Isadora narrando
Coloco a grande massa de pãezinhos para descansar no forno escuro e abafado e olho para a grande bagunça que fiz em minha bancada de madeira, respiro fundo e busco outra coisa que eu também precise fazer, me julguem, mas eu procrastino mesmo.
As vezes é mais provável que eu construa uma casa do absoluto zero do que eu ter vontade de limpar toda minha casinha, não que eu viva na sujeira, fui bem criada no lar de crianças da dona Carmen e desde os dez começamos a aprender como limpar uma casa e cuidar dela. Mas isso também não me fez gostar da função.
Sem muita escolha limpo tudo rapidamente e pego meu cesto pequeno e uma capa ao lado da porta de minha cabana.
Vivo em um espaço simples, uma cabana com sala, cozinha, banheiro, e no andar superior meu quarto, tudo sem paredes já que sou apenas eu, feito diretamente de madeira, mas o mais aconchegante possível, com muitas almofadas e uma prateleira enorme de livros.
Visto o casaco vermelho e rio pela minha própria piada, me sinto a própria chapeuzinho vermelho com isso aqui, vivendo no meio do nada, no meio da floresta e vivendo a base de bolos e pães, só não tenho a vovózinha, é o azar de ser órfão.
Coloco minhas botas e bato a porta indo atrás de frutinhas, está meio tarde e o pôr do sol já está começando, mas serei rápida.
Pegar amoras, comer algumas no caminho, mas deixar o suficiente para fazer um creme com elas e criar um recheio delicioso. Aí irei voltar rapidinho para casa.
Algumas pessoas se questionam como eu vivo no meio do nada e não sinto medo, mas sendo sincera, eu sempre fui sozinha, na escola era aquela pessoa que o pessoal zoava ou tinha dó por não ter pais.
Então não aguentando isso eu sempre me isolava, ficando na natureza, na cozinha do lar de crianças... e assim eu cresci, quando foi minha vez de sair de lá eu já tinha dezoito, trabalha a alguns anos na padaria da cidade, consegui pagar um aluguel, deu para viver.
E quando surgiu a oportunidade de comprar essa cabana foi um sonho e alívio, poder viver na minha paz, vendo meus pães e doces para algumas padarias e mercados na cidade, recebo bem para viver, é perfeito.
Assim passo a maioria dos dias fazendo o que gosto, lendo, cozinhando, e ainda aproveitando a natureza que me cerca.
Chego até o pé de amora e encho minha mão em um galho farto, todas essas lindinhas vão direto a minha boca, teste de qualidade né.
Olho em volta vendo as outras árvores, o barulho de um uivo alto em dor me assusta.
— Lobos? — digo alto assustada, nenhum animal perigoso assim chega tão perto de onde fico, pelo menos não enquanto a lua não está no alto do céu.
Tento escutar de que lado esse som veio e se consigo ir para casa novamente sem nenhum problema, mas pelo som esse lobinho já está mais para lá do que para cá também.
Mas e se algo maior atacou ele? E, agora? Em meio às dúvidas eu encho a mão com muitas amoras apressada e despejo na cesta sem medo de me sujar no caminho.
Um segundo uivo faz todo os pelos do meu corpo se arrepiarem de medo e sentindo um gelado em minha barriga sei que é hora de ir embora.
Corro na direção de que vim e um terceiro som de sofrimento atinge meu corpo, principalmente por estar mais perto e alto, merda Isadora.
Sabendo que eu nunca conseguiria correr dele a tempo e não querendo ser vista pelo bicho que o persegue olho em volta procurando uma escapatória. Um pinheiro velho, terá que ser isso, começo a grudar na árvore dando tudo de mim para subir.
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Minha Loba Perdida
WerwolfHistória em andamento na DREAME. ✨ Isadora Winterbloom sempre acreditou ser uma jovem comum, vivendo em uma cabana isolada na floresta, longe dos dramas do mundo. Após uma infância difícil em um orfanato, ela encontrou paz ao vender seus pães e do...