Blue Stars

☆ Vega ☆

Lucien Aster

Eu sempre fui acostumado a ter tudo. Desde criança aprendi que se eu fizesse birra na medida certa, poderia ter qualquer coisa que desejasse. Isso nunca foi um grande problema para mim. Até tudo mudar.

Desejar demais se tornou meu defeito fatal.

Sei que meu dia vai ser péssimo quando ele começa com uma ligação do meu pai. Meu humor muda drasticamente da raiva para a desconfiança quando ele anuncia que vai estar na cidade no próximo mês para comparecer a um evento beneficente que a empresa irá patrocinar.

É estranho já que faz seis meses que não nos falamos e meu pai não é do tipo que anuncia visita, ele só aparece quando quer. Me sinto esquisito com a perspectiva de vê-lo e curioso com o fato dele ligar para avisar sobre o evento, requisitando minha presença. Minha mãe geralmente me pede para acompanhá-la nesses eventos, mas quase sempre nego, e vou negar enquanto puder, até ser inevitável.

Minha mente só relaxa um pouco quando recebo uma mensagem:

"Você é algum tipo de serial killer?"

Bom dia?

"Você acha que hoje é um bom dia?"

Não

"Eu também não acho"

"Responde a minha pergunta"

É meio cedo para perguntas difíceis

"Não é uma pergunta difícil"

Sabe, você me ofende

Outro dia tivemos uma conversa super profunda, até fiz uma referência a um dos meus clássicos favoritos pra você

E você me retribui assim? Com toda essa desconfiança?

Eu fico decepcionado

O quê eu fiz pra você duvidar tanto do meu caráter?

"Meu Deus, você fundou o país dos coitadinhos?

"É uma pergunta simples, só precisa responder sim ou não"

"E é muito suspeito você estar enrolando tanto para responder..."

Certo, você me pegou

Sim, eu sou um serial killer

Estava agora mesmo colocando outro corpo no meu freezer, sabe como é

"Bobão"

Não acredita em mim?

"É pra acreditar?"

Por que você pergunta, se não vai acreditar em mim?

"Porque eu precisava de um motivo pra falar com você"

Sei que é esquisito e idiota sorrir por causa disso, mas não posso evitar. Nossas mensagens aumentaram muito desde a noite em que ele me perguntou se eu já tinha me sentido estranho em relação ao mundo, como se algo que sempre pareceu certo, de repente estivesse errado. Claro que de início eu fiquei confuso, o modo como ele perguntou foi tão certeiro e sincero que quase achei que ele conseguia ler meus pensamentos.