Capítulo 3 - Um lobo negro

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Rurik Aládio

O restaurante estava a mil por hora, e a atmosfera vibrante de domingo me envolvia em um turbilhão de atividades. Os risos e conversas dos clientes se misturavam ao tilintar de talheres e ao aroma delicioso dos pratos que saíam da cozinha. Mas, para mim, não havia tempo para apreciar isso; a responsabilidade de cumprimentar todos os investidores que apareciam era uma tarefa e tanto. Com um sorriso forçado, eu me movia entre as mesas, dando atenção especial a cada um deles, embora minha mente estivesse longe.

"Talvez eu consiga um momento para relaxar e comer algo doce mais tarde", pensei enquanto esfregava minha barriga. A verdade era que eu poderia me sacrificar por um cupcake de nozes agora. Um desejo incontrolável por doce tomava conta de mim, e o pior é que, na noite anterior, eu já tinha devorado todos os doces que comprei na confeitaria. Era um hábito que eu precisava controlar, mas quem consegue resistir à tentação quando o chocolate está chamando?

A mente vagando, chamei meu assistente.

Aládio: Kari, precisa que você verifique se aquela doceria está aberta. Quero alguns cupcakes de nozes e, ah, aqueles camafeus, sabe? Aqueles com castanhas e morango.

Kari: Aquela virando a esquina? Com a ruiva? — Ele sorriu, sabendo que a menção à confeitaria ia além dos doces. Era uma piada interna, mas que sempre me fazia rir.

Aládio: É isso aí! 

Kari: Você passa muito tempo lá, cara. Vai engordar!

Reprimi um sorriso. O jeito irlandês dele de falar sempre trazia leveza ao dia.

Aládio: Se eu engordar, eu te dou o restaurante, gênio! — A risada entre nós foi natural e descontraída, uma pausa necessária em meio ao caos. — Agora vá! Ah, e não se esqueça de perguntar o sobrenome do chef. Vou precisar pra minha pesquisa.

Assim que ele saiu, meu celular começou a tocar. O nome na tela me fez soltar um suspiro. Era minha irmã, Camika.

Aládio: Alô mana, já quer desistir da aposta? Sabe que vai perder, né? Eu tenho uma vasta experiência com doces.

Cami: Bom dia, Rurik! Você sabe que vai perder e está pensando em desistir antes da hora? Não, não! — Ela riu, uma risada contagiante que fazia meu coração ficar um pouco mais leve. — Tem que perder! Já tenho planos de comprar um sapato com o dinheiro.

Aládio: Ninguém me chama assim, Camika! Parece que está falando com o papai! — A piada era velha, mas nunca deixava de fazer graça. — Engraçadinha, pretendo gastar seu dinheiro com doces fantásticos! Enfim, me ligou por que?

Cami: Credo, maninho! Não precisa me chamar assim também! Você sabe que eu odeio esse nome. — Ela fez um som de nojinho, e não pude evitar rir novamente. — Liguei pra dizer que a primeira prova é hoje! Vamos fazer no restaurante?

Aládio: Pode ser, que horas? Já decidi o doce que vou levar, mas é segredo ainda.

O pensamento de levar um doce me fez imaginar a ruiva da doceria novamente. Como seria seu nome? Tantas vezes estive lá e nunca consegui descobrir. Havia algo em seu sorriso que me deixava intrigado.

Cami: Qual o horário mais tranquilo pra ti? Sei que hoje é um dia difícil, mas vamos ser rápidos. Inclusive, vou tentar levar minha amiga. Tudo bem?

Revirei os olhos. Fazia um século que Cami tentava me juntar com essa moça, e eu já havia aceitado sair para jantar com elas, mas a tal amiga nunca aparecia. Era tão viciada em trabalho quanto Cami e, para ser sincero, provavelmente magra demais.

Doce LiéOnde histórias criam vida. Descubra agora