8. Jantar

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GUTO

Eu não consigo entender...

O seu Hans não faz questão alguma de participar da gravidez da Mila, parece que o fato de que vai ter um filho mal importa pra ele. Ele não estava nem aí pra ela e pro bebê e não desmarcou compromisso nenhum. Se fosse eu, não pensaria duas vezes antes de largar tudo pra estar com ela nesse momento.

Isso era algo que ainda me intrigava, ao mesmo tempo que me machucava. Que ela queria esquecer dele comigo, isso era óbvio, eu não sou burro pra não ver que, naquele noite, o que nós dois queríamos era esquecer.

Ela esquecer dele.

E eu esquecer que ela não me queria. Queria ter ela pra mim por pelo menos uma noite.

Mas é claro que a realidade de que ela nunca foi minha bateu na porta, principalmente com essa gravidez. A Mila nunca seria minha. Aquele bebê nunca seria meu.

A gravidez dela não era da minha conta, mas eu, por algum motivo, queria estar presente. O seu Hans não a queria, nem queria aquele bebê, mas eu os queria tanto, tão desesperadamente...

Eu nunca senti nada parecido como quando ouvi o som daquele coraçãozinho tão pequeno, mas que batia tão forte. Foi uma emoção tão grande e, ao mesmo tempo, uma tristeza porque, assim como eu, aquele bebê não teria um pai presente.

Mas ele tinha a sorte de ter uma mãe como a Mila, que eu não tinha dúvidas que ia cuidar bem dele, diferente de mim. Eu acho que meus dois pais morreram no dia do meu parto, mas só a minha mãe foi enterrada.

E então, de repente, eu tinha contado sobre meu pai ausente pra Mila e senti vontade de beijar ela.

E ela me beijou de volta...E disse que gostou.

Acho que são emoções demais pra mim só hoje.

Agora, estávamos jantando com o seu Furtado, que fez questão de preparar um jantar todo especial depois de saber que a Mila tá grávida.

— Quer mais um pedacinho, filha?— seu Furtado pergunta, todo amoroso quando a Mila termina de comer o escondidinho de carne moída que ele fez.

— Não, pai. Tava muito bom, mas eu vou acabar passando mal se comer mais um pedaço...

— Mas voce comeu só um pedacinho...

— Eu quero mais um, seu Furtado!— digo e estendo meu prato pra ele, que coloca mais um com maior prazer.

— Vou fazer uma quentinha pra você levar pra casa, filha. Aí, se quiser comer de novo, você vai ter. Ainda tem daquele bolo aqui...

— Huuum, o bolo eu quero um pedacinho agora...— Mila diz, praticamente salivando e seu Furtado, obviamente, serve um pedaço pra ela.

— Você bem que podia jantar aqui todo dia, filha...— Seu Furtado diz.

— Oh, pai...Amanhã não vai dar. Vou...jantar na casa do Hans e contar pra família dele da gravidez...

— Ah, ele é o pai. Mas eu nunca fui com a cara daquele homem.

"Nem eu, seu Furtado."

— Ah, pai. Não precisa se preocupar, tá bom? Eu sei me virar bem. Mas eu prometo que, agora, sempre que eu puder, vou vir jantar aqui, tá?— Mila diz e coloca os pratos que usou em cima da pia, pegando a sacola com as quentinhas que o seu Furtado lhe deu.— Eu...vou indo. Tô um pouco cansada.

— Eu te acompanho até o carro, Mila.— digo depois dela se despedir do pai e ando com ela até o lado de fora.— Bom, dona Mila, tá entregue...

— Obrigada, Guto. Por tudo. Pela companhia hoje no ultrassom, pelo beijo e...por tudo que você tá fazendo por mim e pelo meu bebê.

Aonde quer que eu vá| GumilaOnde histórias criam vida. Descubra agora