𝕮𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟏𝟑- 𝑺𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒂𝒔 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒆𝒍𝒂𝒔

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O céu estava limpo e o calor do sol não era mais tão forte, dando lugar àquela brisa fresca que anunciava o fim de tarde. Amy e Code caminhavam por uma trilha entre árvores, o som leve das folhas balançando acompanhando os passos deles.

— Eu ainda acho que a pedra com cara de coruja foi a melhor — disse Amy, segurando um pedregulho pequeno com manchas curiosas. — Se eu der um nome pra ela, você promete não rir?

— Não sou bom em rir — respondeu Code, com aquela calma típica.

Amy riu sozinha.

— Ótimo, então vou chamar de Corujilda.

Seguiram andando, e Amy parecia tão à vontade que nem percebeu o quanto Code observava cada gesto seu. Era como se ela carregasse um tipo de energia difícil de entender, mas impossível de ignorar.

Mais à frente, Sonic estava sentado à beira de um pequeno lago, jogando pedrinhas na água.

— Olha só quem resolveu dar as caras — disse ele, quando os viu se aproximando.

— A gente estava explorando — respondeu Amy, animada. — E descobrimos uma rocha ancestral com poderes místicos. Ou só uma pedra fofa mesmo.

Sonic riu, mas seus olhos passaram rapidamente de Amy para Code, com uma expressão mais reservada.

— Code, chega aqui um instante.

Amy arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada.

Os dois se afastaram um pouco. Não muito, mas o suficiente para que pudessem falar em particular.

— Eu vou ser direto — começou Sonic, cruzando os braços. — Eu não confio em você. Não completamente.

Code não respondeu de imediato.

— Mas... você tá sempre por perto dela. Sempre calado. Sempre olhando. O que você quer, afinal?

— Ainda estou tentando entender — respondeu, sem hesitar.

Sonic o encarou por um longo tempo, e embora não dissesse mais nada, parecia como se estivesse avaliando cada palavra dita — ou não dita.

— Ela gosta de você, sabia?

Code baixou um pouco o olhar, pensativo.

— Eu sei.

Sonic deu um meio sorriso, mas não era amigável. Era de alguém que estava pronto para agir, se precisasse.

— Só não esquece disso.

Voltaram para onde Amy os esperava, sentada na grama. Ela fingiu que não estava prestando atenção, mas sua postura denunciava certa curiosidade.

Mais tarde, enquanto os três conversavam, Tails apareceu ao longe, sobrevoando em seu pequeno planador. Ele pousou com leveza e se juntou ao grupo com um sorriso simpático, mas discreto.

— Vim ver como vocês estão — disse ele, sentando perto de Amy.

Por fora, parecia tranquilo, mas por dentro Tails observava Code com atenção. Não era só curiosidade: ele estava analisando. Desde que o conheceu, algo naquele sujeito o deixava intrigado. O jeito contido, os movimentos precisos demais, e principalmente, o olhar — como se estivesse sempre medindo o ambiente.

Com um pequeno dispositivo em sua mochila, Tails discretamente ativou um escaneamento passivo. Nenhum alarme soou, mas os dados começaram a se acumular em silêncio. E os resultados... não batiam com o de um ser comum.

“Definitivamente não é só um ouriço qualquer”, pensou Tails, guardando o aparelho sem levantar suspeitas.

No fim da tarde, Tails se despediu com uma desculpa qualquer e voou de volta, deixando Amy e Code sozinhos sob a luz dourada do entardecer.

— Ele tá estranho, né? — comentou Amy, olhando para o céu. — Às vezes o Tails fica no modo "detetive". Deve ser coisa de gênio.

Code não respondeu. Estava mais atento a ela.

— Você ficou quieto depois que falou com o Sonic. Ele te disse alguma coisa?

— Ele se preocupa com você.

Amy o olhou de lado, pensativa.

— E você? Se preocupa comigo?

Code desviou o olhar por um instante, depois assentiu.

— Sim.

Amy sorriu, sem dizer nada por um tempo.

Quando a noite chegou, eles sentaram num campo aberto. O céu escuro estava pontilhado de estrelas, e uma lanterna jogava um brilho suave sobre o rosto dela.

— É bonito, né? — disse Amy. — Quando a gente fica quieto assim, parece que tudo faz sentido.

Code olhava para cima, depois para ela.

— Eu gosto do silêncio com você — disse.

Ela virou o rosto devagar, encontrando os olhos dele. Ficou alguns segundos ali, nervosa, os dedos entrelaçados sobre o colo.

— Você me deixa nervosa às vezes — confessou, a voz mais baixa. — Tipo agora.

— Por quê?

— Porque... eu não sei o que você vai fazer. E eu também não sei o que eu tô fazendo.

Ela respirou fundo, passou a mão no próprio cabelo, e depois se virou de vez.

— Mas quer saber?

Sem pensar muito, Amy se aproximou e encostou os lábios nos dele. Um beijo curto, suave e hesitante — mas cheio de sentimento. Quando se afastou, estava com o rosto completamente vermelho.

— Desculpa. Eu... eu não sei por que fiz isso.

Code ficou imóvel por um segundo, depois respondeu com calma:

— Você fez porque quis.

Ela riu nervosa.

— É, acho que sim. Isso é péssimo, né?

— Não. Foi... bom.

Amy mordeu o lábio, tentando esconder o sorriso. O silêncio entre eles dessa vez não era estranho — era cheio de algo novo, tênue, quase mágico.

— Que bagunça — sussurrou ela.

— Uma boa bagunça — completou ele.

As estrelas acima pareciam ouvir tudo em silêncio, enquanto os dois ficavam ali, apenas existindo no mesmo espaço, sem precisar dizer mais nada.

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