitos de nós sentimos isso. Mas não é um fardo? Viver para agradar?

Ele sorriu para ela, os olhos brilhando sob a luz do sol. — Talvez. Mas eu não vejo isso como um fardo. É mais como uma dança. Você só precisa encontrar o ritmo certo. E a pessoa certa para dançar junto.

Passos Em Falso             Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora