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pov narrador
Lorenzo
Em uma madrugada chuvosa na pequena cidade de Forks, Lorenzo estava deitado de barriga para cima em seu sofá cama, seus pensamentos eram um turbilhão, tão intenso que o som constante da chuva ficou irrelevante. Ele fechou seu par de olhos azuis amendoados e soltou um suspiro longo, tentando encontrar um pouco de paz e meio a sua confusão mental.
Duas batidas suaves na porta e interromperam sua busca por tranquilidade.

- Posso entrar? - era Edward, o mais próximo dos seus novos irmãos adotivos. Ele entrou no quarto com passos silenciosos, sentando-se na poltrona à frente do sofá - Como você tá?
Lorenzo abriu os olhos, hesitando antes de responder.

-Pensativo. - Ele deixou escapar um suspiro, o peso das palavras refletindo o estado de sua mente. Havia algo que facilitava a proximidade dos dois, talvez fosse o entendimento silencioso entre eles, a sensação de que, apesar de tudo, não estava sozinho. - Tudo isso...não consigo entender.

Edward assentiu lentamente, a compreensão refletida em seus olhos.
-E nunca vai entender completamente. Acredite, já vivi por 109 anos e ainda me perco em certos pensamentos. - Edward sorriu de forma triste, como se ele próprio fosse uma prova viva da confusão que estava tentando explicar. Lorenzo se sentou na borda do sofá, a frustração evidente em seu rosto.

- Como pode tudo ter virado de ponta cabeça tão rápido.- Disse com seu forte sotaque italiano e balançando a cabeça em descrença. - Parece que, num piscar de olhos, tudo que eu conhecia...desapareceu.

Edward estendeu a mão, colocando a firmemente sob o ombro de Lorenzo.
- Sabe o que é curioso? - Edward continuou com o meio sorriso nos lábios.- Mesmo na pior da situações, a gente não consegue sentir tristeza da mesma forma que os humanos. Não dá para chorar... E se você pensar bem, é quase uma benção. Humanos normais nunca conseguiriam passar por tudo isso.

Lorenzo deu uma risada curta, sem muito humor. - Você acha que um dia vou me acostumar com isso? Com...tudo?

Edward olhou pra ele por um momento antes de responder.
- Talvez não. Mas você vai encontrar uma forma de viver com isso. A imortalidade nos força a encontrar novas razões para continuar, mesmo que tenhamos que criar essa situações do zero.
-  Ele deu meio sorriso, como os tentasse injetar um pouco de otimismo na conversa.- Daqui a pouco vamos sair pra caçar, e a caça ajuda a focar, a liberar um pouco da tensão.

Lorenzo assentiu sentindo um leve alívio ao saber que não estava completamente só em sua luta. Edward se levantou dando o último olhar para o irmão antes de sair.
- Vê se não dorme.- Edward disse antes de sair do quarto e ambos riram da frase.

Cecília
O dia amanheceu úmido e fino com uma camada fina de neblina envolvendo a floresta ao redor da casa de Cecília. Pequenas gotas de orvalho correram pela janela de seu quarto, misturando-se com o céu cinza que prometia mais chuva. Sentada em sua penteadeira antiga de madeira, um item herdado da vó, Cecília passava a escova pelos seus cabelos castanhos claros que brilhavam e saltavam levemente com cada movimento, o cheiro de ovos mexidos e bacon subiu pelas escadas enchendo o quarto e trazendo um sorriso no rosto da garota.

- Filha! Desce aqui! - a voz de sua mãe soou no andar de baixo carregada com a familiaridade de todas as manhãs .Cecília rapidamente pegou sua mochila do chão, o peso dos livros fazendo ela cambalear um pouco e desceu correndo as escadas, cada degrau rangendo sobre seus pés.
Ao chegar na cozinha, o calor do fogão e o aroma do café fresco a receberam. Sua mãe Cris estava distribuindo os ovos pelos pratos com a precisão de todos os dias. Quando Cecília entrou, Cris virou-se com sorriso alegre no rosto.

- Olha quem veio te levar na escola! - disse com aquele brilho nos olhos que só as mães têm. De pé ao lado da mesa, com os braços cruzados e um sorriso largo, estava Leah. A diferença entre as duas era nítida: enquanto Cecília tinha a pele clara, os olhos verdes e o cabelo castanho claro, Leah era completamente diferente, uma morena com traços indígenas. Cecília sentiu seu coração aquecer ao vê-la.

Lua escura - Lorenzo ZurzoloOnde histórias criam vida. Descubra agora