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pov narrador
Cecilia

Cecília acordou na sala, enrolada em uma mantinha. O sofá era um lugar confortável, mas a confusão da noite anterior ainda pairava em sua mente. Ela se espreguiçou, tentando se lembrar como havia ido parar ali, e o sentimento de desorientação a atingiu. As memórias da reunião da tribo se aglomeravam, e a revelação do imprinting de Seth ainda a deixava atordoada. Como poderia algo assim acontecer com ela? Uma ligação tão forte, tão incontrolável, quando ela ainda estava se recuperando da perda do pai e tentando entender suas novas habilidades.

Após um momento, decidiu que precisava de ar fresco para clarear a mente. Vestiu uma blusa leve e um par de jeans, pegou uma jaqueta e saiu de casa sem fazer barulho, não querendo incomodar sua mãe, que ainda dormia.

Caminhando em direção à praia de La Push, os pensamentos de Cecília se misturavam com a brisa do mar. As ondas quebravam suavemente na areia, criando uma melodia relaxante. Mas, em vez de sentir paz, a beleza do lugar a fazia lembrar de Seth. O modo como ele a olhava, como se ela fosse a única pessoa no mundo, a deixava inquieta.

Ao chegar à praia, Cecília parou por um momento, observando o horizonte. O céu azul, uma raridade em Forks, e as ondas pareciam intermináveis, mas sua mente estava presa em um ciclo de dúvidas. Ela não queria se sentir assim, vulnerável e confusa, mas o imprinting a fazia questionar tudo. A última coisa que queria era que Seth sentisse que ela estava fugindo dele, mas também não queria dar esperanças que não poderia cumprir.

Enquanto estava perdida em seus pensamentos, ouviu passos na areia. Olhando para o lado, viu Seth se aproximando. Ele parecia nervoso, suas mãos inquietas, como se estivesse lutando contra seus próprios sentimentos. A presença dele a fez sentir uma mistura de alívio e ansiedade.

— Oi, Cecília — disse Seth, parando a poucos passos de distância. Sua voz era trêmula, e ele parecia hesitar antes de continuar. — Eu vi você aqui e pensei que talvez você quisesse conversar.

Cecília respirou fundo, tentando manter a calma. Ele parecia tão sincero, mas o que isso significava para ela?

— Sobre o que? — questionou, sentindo um nó no estômago.

Seth deu um passo à frente, a intensidade do olhar dele quase a fazia desviar os olhos.

— Sobre nós. O que aconteceu na reunião. Eu sei que é estranho e que você deve estar se sentindo... confusa. Mas eu não posso ignorar o que sinto. O imprinting... é real e muito forte para mim. Eu só quero te proteger.

Cecília olhou para ele, sentindo um misto de emoções. Ela sabia que não conseguiria ficar com ele; a ideia a assustava. Seth era muito fofo e atencioso, e a preocupação que ele demonstrava era admirável. Mas, ao mesmo tempo, doía saber que ele estava preso a um vínculo que não poderia corresponder.

— Seth, não é tão simples — disse, a voz falhando um pouco. — Eu... não sei como lidar com isso. Estou passando por tantas mudanças. Depois do que aconteceu com meu pai, eu não sei se estou pronta para outra ligação assim.

Seth franziu a testa, a expressão dele cheia de compreensão.

— Eu entendo. E não quero te pressionar. Mas não posso deixar de sentir isso por você. Eu só quero que você saiba que estou aqui, não importa o que aconteça.

Cecília sentiu uma onda de emoções. Era reconfortante saber que Seth se importava tanto, e isso a fazia se sentir mal. Ela queria que ele tivesse um imprinting com alguém que realmente pudesse gostar dele, alguém que não estivesse tão confusa e perdida.

— E se eu não quiser isso? E se eu não quiser me sentir presa a algo que não escolhi? — perguntou, o desespero em sua voz foi real, e isso fez Seth hesitar.

Lua escura - Lorenzo ZurzoloOnde histórias criam vida. Descubra agora