Verdade

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Isadora narrando

Acordo assustada com barulho de gente mexendo em minha cozinha e salto da cama descendo as escadas correndo.

— O que está fazendo em pé? — pergunto vendo o homem enorme com meu lençol amarrado em sua cintura, ele é gigante e uma delícia, Deus que me perdoe, mas olha isso meu pai.

Seu peitoral enorme me mantém distraída por um certo tempo, o caminho para baixo dele é tentador e tampo meu sorriso bobo olhando em seu rosto, o que não ajuda muito, já que vejo seus olhos dourados em um rosto escultural.

— Estava com fome — ele diz e agora que vejo que tem a carne assada que eu fiz em mãos, junto com um suco da geladeira que ele bebia direto da jarra.

— Tudo bem, se quiser talheres, ou prato... — digo agora constrangida — Senta, não sei se você pode ficar muito tempo em pé depois do machucado.

Puxo a cadeira para ele e quando vejo suas costas estranho, mas o que? Aponto tentando raciocinar o que falar disso, o ferimento enorme, feio e profundo está bem menor, mas bem menos.

— Eu me curo rápido — ele diz e pisco duas vezes tentando entender.

— Senta aí — falo agora em tom de ordem enquanto aponto para a cadeira e ele obedece, pego uma garrafa de água para mim e me sento sob a mesa. — Me explica tudo Caio, porque eu não estou doida, eu sei que vi um lobo machucado, eu tirei a espada, ai você de lobo virou o gostoso peladão meio morto, aí para quem estava quase falecido você agora está muito bem, devorando três quilos de carne de uma vez só.

Falo de uma vez enquanto ele continua mastigando a carne quase no seu fim já, pego a forma com pães colocando em sua frente, ele apenas olha animado pegando um pouco.

— Eu fui traído, pelos meus inimigos em uma festa. — ele diz sério e reviro os olhos.

— Se são seus inimigos porque foi nessa festa? — questiono o óbvio e ele me olha feio. — Desculpa, pode falar.

— Sou o Alfa da Alcateia Garras Negras, nossos inimigos, os Luna Sombra, estamos em lutas e competições já faz anos, antes mesmo de eu nascer, porque o Alfa anterior deles matou minha avó, então essa guerra progrediu para meus pais, e em minha vez eu tentei acabar com isso, me prometeram trégua na nomeação do alfa deles que fez dezenove anos e iria assumir o posto, iriamos ter um novo começo em nossa geração, e me apunhalaram pelas costas enquanto eu apertava as mãos do novo Alfa. — ele diz e fico perdida, ele...

— Eu não vou duvidar, porque eu vi né, você é lobo, um lobo gigante, todos eles são, e moram em uma alcateia, e... puta merda, ainda tem rinha de lobo — falo nervosa e ele revira os olhos.

— Sim, e não é rinha, é uma vingança de anos.

— Certo, e ninguém foi te defender? Procurar por você? — pergunto e ele respira fundo

— Meus companheiros que estavam comigo, quatros lobos de alta segurança, foram envenenados ou assassinados ao meu lado em covardia, eu sobrevivi por um milagre da Deusa Luna, que agora eu sei que era para te encontrar, mas isso terá volta, aquele povo não tem honra e respeito de uma briga honesta. — vejo a raiva em sua voz e decido parar de falar.

— Sinto muito por eles — digo e ele assente com a cabeça voltando a comer. — E o que você quer dizer com o milagre de me encontrar?

— Encontrar minha companheira e ela me salvar — ele diz e o olho de boca aberta.

— Companheira? Tipo para vida, tipo esses imprint de lobo de Crepúsculo? Tipo de livro? — digo assustada e ele me olha curioso.

— Companheira, minha parceira de alma, ligada a mim pela Deusa Lua em nossos espíritos lobos, não sei o que os livros dizem e esse tal de imprint. — ele diz e sorrio em meio a loucura, começo a rir e pego a jarra de suco das mãos dele virando para mim, puta merda.

Minha Loba PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora