I - Olivier Florence

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1 de agosto de 2015

Eu a vejo

Cada fio do meu cabelo parece ter mergulhado na escuridão do carvão, a pele suave e imaculada, em um tom de amêndoas tostadas sob o sol, é assim que me vejo no reflexo da janela do carro. E o barulho do motor indo embora e o vento batendo nas folhas das árvores, é só o que escuto. Mas o silêncio se instala de imediato, e o calor de 29° graus começou a esquentar o ar.

Uma silhueta se aproxima do lado de dentro do portão, mesmo com a dificuldade do sol batendo no meu rosto, o reconheço.

Seus olhos profundos trazem um cativante tom âmbar, é o que sempre chamou mais atenção, além dos seus cabelos em uma fusão de tonalidades do dourado pro castanho, mas sua expressão me intriga, Gabriel, meu primo, abre o portão, seu rosto revela um misto de calor e preocupação sob o sol escaldante. Ele suspira, sinalizando que algo está fora de lugar.

— Eu te amo primo, mas você chegou no momento errado.

— Cheguei?

— Só entra, vou te levar para o saguão principal. Em outra hora eu apresento o internato.

Pelo portão é visível ver a multidão se formando logo a frente. A estrutura é imensa, o campo de flores ao redor é o que me encanta. Gabriel para em meio à entrada, ele olha o celular e sua cara franzida parece tentar decifrar algo que nem ele compreende.

— Vai por lá, e segue o corredor à direita. — Ele aponta para dentro do internato.

— Vai me deixar sozinho?

— Apenas por alguns minutos. Fique lá e eu te encontro logo.

— E se eu acabar me perdendo? Não conheço nada por aqui, Gabriel. — Expresso minha preocupação enquanto me ajusto à penumbra do local.

— É só perguntar a alguém. Agora eu tenho que ir. — Seu tom urgente ecoa antes dele desaparecer pelo corredor, me deixando sozinho com minhas dúvidas na semi-escuridão do internato.

Gabriel segura a minha cabeça e dá um beijo na testa. Ele sai, e eu prossigo com as suas instruções.

E assim me perdi.

É um corredor estreito, iluminado por luzes fracas que lançam sombras misteriosas nas paredes desgastadas.

— Eu segui a direita, mas que caralho! O que deu errado dessa vez? — Expresso minha frustração.

— Relaxa, não precisa usar esse linguajar.

Encostada na parede, uma garota de vestido branco cria um contraste fascinante, seus cabelos loiros destacando-se elegantemente.

— Desculpa, não sou de falar palavrão. — Avanço alguns passos na sua direção. —  Eu me perdi. Sabe onde é o saguão?

— Sei sim, só me seguir. — Ela se afasta da parede e começa a andar na minha frente com determinação.

Não demorou muito para chegarmos. Uma quantidade grande de alunos estava lá. O saguão era amplo com paredes altas e várias janelas. No centro tem uma estrutura pequena de um palco montado.

Não há Nada no Vazio - Despertar Onde histórias criam vida. Descubra agora