Duas Metades

Capítulo 2

Henrique Pov's

-Danilo? - Pergunto num misto de surpresa e apreensão. Primeiro porque era suposto ele estar com a Ju e depois porque tirando os convívios aqui em casa, ele nunca cá veio, muito menos sozinho e com a face tão vermelha aparentemente, de raiva.

- Olá Henrique. Responde seco. Quis vir aqui pessoalmente resolver uma situação que não me parece que esteja clara, pelo menos para você.

- Quê? - Pergunto confuso.

- Henrique. eu sei muito bem que você está apaixonado pela Juliana. Ou cê acha que das vezes que fiquei assistindo às gravações não vi seu sorriso, seu olhar, ou mesmo a forma como cê tocava nela? De qualquer forma só quero deixar bem claro que é comigo que ela está e isso não irá mudar. Estamos muito bem e assim vamos continuar, por isso agradeço que uma vez que a novela acabou, não cruze mais nossos caminhos! - Diz, num tom de voz elevado.

Pelos vistos não sou assim tão bom ator na vida real...Sei que é inevitável disfarçar. Uma coisa é dar vida a um personagem, tendo um guião. Outra são meus verdadeiros sentimentos. Tudo em mim muda quando estou perto dela. 

Felizmente para mim, ele não conseguia ver, nem sentir meu coração acelerado a cada sílaba que saía da boca dela, nem minha pele arrepiada a cada toque, por mais mínimo que fosse. Ah se ele soubesse as borboletas no estômago que eu sempre sentia a cada beijo "técnico", que da minha parte, era tudo menos técnico...

Aí tudo seria ainda pior...

Visto que seus argumentos eram apenas subjetivos, poderia sempre contra argumentar.

- Não sei do que você está falando Danilo, (suspiro) nem percebo de onde vem essa conversa. Eu e Juliana somos apenas profissionais, e eu apenas vivi este projeto com a intensidade e entrega que ele assim o exigia! - Riposto da forma mais convincente que consigo.

- Parceiro, cê pode convencer a Juliana, seus amiguinhos, seus colegas, até o Papa se cê quiser, mas eu não sou idiota e reconheço um homem apaixonado. Como disse só quero que cê desapareça das nossas vidas! - Fala firme.

Parceiro? Mas quem este Urubu pensa que é? Eu sou um cara com uma paciência parecida com Jó, mas Danilo já me estava tirando do sério. 

Ele acha que tem o direito de vir em minha casa, gritar comigo e me exigir o que quer que seja? Ele é dono da Ju, por acaso? Se ela um dia quiser que eu desapareça da vida dela, ser-me-á ela a dizê-lo. Porra.

- Olha lá Danilo, mas para quê isto? Cê está tão inseguro que precisa vir aqui com ameaças? Não se garante não? - Questiono num tom de ironia.

Assim que proferi a última palavra, sinto seu punho atingindo minha face, e assim que minhas costas bateram na parede sinto-o agarrando meus colarinhos.

- Henrique, Henrique....cê não sabe do que sou capaz e garanto que para a próxima em que cê use esse seu tom sarcástico, as coisas não acabarão bem. Juliana é MINHA. Meta isso na sua cabeça e no seu coraçãozinho.

Com toda a situação, e ainda meio atordoado,  acabei não fechando a porta e só me apercebo quando vejo Jayme entrando em minha casa

- Mas que merda é esta?- Questiona.

Danilo sai sem dizer uma palavra.

- Cara, o que se passou? - Pergunta, me agarrando e indo em direção ao sofá, mostrando inquietação.

Hesito em dizer a verdade. 

Jayme tinha-se tornado o meu melhor amigo ao longo das gravações, nossa cumplicidade era de outro mundo para o pouco tempo de amizade que tínhamos, mas eu nunca tinha contado os meus sentimentos pela Ju, e embora eu ache que ele já se tenha apercebido, é diferente confirmá-lo...