Cap 9: Uma noite de Jogos

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GUTO ON:

Era uma tarde qualquer, daquelas que você espera passar em silêncio, talvez jogando um videogame ou assistindo a algo na TV, mas o destino tinha outros planos para mim naquele dia. Eu estava em casa, relaxando depois de um dia longo na Mancini Music, quando ouvi o som inconfundível da campainha. Nem precisei olhar pelo olho mágico para saber quem era.

Meu pai, Ubaiara, e meu irmão mais velho, Chicão, estavam de volta à cidade.

Essas visitas eram raras. Os dois passavam mais tempo viajando a trabalho do que em casa. Eles trabalhavam como meteorologistas, monitorando tempestades, ventos, e outros fenômenos que o resto de nós nem imaginava. Mas, apesar da profissão séria e técnica, Chicão era o oposto da imagem que se espera de um cientista.

Chicão: fala aí, Gutão! — gritou Chicão, me dando aquele tapão nas costas assim que abri a porta. Ele entrou rindo, olhando ao redor como se nunca tivesse visto meu apartamento antes. — Eita, tá ajeitadinho o cafofo!

Guto: Oi, pai. — cumprimentei meu velho, que entrou logo atrás.

Ubaiara: E aí, garoto? Tá se virando bem? — ele perguntou, sorrindo de leve enquanto me cumprimentava com um abraço rápido.

Eu sorri de volta, meio sem jeito, enquanto os dois entravam e se espalhavam pela sala. Chicão já estava mexendo nos controles do videogame, tentando entender como funcionava, como se fosse uma criança hiperativa.

Ubaiara: Arrumou alguma mina ou continua na secura, hein? — perguntou Ubaiara, direto como sempre, enquanto se acomodava no sofá, cruzando os braços.

Eu ri, mas aquilo me pegou de surpresa. Meu pai não costumava ser o tipo de cara que perguntava essas coisas, mas, de vez em quando, soltava uma dessas pra quebrar o gelo.

Guto: É... não, pai. Tô meio ocupado com o trabalho e... essas coisas. — respondi, tentando escapar da conversa, mas sabia que não ia ser tão fácil.

Chicão, claro, não perdeu a chance de me provocar.

Chicão: Ah, vai se fazer, né, Guto? Deve ter uma mina aí que tá te deixando doidinho. Ou tá pegando alguém no trampo? Hein, hein? Vai contar pra nós ou não que saiu do zero a zero? — ele disse com aquele sorriso debochado, cutucando minha costela com o cotovelo.

Eu dei um sorriso forçado, desviando o olhar. A verdade era que, se eu contasse pra eles sobre a Mila... eles iam rir de mim por anos. Eu sabia como Chicão funcionava, e meu pai, apesar de não debochar abertamente, sempre dava aquela risada que mostrava que ele não levava essas coisas muito a sério.

Guto: Ah, tô de boa, só focando no trabalho por enquanto. — respondi, tentando mudar de assunto, mas Ubaiara não deixou barato.

Ubaiara: Guto cê tá com quantos anos agora? Já era pra tá com uma mulher firme, filho. Vida não é só trabalho, não. — ele comentou, num tom sério, mas sem deixar de ser carinhoso.

Eu sabia que ele só queria o melhor pra mim, mas essa pressão me deixava desconfortável.

Guto: Eu sei, pai. Eu tô tentando, só que... — comecei a dizer, mas fui interrompido por Chicão.

Chicão: Ih, deve ter alguma coisa aí, sim. Tá todo esquisito, gaguejando, mudando de assunto. Vai, mano, fala logo! Vai ver ela nem é essas coisas e cê tá só arrumando desculpa. — ele riu, cutucando de novo, como sempre fazia quando achava que estava no comando da situação.

Eu revirei os olhos, sem paciência pra lidar com as provocações de Chicão, mas antes que pudesse responder, a campainha tocou de novo.

Guto: Quem será agora? — perguntei, mais pra mim mesmo do que pra eles.

LA FEA EN MANCINI MUSIC:  Mila & Guto / GUMILA Onde histórias criam vida. Descubra agora