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17 ódio - Rosamaria e Cristal

• imaginação a critério de vocês

• boa leitura pra vocês

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Narrador ON

Não era como se Cristal odiasse Rosamaria, mas ela meio que odiava Rosamaria mesmo sem querer. Na aula de atuação que ela frequentava nos últimos dois meses era composta por cerca de vinte outras pessoas também com o mesmo sonho que o seu e durante o tempo em que Cristal esteve lá, alguns saíram e outros entraram. Mas, no geral, todos se deram muito bem e era um campo de jogo equilibrado. Isso foi até a chegada de Rosamaria Montibeller para se juntar aos três semanas depois do início do curso. Cristal que logo estava acostumada a ganhar elogios e receber poucas críticas construtivas porque suas performances tendiam a ser impecáveis, mas de alguma forma Rosamaria era melhor que ela. Em tudo. E Cristal odiava isso. Era uma coisa de ciúmes. Ela olhava para a parte de trás da cabeça de Rosamaria, ou às vezes apenas para ela sempre que ela falava. Todos se apegavam a cada palavra que ela dizia, incluindo a professora. Era como se todos a idolatrassem por uma razão que Cristal não conseguia entender direito. Rosamaria podia sentir o desgosto que Cristal tinha por ela, mas ela apreciava isso. Os olhares mal-educados a empurravam para um desempenho ainda melhor por despeito e ela tinha que se conter para não rir na cara de Cristal sempre que recebia elogios. Então, cada vez que ela ia à aula de atuação, ela permitia que todos a tratassem como se ela fosse uma potência alta e poderosa. Rosamaria deixou isso para o fato de que ela já esteve em um filme de sucesso.

- Trabalho incrível como sempre, Rosamaria! parabéns! - disse o professor, Carlos, enquanto Rosamaria retornava ao seu assento após fazer seu monólogo.

Cristal aplaudiu de má vontade de onde estava sentada, mas parou rapidamente quando Rosamaria teve a audácia de piscar para ela. Puta. Pensou Cristal enquanto fuzila a outra com seus olhos a matando em seus pensamentos.

Ela saiu do seu momento de torpor e pensamentos inimagináveis quando de novo a voz de seu professor ecoou pela sala.

- Como todos sabem, estamos encerrando nosso trabalho em torno de monólogos e mergulharemos no mundo fantástico dos... duólogos! - Carlos disse observando sua turma enquanto organizava uma pilha de papéis em suas mãos.

Houve alguns murmúrios de aprovação na sala e, embora muitos participantes tivessem perguntas, eles sabiam que era melhor deixar Carlos continuar falando antes de mais nada.

- Então! Duólogos. Uma performance entre apenas dois atores. É isso. Parece fácil o suficiente, no entanto, se pensarmos na liberdade criativa que você tem ao elaborar um monólogo, isso é reduzido pela metade. A capacidade de trabalhar ao lado de seu parceiro de duólogo terá um resultado enorme em sua performance. Química externa traduzida em atuação pode ser bastante sublime - Carlos caminhou até a frente da sala e pegou uma grande pilha de papéis - Bem, aqui comigo.. Eu tenho roteiros! E eu tenho pares! - ela disse olhando por toda a sala de aula.

Cristal fechou os olhos brevemente, rezando para qualquer presença maior que pudesse haver para que ela não fosse pareada com Rosamaria. Uma coisa que Carlos havia ensinado a eles desde o começo deste curso, às vezes você só tem que trabalhar com quem lhe disseram para trabalhar. Mesmo que você não goste deles. O que significa que se algum deles tivesse um problema e tentasse mudar seu parceiro, eles seriam prontamente informados para engolir isso.

Carlos começou a andar pela sala, listando pares de nomes e entregando roteiros a eles. Quanto mais ele não avançava, mais prevalente era a sensação de afundamento no peito de Cristal, até que Carlos ficou de pé com dois roteiros e dois nomes restantes para chamar...