Capítulo 2 - A melhor amiga

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Camika Kunz

Apesar de eu amar meu trabalho, juro que sair da cama quando meu marido maravilhoso continua lá é uma tristeza. Não se engane, o homem trabalha tanto quanto eu, mas hoje minha sogra chegará de viagem e, por conta disso, ele está em casa aguardando a chegada dela.

Estou tentando me animar para começar a analisar o dossiê de um possível cliente para a firma quando vejo meu irmão sair do elevador no fim do corredor onde fica meu escritório. Ele acena para minha secretária entrar na minha sala com no máximo 20 passos. Com meus scarpins, o caminho leva pelo menos uns 40 passos.

"Oi, mano, bom dia! O que faz aqui tão cedo? Você parece animado, já tomou quantos cafés?" — pergunto, analisando os olhos estralados de energia e o sorriso solto.

"Bem, comi muitos doces, então talvez esteja tendo um pico de energia. Açúcar gera energia e aumenta os níveis de glicose," — fala, gesticulando enquanto gratuitamente me relembrava das minhas aulas de biologia. "De qualquer forma, queria dizer que achei um lugar perfeito para você e o Dário investirem. Talvez até consiga trazer esse tipo de apelo para o meu restaurante. Deus sabe que não quero ter um desses lugares onde a pessoa não pode comer um maldito cookie em paz. Tem as melhores sobremesas que eu já comi na vida e, com certeza, comi muitas! Você precisa disso."

Isso porque, apesar de todos os meus esforços, ele ainda não conheceu a Lié. Não sei mais o que fazer para ela aparecer nesses encontros, os acidentais ou os agendados. Desde que meus irmãos voltaram ao país, ela tem se esquivado de participar dos churrascos na minha casa e, às vezes, quando proponho sairmos para jantar, até me liga perto da hora marcada para confirmar que será somente eu, Dário e ela.

Ela é perfeita para o Aládio! Bem-humorada, desapegada das riquezas e sincera, além de fazer comidas incríveis e doces que ele amaria de paixão. Pensando bem, essa é uma ótima oportunidade para forçar a proximidade entre esses dois.

"Então, aposto 500 reais que a minha chef é melhor," — falo, já pensando que cobrarei esse dinheiro no dia do casamento dele com a Lié. "Vai pagar em espécie ou no Pix?"

Ele revira os olhos enquanto solta um bufo leve. "Você não sabe a bobagem que está falando! Esses doces são os melhores! Vou te trazer o doce perfeito, depois descobrir quem é o chefe e fechar um acordo de exclusividade com ele. Você vai perder dinheiro à toa," — diz ele, rindo da minha cara. "Até domingo à noite, não se atrase para nosso jantar. Um irmão já é o suficiente." Ele manda um beijo com a mão enquanto vai embora.

Dou risada. Ele vive perturbando nosso irmão mais novo por conta da vida livre e da falta de horários que o Rodrigo vive. Preciso me lembrar de passar na Lié para falar sobre essa aposta; hoje o dia será puxado.

Meu escritório atende clientes que precisam de auxílio jurídico nas relações empresariais. Seja criação de empresa, regime de contratação, venda de empresas, fusões; parte do trabalho é investigar a outra empresa/pessoa que está iniciando uma relação com a empresa cliente. Muitas vezes, são meses de investigação até determinar se há segurança no negócio.

A empresa do Dário, que atua com pesquisa, investigação e segurança de alto nível, muitas vezes nos dá uma força com os dados que não sejam tão visíveis em nossa rede.

Abro o dossiê com um suspiro e me enterro no trabalho.

Estou prestes a ligar para o sócio do meu marido que está na empresa hoje, quando meu celular começa a tocar com uma chamada do dito cujo, o marido.

"Oi, amor," — a voz rouca dele ecoa no escritório. "Você certamente já comeu, considerando que são duas horas da tarde, mas de qualquer forma, estou aqui embaixo no prédio para irmos comer algo juntos." Respiro fundo quando percebo que ainda não parei, nem mesmo tomei um copo de água desde às seis horas da manhã, quando meu irmão estava aqui.

