01° Capítulo

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Foi aos meus dez anos que fiquei feliz ao saber que teríamos uma nova pessoa em nossa família. Eu teria uma irmã. Claro, adotiva. Tudo foi ideia da mamãe e meu pai precisou apoiar, apesar que no começo não pareceu gostar.

Já eu sim! Era ótimo ser filha única, mas saber que eu teria uma criança para brincar comigo seria encantador. Esperava que não fosse da mesma maneira que meus primos me tratava: brigas e logo reconciliação. Queria uma irmãzinha para estar sempre comigo, em cada momento e que eu pudesse a proteger dos trovões.

Mas tudo foi diferente. Eu vi aquelas olhos tímidos, a boca minúscula com leve coloração de batom rosa claro, o vestido amarelo abaixo dos joelhos e um urso de pelúcia que estava sendo amassado pelos braços da garota de oito anos.

Esquece o plano de sair correndo para abraçar e apertar suas bochechas, simplesmente fiquei tímida e fui para trás do meu pai. Ele riu, pedindo para ter educação e cumprimentar a pequena garota. 

Não obedeci, ela também não se moveu. Mas seu olhar passou ser curioso, e o meu tímido. Com incentivo da mamãe, a pequena garotinha caminhou até mim, e eu espiei ainda trás do papai.

 Um oi baixinho foi escutado, e meu sorriso foi involuntário. Ela é fofa.

Então, foi a partir daquele cumprimento que tudo mudou. Eu retribui, ansiosa para mostrar meu quarto que agora seria dela também.

Aquela manhã aos poucos foi se tornando única e tranquila. Claro, a maioria do tempo ficamos caladas se encarando sem motivo, pelo menos ela gostou da cama de beliche. 

Ao anoitecer, não hesitei em me deitar ao seu lado, na cama debaixo e contei o quão bons meus pais são. Ela escutou em silêncio, abraçada com seu ursinho marrom. Até o momento que percebi seu dedo na boca, e seus olhos aos poucos foram se fechando.

  Uau. Eu tenho uma irmã. 

Com os dias passando, pudemos perder a timidez e brincamos mais e mais. Eu amei apresentá-la para meus amigos da vizinhança, e ensinei como ela deveria brincar conosco. Na brincadeira de se esconder, em nenhum segundo soltei sua mão. Queria fazê-la ser boa em todas brincadeiras... Não, ela continuou sendo horrível.

Lembro-me do seu primeiro dia de aula, todo seu ânimo evaporou ao saber que não estávamos na mesma sala. Ela quase chorou, mas expliquei que no intervalo ficaríamos juntas. Meus pais também foram compreensíveis, se esforçando para deixar Lisa confortável com a nova rotina.

Só não sabia que ela ficaria tão confortável assim. Foi só chegar o intervalo, e eu descobri que Lisa já tinha falado com todos seus colegas. Isso me surpreendeu, mas fiquei feliz também. Só havia um problema, era só estar ao meu lado e ela não queria mais sair, ficava atrás de mim em todo instante.

Creio que levou cinco meses em nossa família para Lisa acostumar, mesmo raramente tendo vergonha ao ficar perto dos meus pais ou algum familiar.

Era uma tarde divertida no parque de diversões, um encontro entre minha família para aproveitar as férias que chegaram. Os adultos ficaram conversando, enquanto meus primos corriam, comiam ou até mesmo preferiram ficar no celular, entre outras coisas.

Lisa aproximou de mim, logo segurando em meu braço e me afastou das minhas primas. Ela estava suada, e sua franja colada em sua testa. Fazia um mês que minha mãe convenceu Lisa fazer aquela franjinha que a deixou ainda mais fofa.

- Nini, fiquei muito triste quando o Taeh roubou meu algodão doce...—Desabafou.

- Isso te magoou?

Best Part {Jenlisa}Onde histórias criam vida. Descubra agora