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Wednesday Addams

Qual era a necessidade daquilo? Eu realmente peguei pesado. Não era a minha intenção fazê-la chorar, na verdade era a última coisa que eu queria. Vê-la daquele jeito me fazia mal, ainda mais sabendo que eu era a culpada por ela estar assim. E para piorar a situação, nada do que eu falei era verdade. A Enid é sem sobra de duvidas a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida.

O que que eu tenho na cabeça? É lógico que era necessário. Se ela tem o direito de me ferir, eu também tenho o direito de feri-la, mesmo que isso acabe me machucando tanto ou até mais do que vai machucar ela. O que importa é que eu não vou ser a única a sair ferida nessa batalha.

- Wednesday, você veio para me ajudar ou para ficar parada olhando para o nada? - Marta me despertou de meus devaneios.

- Desculpa, hoje estou um pouco distraída. - sorri fraco.

- Aconteceu alguma coisa?

- Nada com que precise se preocupar.

- Certeza? - assenti. - Então tudo bem. - apontou para a enorme mesa de jantar. - Vamos lá, ela não vai se por sozinha.

Eu sempre gostei de ajudar Marta com os seus deveres pelo simples fato de que ela sempre sabe quando tem algo de errado acontecendo, mas ela nunca te força a falar, mas se quiser compartilhar com ela, ela esta disposta a ouvir sem te julgar. A Marta sempre foi a melhor companhia para os meus momentos ruins.

Depois que terminamos de por cada coisa em seu devido lugar da mesa, eu me sentei no mesmo lugar que eu costumava sentar e aguardei a chegada dos outros enquanto mexia no celular.

- Wednesday, guarde o celular. - ouvi a voz de meu pai e na mesma hora fiz o que ele mandou.

Meu pai tinha uma regra que era bem clara:
Nada de celular na hora do almoço e do jantar, caso contrário, um mês sem o mesmo.
Segundo ele, esses são os "horários da família" e é um desrespeito dar mais atenção ao celular do que aos familiares. E eu, como não quero ficar sem meu celular, sou obrigada a respeitar essa regrinha idiota. -
Onde está a Enid? - se sentou.

- No banheiro, ela disse que já estava vindo. - Margot foi até uma das cadeiras vagas e sentou-se ao lado do meu pai.

Quando a Enid chegou, ela fez questão de se sentar bem longe de mim. Seus olhos estavam vermelhos e levemente inchados, mas mesmo assim ela continuava linda.

A maior parte do almoço foi toda em silêncio da minha parte e da parte de Enid, já os nossos pais não calavam a boca nem por um segundo, enquanto um mastigava a comida, o outro falava, não dando nem um minuto de descanso para os meus ouvidos.

- Meninas, nós temos algo para falar. - Meu pai segurou na mão de Margot. Lá vem merda.

- Mais do que já falaram? Impossível. - Enid murmurou. Acho que não sou a única com os ouvidos doendo aqui.

- Enid! - Margot chamou sua atenção.

- Desculpa. - deu um sorriso falso. - Prossiga.

- bebeu um pouco do seu suco.

- Chega uma hora, em que um casal...

- Pai, vá direto ao ponto. nós não somos crianças - o interrompi

- Eu estou gravida. - Margot falou enquanto meu pai a abraçava de lado, com um sorriso bobo no rosto.

- Já era de se esperar. - Margot deu de ombros.

- Parabéns. - falei e eles sorriram em resposta.

- Agora vem a parte que eu acho que vocês não vão gostar muito. - Margot respirou fundo.

Cheerleader - Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora