Prologo:

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Acordei devagar, saboreando o momento antes de abrir os olhos. O dia amanheceu silencioso, mas dentro de mim havia uma tempestade prestes a se libertar. Estiquei a mão sobre o lençol macio e sorri ao sentir uma leve dor no meu corpo. As marcas que ele deixou ainda estavam lá, cravadas em minha pele como lembranças de uma noite que ele jamais esqueceria. Eu certamente não esqueceria.

Levantei-me com cuidado, cada movimento uma lembrança da intensidade da noite anterior. Na despedida de solteiro, Gustavo havia se permitido uma última fuga. Um momento de liberdade antes de ser amarrado para sempre a uma mulher que ele não amava. Eu sabia disso desde o momento em que nossos corpos se encontraram. O toque dele não mentia, os dedos firmes, as mãos grandes que me seguraram com tanta força, como se ele tentasse me controlar — mas era ele quem estava à mercê.

Diante do espelho, meus olhos percorreram meu próprio reflexo. As marcas arroxeadas no meu pescoço, os arranhões nos ombros. Meu sorriso cresceu lentamente. Cada marca era um lembrete de que eu o tinha por completo, mesmo que ele ainda tentasse se enganar com essa história de casamento perfeito. O que havia entre nós era inegável. Gustavo não pertencia a Luísa. Não poderia. Ele me marcou, e agora eu faria o mesmo com ele.

O vestido vermelho que eu escolhi estava pendurado ao lado, vibrante como o sangue que corria quente em minhas veias. Eu o vesti devagar, sentindo o tecido deslizar pela minha pele enquanto o mundo ao meu redor se preparava para o que estava por vir. Ele ainda estava com ela, ainda acreditava que o destino de sua vida seria decidido naquele altar.

O toque suave das minhas mãos percorreu meu pescoço, onde ele me apertou com força. Lembranças da noite anterior invadiram minha mente, e eu suspirei, quase rindo da ironia. Ele pensava que poderia se casar com outra mulher, como se o que havia entre nós fosse algo passageiro, algo que ele pudesse deixar para trás.

Eu nunca fui de deixar alguém ir tão facilmente.

Cada segundo daquele dia foi planejado. Eu sabia onde ele estaria, com quem. Eu sabia que ele vestiria aquele terno, que seus olhos estavam nublados com a dúvida que só eu conseguia enxergar. Gustavo era forte, tentava controlar cada aspecto de sua vida, mas quando me olhou nos olhos naquela festa, ele soube. Soube que não tinha mais escolha.

Eu respirei fundo, absorvendo a última sensação de calma antes da tempestade. O relógio marcava as horas, mas o verdadeiro tempo só começaria quando eu o tirasse de lá. Hoje não era o dia do casamento de Gustavo. Era o dia em que ele finalmente entenderia a quem pertencia.

— Está tudo pronto, senhora — meu braço direito entrou na sala, a expressão séria. Ele sabia o que estava prestes a acontecer.

— Sim, está — murmurei, passando os dedos pelo meu pescoço mais uma vez, como se pudesse sentir as mãos de Gustavo me tocando novamente.

Eu o teria em breve. E, dessa vez, ele não fugiria.

 E, dessa vez, ele não fugiria

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