Um novo capítulo

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O relógio marcava 23:30. Faltavam apenas trinta minutos para a meia-noite quando a porta do quarto foi aberta por Anne, que ajudava Carol a carregar Pri, visivelmente embriagada. Desde que saíram, foram a um barzinho perto do hotel, um lugar com o qual Carol já estava familiarizada. A loira, querendo aproveitar um pouco mais da noite, decidiu beber mais do que o habitual, alegando que precisava "relaxar".

As meninas colocaram Pri na cama, e ela pegou no sono rapidamente. Carol, com cuidado, tirou a jaqueta e os sapatos da amiga, cobrindo-a delicadamente com um edredom. Anne observava, preocupada, mas sabia que Pri ficaria bem. Enquanto isso, Thaisa foi a última a entrar no quarto. Ela estava do lado de fora, finalizando uma ligação com o marido, que estava viajando com a família em outro estado. Ao encerrar a chamada, entrou silenciosamente, deixando o celular sobre a mesinha de cabeceira, e caminhou até onde Gabi estava.

Gabi, a capitã, já estava dormindo, mas Thaisa notou de imediato os traços de choro em seu rosto. Os olhos ligeiramente inchados e as marcas nas bochechas denunciavam as lágrimas que haviam caído pouco antes de ela finalmente adormecer. Preocupada, mas respeitando o momento de descanso da amiga. Ela pegou uma coberta e gentilmente a colocou sobre a capitã, com Anne ajudando ao trazer um travesseiro para apoiar melhor a cabeça de Gabi.

- Ela parece ter chorado, não é? - Rosa sussurrou, aproximando-se das outras meninas com uma expressão de preocupação.

- Tudo isso deve estar pesando muito nela. Vocês sabem como foi difícil para Gabi superar toda aquela situação com Sheila. - Carol comentou, encostando a cabeça no ombro de Anne, enquanto olhava para Gabi adormecida, o semblante agora sereno, mas ainda refletindo o cansaço emocional.

- Melhor irmos descansar também. Amanhã é outro dia, e talvez possamos conversar com ela de forma mais calma. - sugeriu Anne, sempre prática, tentando aliviar a tensão.

As outras meninas concordaram com um aceno de cabeça, e todas foram para suas camas. O quarto era espaçoso e contava com três camas de casal. Carol e Anne dividiram uma cama próxima à parede, Pri estava na do meio, e Thaisa e Rosa dividiram a última. Cansadas após o longo dia, não demorou muito para que todas pegassem no sono. Thaisa, no entanto, foi a última a dormir, observando Gabi por alguns instantes, preocupada com a amiga, antes de finalmente se permitir descansar.

(...)

Enquanto isso, no outro quarto, Rebeca ainda se encontrava acordada, inquieta. As meninas da ginástica já dormiam profundamente. O quarto era semelhante ao das jogadoras de vôlei, também com três camas enfileiradas. Jade, Flávia e Júlia dormiam juntas em uma das camas, amontoadas como crianças cansadas após um longo dia. Lorrane ocupava a cama do meio, já imersa em sonhos tranquilos.

Rebeca, no entanto, não conseguia encontrar paz. Vestida com um conjunto de moletom, apropriado para a noite fria, ela se dirigiu novamente à varanda, onde as luzes da cidade piscavam ao longe, oferecendo uma espécie de conforto distante. Era a terceira ou quarta vez que ela se refugiava ali naquela noite, perdida em pensamentos que não conseguia afastar. O frio da madrugada começava a se intensificar, mas não o suficiente para que ela voltasse para dentro.

Suspirando, ela olhou para os pacotes de salgadinhos que as meninas haviam deixado espalhados pela mesa. Quase ninguém havia comido, a euforia da noite havia roubado o apetite do grupo. Rebeca recolheu os pacotes, organizando-os cuidadosamente para que pudessem aproveitar depois. A ação, simples e repetitiva, ajudava a manter suas mãos ocupadas, mas não conseguia afastar os pensamentos que dominavam sua mente.

Ela refletia sobre o que havia acontecido ao longo do dia, relembrando os olhares, as conversas e, principalmente, o momento em que decidiu se afastar de Gabi sem dar uma explicação. Agora, com a cabeça mais fria, questionava sua escolha. Talvez tivesse sido precipitada, talvez devesse ter voltado e conversado com Gabi. Afinal, não havia como ignorar o que estava acontecendo entre elas.

Entre saltos e saques (REBI)Onde histórias criam vida. Descubra agora