"H-hm, claro, meu amor, vamos sair, sim. Já estou descendo." Começo a juntar os papéis espalhados pela mesa para organizá-los no dossiê e guardá-los novamente no cofre quando ele suspira e diz: "Já traga seu notebook. Como eu suspeitava, você não parou para comer ainda. Já trabalhou bastante por hoje e eu preciso muito de você em casa." O jeito mandão de falar dele é delicioso e refrescante, considerando que na vida em geral, a mandona sou eu.

Pego minha bolsa e saio para almoçar com meu esposo, estou até levando o notebook, mas pelo jeito não trabalharei mais nesse fim de semana.

O Almoço

Quando chego ao carro, Dário está encostado, sorrindo para mim. "Você parece cansada, querida. Espero que não tenha se esquecido de cuidar de você."

"Ah, você sabe como é. O trabalho não espera, ainda mais quando temos prazos a cumprir. Mas estou bem, sim. Como foi o seu dia até agora?"

"Tranquilo, mas tenho algumas reuniões pela tarde antes de ir buscar a mãe, mas como sempre, isso não importa. O que importa é que você e eu teremos um tempo juntos agora," — diz, abrindo a porta do carro para mim.

O caminho até o restaurante é uma mistura de risadas e conversas sobre os absurdos que ouvimos no escritório. Dário tem um jeito de contar as histórias que me faz rir até a barriga doer.

Chegamos ao restaurante, e o garçom nos cumprimenta com um sorriso. Pedimos nossas comidas e, enquanto esperamos, a conversa flui naturalmente. Falo sobre a aposta que fiz com Aládio e a minha intenção de unir Lié e meu irmão.

"Você realmente acha que eles se darão bem?" — pergunta Dário, arqueando uma sobrancelha.

"Eu tenho certeza! Eles têm muito em comum, e você sabe que minha intuição é sempre certeira," — respondo, determinada.

Nosso almoço avança e a energia entre nós é contagiante. A comida chega e é de dar água na boca; cada garfada é um prazer. Conversamos sobre os planos para o fim de semana e como receberemos a mãe dele.

O Retorno ao Trabalho

Após o almoço, me sinto renovada e pronta para encarar o restante do dia. Voltamos para o escritório, e enquanto Dário se despede, prometo a ele que não vou trabalhar até tarde.

O ambiente do escritório é agitado, como sempre. Assim que entro, minha secretária me informa que temos um cliente esperando. "Ele disse que é urgente, e pelo que parece, você conhece a empresa dele."

"Ótimo! Então é melhor eu ir logo," — digo, e sigo em direção à sala de reuniões.

Quando entro, vejo um rosto familiar. É Luan, um antigo colega da faculdade.

"Camika! Que surpresa! Não sabia que você estava à frente do seu próprio escritório," — ele diz, sorrindo.

"Surpresas à parte, Luan. O que traz você aqui?" — pergunto, tentando esconder a surpresa ao vê-lo.

"Eu estou com um problema sério na empresa. Precisamos discutir uma possível fusão e você sabe como as coisas podem ficar complicadas," — ele explica, preocupado.

"Claro! Vamos lá. Você pode me contar tudo e eu vou te ajudar," — respondo, animada para resolver a situação.

Nos acomodamos à mesa de reuniões, e a conversa flui rapidamente. Luan expõe suas preocupações sobre a fusão e como ela pode afetar sua empresa. A cada nova informação que ele fornece, minha mente começa a trabalhar em estratégias que podem beneficiá-lo.

"Eu posso fazer uma análise completa e te ajudar a encontrar um caminho seguro," — afirmo, segura de que posso ajudá-lo.

"Obrigado, Camika. Eu sabia que você seria a pessoa certa para me ajudar," — ele responde, aliviado.

A reunião chega ao fim, e Ricardo se despede, agradecendo pela ajuda.

O dia termina com a sensação de que tudo está se alinhando. Quando vou embora, fico pensando em como, mesmo nas pequenas coisas, a vida pode ser tão incrível. Mal posso esperar para ver onde isso tudo vai dar.

Doce LiéOnde histórias criam vida. Descubra agora