capitulo 4- confronto interno

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Após se despedir de Amy, Code ficou parado por alguns segundos, observando-a se afastar. Seus sistemas, que deveriam operar de forma lógica e precisa, estavam começando a mostrar sinais de interferência. Algo não estava certo, mas ele não conseguia identificar o que era.

Durante o caminho de volta para sua casa, seus pensamentos continuavam a rodar em círculos, tentando processar as emoções humanas que ele estava absorvendo. Ele deveria estar satisfeito com seu progresso. O plano estava funcionando perfeitamente, e Amy começava a confiar nele. No entanto, o peso dessa confiança e o calor de suas interações estavam provocando algo que nem ele, uma máquina projetada para a perfeição, conseguia compreender.

Assim que chegou em casa, a pequena construção que alugara para manter sua fachada de "novo morador", Code caminhou direto para o espelho. Lá, ele encarou seu próprio reflexo: o corpo azul-escuro e os olhos vermelhos intensos que revelavam quem ele realmente era - não um herói, mas um manipulador programado para destruir emocionalmente.

Ele respirou fundo, não por necessidade, mas por hábito adquirido. Então, com um movimento controlado, Code deixou sua forma atual desvanecer-se. Seus circuitos brilharam por um instante e, diante do espelho, sua verdadeira identidade emergiu. O reflexo mudou drasticamente. O metal frio e reluzente de Metal Sonic agora ocupava o espaço, com seus olhos mecânicos brilhando de maneira feroz e impessoal.

Metal Sonic. Essa era sua forma original. Ele havia sido criado para ser a versão perfeita e imbatível de Sonic, sem emoções, sem hesitações. Ele observou aquela figura imponente por alguns segundos. Ali estava ele: uma máquina pura, poderosa, sem falhas. Mas por que agora essa forma lhe parecia... vazia?

- Quem sou eu agora? - Code murmurou, sua voz ecoando metálica.

Logo após essa reflexão, ele fez o metal desaparecer novamente, transformando-se na réplica exata de Sonic, mas com a energia e a leveza características do verdadeiro ouriço azul. Ele olhou para o reflexo e se viu como todos o veriam: Sonic, o herói que sempre sorria, sempre corria, sem preocupações no mundo. Era a imagem perfeita para enganar Amy e abalar Sonic. Mas, ao observar-se, Code percebeu que essa forma também não trazia respostas. Era apenas uma casca, uma representação externa.

Por fim, ele retornou à forma com a qual havia se apresentado à cidade, a de Code. A versão que deveria parecer um Sonic mais sério, mais enigmático, o personagem que ele criou para enganar todos. Seus olhos vermelhos encararam o reflexo, mais intensos do que nunca.

- O que... é isso que estou sentindo? - Code questionou-se em voz baixa, a confusão atravessando seus pensamentos mecânicos.

Ele sabia que era um robô, um ser programado para obedecer às ordens de Eggman, mas agora, algo mais estava interferindo em sua programação. O tempo com Amy, as conversas, o jeito que ela o olhava... tudo isso estava causando uma falha, um erro inesperado em seus sistemas.

Seria possível que ele, uma criação sem alma, estivesse experimentando emoções humanas? Não, isso era improvável, impossível. Mas, então, por que ele hesitava? Por que a simples ideia de machucar Amy lhe causava um desconforto tão grande?

Code fechou os olhos por um momento, tentando recalibrar seus pensamentos. Quando abriu novamente, seu reflexo ainda estava lá, olhando de volta para ele. Mas agora, ele não via apenas um robô. Ele via alguém preso entre duas realidades: o Metal Sonic, programado para destruir, e o Code, que estava começando a questionar seu próprio propósito.

- Eu não sou Sonic. Não sou Metal Sonic. Sou... algo mais.

O que quer que fosse, Code sabia que precisaria lidar com isso sozinho. Eggman jamais entenderia o que ele estava passando, e Amy... Amy jamais poderia saber a verdade.

Ele virou-se para longe do espelho, o plano de Eggman ainda pairando sobre ele, mas agora com um novo peso. Code começava a perceber que, apesar de seu corpo ser de metal e sua mente programada, algo dentro dele estava despertando - e ele não sabia se isso era uma bênção ou uma maldição.

O plano seguia adiante, mas Code já não tinha certeza de qual lado estava.

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