Don't count the victory

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Eu não podia continuar fugindo para sempre. Essa era a verdade que martelava em minha mente enquanto meus pés batiam com força no chão do corredor escuro. Hyunjin estava logo atrás de mim, sua respiração pesada e seus passos rápidos ecoando pelo espaço. O medo me impulsionava, mas a sensação de estar encurralado começava a sufocar meu peito. Eu precisava pensar rápido, encontrar uma maneira de virar o jogo.

Mas como?

Minha mente corria tanto quanto meu corpo. Han e Jeogin estavam escondidos, mas eu sabia que logo eles também seriam encontrados. Não havia escapatória definitiva, e essa realização me atingiu como um soco no estômago.

O corredor se abriu em uma sala ainda maior, com janelas altas e quebradas, permitindo que a luz fraca da lua iluminasse parcialmente o ambiente. Lá dentro, máquinas velhas e caixas empilhadas criavam um labirinto de metal e poeira. Eu corri para o meio desse caos, buscando qualquer coisa que pudesse usar a meu favor.

Meus olhos varreram o local, e então vi. Pendurada acima de uma das máquinas, uma corrente grossa, enferrujada, balançava suavemente. Sem pensar duas vezes, corri em direção a ela e me escondi atrás de uma pilha de caixas, puxando a corrente com força. Ela caiu no chão com um baque surdo, mas o suficiente para que Hyunjin escutasse. Eu só precisava de uma distração, algo que o fizesse baixar a guarda, pelo menos por alguns segundos.

Os passos dele ficaram mais lentos, calculados. Ele sabia que eu estava ali, mas não exatamente onde.

— Está tentando se esconder, Felix? — Hyunjin chamou, a voz dele suave, mas carregada de provocação. — Isso só vai tornar tudo mais divertido para mim.

Minha respiração ficou presa na garganta. Eu podia vê-lo se aproximando, os olhos escaneando cada canto da sala, o sorriso dele nunca desaparecendo. Ele era bom nisso, se movia com confiança, como se já soubesse que a vitória era dele.

— Onde você está? — ele murmurou, agora ainda mais perto.

Eu tinha que agir. O medo estava ali, me paralisando, mas eu não podia deixar Hyunjin me controlar. Fechei os olhos por um segundo, reunindo toda a coragem que restava em mim. Ele passou pelas caixas onde eu estava escondido, e eu soube que aquele era o momento. Num impulso, saltei para fora, segurando a corrente com as duas mãos, e a joguei em sua direção.

Hyunjin se virou no último segundo, os olhos arregalados pela surpresa, mas era tarde demais. A corrente o atingiu no ombro, desequilibrando-o por um instante. Aproveitei a brecha e corri, passando por ele antes que ele pudesse reagir completamente.

— Droga, Felix! — ele gritou, agora claramente irritado.

Corri em direção a uma porta no fundo da sala, sentindo a adrenalina tomar conta. Eu sabia que isso não o manteria longe por muito tempo, mas era o suficiente para ganhar alguns segundos preciosos. Escancarei a porta e me joguei para fora, encontrando uma escada que levava ao telhado.

Sem pensar duas vezes, comecei a subir.

O ar estava frio quando alcancei o topo, e a cidade deserta se estendia à minha frente. As luzes fracas das ruas pareciam distantes, como se eu estivesse em outro mundo. Mas eu não estava sozinho. Hyunjin logo apareceria atrás de mim. E então, como se o universo quisesse provar esse ponto, ouvi a porta de metal bater, e Hyunjin surgiu no topo da escada.

Ele sorriu, como sempre. Um sorriso que dizia que tudo isso era apenas uma brincadeira para ele.

— Correr para o telhado? Esperto, mas... — Ele deu um passo em minha direção, os olhos fixos nos meus. — Você sabe que isso não vai terminar bem.

Eu respirei fundo, tentando afastar o pânico que subia pela minha garganta. Não havia saída. A borda do telhado estava logo atrás de mim, e o precipício que se abria ali era uma queda longa demais para sequer considerar.

— Por que está fazendo isso? — perguntei, minha voz saindo mais firme do que eu esperava.

Hyunjin parou, o sorriso dele desaparecendo por um momento. Ele parecia considerar minha pergunta, os olhos dele estreitando levemente.

— Porque eu posso — ele respondeu, a voz baixa e quase casual. — Porque é divertido.

O ódio ferveu dentro de mim. Para ele, tudo isso não passava de uma caçada, um jogo onde ele era o predador e nós, as presas indefesas.

— Você não vai ganhar — eu disse, tentando soar mais confiante do que me sentia. — Não dessa vez.

Hyunjin riu, o som baixo e quase melódico.

— Eu já ganhei, Felix. Você só ainda não percebeu.

Não conte a vitória antes do momento, você talvez ganhe hoje, mas não lhe garanto que ganhara no futuro. — ele não sabia do que eu estava falando, mas eu sabia muito bem do que eu estava falando, e era questão de tempo para que ele também soubesse.

Antes que ele pudesse dar mais um passo, ouvi um barulho de passos correndo no telhado. Han e Jeogin surgiram, ofegantes, mas determinados. Eles tinham conseguido escapar da fábrica e me encontrar. A presença deles me deu um breve alívio, mas também uma nova preocupação. Hyunjin não estava sozinho, e eu sabia que Minho e Changbin não estavam longe.

— Três contra um? — Hyunjin zombou, olhando para nós. — Isso não vai mudar nada.

— Talvez não — Han respondeu, o olhar dele firme. — Mas não vamos deixar você nos pegar tão facilmente.

Nós nos preparamos, sabendo que a verdadeira luta estava prestes a começar. Hyunjin não era o único perigo. Minho e Changbin chegariam logo. E então, tudo dependeria de quem fosse mais rápido.

Eu sabia que não poderíamos correr para sempre.

Mas talvez, só talvez, teríamos a chance de ganhar hoje.

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Venenos e Segredos- HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora