Presságios

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A noite no parque parecia interminável, envolvida por uma calma quase sobrenatural. Ryan e eu ainda estávamos de mãos dadas, enquanto nossos passos ecoavam suavemente no chão de pedra. A brisa leve e o silêncio davam a sensação de que o mundo havia parado apenas para nós dois. Mas, dentro de mim, algo ainda me incomodava. Uma pequena voz sussurrava, como um aviso de que as coisas nem sempre seriam tão perfeitas.

— Eu queria que noites como essa durassem para sempre — comentei, tentando afastar os pensamentos incômodos, focando apenas no presente.

Ryan sorriu, mas havia uma sombra em seus olhos que eu não tinha notado antes. — Nem tudo dura para sempre, Ellinna. Mas podemos fazer o possível para que os momentos que importam fiquem conosco.

Essas palavras me atingiram de forma estranha, como se ele estivesse dizendo algo mais. Me afastei um pouco para encará-lo, sentindo a urgência de entender o que ele realmente queria dizer. — O que está acontecendo, Ryan? Você está escondendo algo de mim?

Ele desviou o olhar, o que só aumentou minha suspeita. O silêncio entre nós ficou mais denso, carregado de coisas não ditas. Até mesmo o som distante da cidade parecia se apagar enquanto eu aguardava uma resposta.

— Não é nada, Ellinna. Eu só... às vezes me pergunto se estou fazendo o suficiente. Para você. Para nós. — Sua voz estava carregada de uma vulnerabilidade que ele raramente demonstrava.

— Você está brincando, certo? — perguntei, tentando disfarçar o aperto no peito. — Você faz mais do que o suficiente. Você me deu tanto, Ryan. Não só coisas materiais, mas apoio, amor. Eu não sei o que faria sem você.

Ele sorriu, mas o sorriso não chegou aos seus olhos. — Eu sei disso. Mas há momentos em que... eu me pergunto se o futuro que sonhamos pode realmente ser alcançado.

Minha mente começou a correr. O que ele queria dizer com isso? Algo havia mudado naquela noite, e eu não sabia o que era. Havia uma dúvida crescendo entre nós, e eu não sabia se estava preparada para lidar com isso.

— Eu acho que precisamos confiar um no outro, Ryan — falei, tentando soar mais confiante do que me sentia. — As coisas podem ser complicadas, mas eu acredito em nós. Sempre acreditei.

Ele me puxou para mais perto, envolvendo-me em um abraço apertado. — Eu também acredito, Ellinna. Eu só... às vezes tenho medo de que algo possa acontecer e mudar tudo.

Essas palavras ficaram suspensas no ar, como um prenúncio de algo maior. E, embora não dissesse nada naquele momento, algo dentro de mim soube que essa noite tranquila, essa calma aparente, estava prestes a ser quebrada.

As palavras de Ryan ecoavam em minha mente enquanto permanecíamos abraçados, cada segundo parecendo mais pesado do que o anterior. A brisa suave do parque já não parecia tão reconfortante; havia um peso no ar, um presságio que me fazia sentir inquieta. O abraço de Ryan era seguro, mas sua preocupação me consumia. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele não falava aquilo sem razão.

— Ryan, você está me deixando preocupada — murmurei, afastando-me levemente para olhá-lo nos olhos. — O que você acha que pode acontecer? Fala comigo.

Ele suspirou profundamente, passando a mão pelos cabelos e fitando o céu estrelado por um momento antes de responder. — Eu não sei, Ellinna. Tem sido uma sensação estranha, como se algo estivesse fora do lugar, mas eu não consigo identificar o que é. Talvez seja só o medo do desconhecido, ou talvez seja algo real. Eu só não quero te perder.

Meu coração apertou. O que ele estava tentando me proteger? Era a primeira vez que eu via Ryan tão vulnerável, tão incerto. Eu queria acalmá-lo, mas ao mesmo tempo, aquele sentimento de inquietação dentro de mim começou a crescer também. Se até Ryan, sempre tão confiante e seguro, estava se sentindo assim, talvez houvesse algo que eu não estava percebendo.

— Você não vai me perder — afirmei, tentando dissipar qualquer dúvida. — Nós já passamos por tanta coisa juntos. Vamos lidar com o que vier, assim como sempre fizemos.

Ryan abriu um sorriso tímido, mas ainda havia algo que ele não estava me contando. Senti que essa conversa estava apenas arranhando a superfície, como se houvesse um segredo maior escondido, algo que ele estava relutante em revelar.

— Que tal voltarmos para casa? — sugeriu ele, mudando de assunto abruptamente. — Acho que já tivemos emoções suficientes para uma noite de aniversário.

Assenti, sem insistir mais, mas o desconforto não desapareceu. Caminhamos de volta para o carro em silêncio, e a leveza que havia preenchido a noite anterior parecia ter desaparecido, sendo substituída por uma tensão invisível.

Enquanto Ryan dirigia pelas ruas quase desertas, não pude evitar de ficar pensando em tudo o que ele havia dito. Era como se uma nuvem pairasse sobre nós, uma incerteza sobre o futuro que antes não existia. O silêncio entre nós era quebrado apenas pelo som suave da música no rádio, mas nenhuma melodia parecia capaz de aliviar o peso que pairava sobre nós dois.

Assim que chegamos em casa, Ryan estacionou o carro na garagem, mas não se moveu imediatamente para sair. Ele ficou parado por um momento, com as mãos ainda no volante, olhando para a frente com uma expressão pensativa. Finalmente, ele virou-se para mim.

— Ellinna, eu sei que não deveria te preocupar com isso, mas preciso que você confie em mim, independentemente do que aconteça.

Meus olhos se estreitaram, e minha mente começou a trabalhar a todo vapor. — O que você está querendo dizer com isso, Ryan? Você sabe que pode confiar em mim para o que for.

— Eu sei. — Ele respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem para falar. — Mas às vezes, as coisas podem acontecer de maneiras que a gente não espera. Eu só quero que, quando isso acontecer, você não duvide de mim.

Aquelas palavras soavam quase como um aviso, e eu podia sentir o nó na minha garganta apertando. — Quando o quê acontecer, Ryan? O que está por vir?

Ele balançou a cabeça levemente, como se não estivesse pronto para dar uma resposta clara. — Não sei ao certo... Só prometa que você vai confiar em mim, mesmo quando as coisas parecerem confusas.

O ar dentro do carro ficou denso, como se o futuro estivesse prestes a desabar sobre nós a qualquer momento. Olhei nos olhos dele, tentando ler nas entrelinhas o que ele não dizia, mas a única coisa que vi foi uma incerteza que me assustou.

— Eu prometo — sussurrei, mesmo sem entender completamente o que ele queria dizer.

Ryan assentiu, e, pela primeira vez em toda a noite, ele pareceu relaxar, ainda que ligeiramente. Saímos do carro e entramos em casa, onde a tranquilidade do ambiente contrastava com a confusão dentro de mim. Estávamos em silêncio, ambos perdidos em pensamentos, enquanto subíamos as escadas e nos preparávamos para dormir.

Quando finalmente nos deitamos, Ryan me puxou para perto, como se tentasse me proteger de algo que ainda não podia explicar. Eu fechei os olhos, tentando me acalmar, mas o eco das suas palavras continuava a ressoar na minha mente.

Naquela noite, adormeci envolta no calor de seus braços, mas com o coração apertado e a mente cheia de perguntas. Algo estava prestes a acontecer. Eu podia sentir.

O que quer que fosse, estava à espreita, e dessa vez, eu não tinha certeza de como lidaríamos com isso.

Continua...

Sob a Dominação Dela - LIVRO 2 De "Meu Professor Dominador"Onde histórias criam vida. Descubra agora