4. Grávida

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MILA

1 semana depois...

Bom, agora sim eu já comecei a me preocupar. Minha menstruação continua atrasada e, pra piorar tudo, comecei a acordar enjoada de manhã, já começando o dia colocando tudo que já não tinha no meu estômago pra fora.

Trabalhar também tem ficado difícil porque além do cansaço, estou tendo que lidar com as tonturas, que eu tenho certeza de que são porque nada está parando no meu estômago.

Sentada no chão frio do banheiro, suando frio depois de uma sessão de vômito e ainda nauseada, faço as contas e repasso tudo que aconteceu naquele último mês.

Eu tomo anticoncepcional há anos e sempre uso camisinha, além de tomar a pílula do dia seguinte sempre. Mas teve um dia que eu esqueci disso...

No dia que eu transei com o Guto.

Eu não acredito que eu engravidei do estagiário!

É, porque a essa altura, eu tenho quase certeza que é isso mesmo que está acontecendo comigo.

Eu só preciso mesmo é da confirmação.

Saio de casa apenas com uma maçã na mão e passo numa farmácia, comprando logo uns cinco testes de gravidez e coloco dentro da minha bolsa, indo pra gravadora.

Assim que chego, vou logo pro banheiro, aproveitando que não tinha ninguém ali naquele horário e faço teste por teste, sentada em uma das cabines. E, embora já esperasse, não dá pra conter a surpresa quando, um por um, aparecem dois tracinhos em cada teste e, no último, o mais caro, aparece: grávida +3.

Caramba, um filho!

Eu não sei nem cuidar de mim. Como que eu vou cuidar de uma criança? Porque sim, agora que ela já está aqui dentro, eu não vou abortar ou algo assim. Já é meu filho...

Mas o  que eu vou fazer? Moro num apartamento pago pelo Hans, meu carro também é pago por ele e, apesar de ganhar bem, não sei se consigo me manter e manter uma criança sozinha.

E é aí que eu sei exatamente o que fazer. Eu sei que esse bebê não é filho do Hans. Mas nem ele e nem ninguém precisam saber.

Eu sei que é errado mentir pro Guto e esconder a paternidade dele, mas, pelo menos até essa criança nascer, é a única opção que eu tenho. Ele ainda é estagiário na gravadora e mora na pensão num quarto com o irmão e também não ia ter condições de prestar a assistência que uma criança precisa.

Isso sem contar que ele é só um garoto. O Guto tem só 22 anos. Não sei nem se ele vai querer uma responsabilidade tão imensa assim agora.

Bom, o Hans também não vai querer, mas com ele eu sei me entender.

É isso. Eu vou ter um filho. Do Guto. Mas que eu tenho que fazer todos acreditarem que é do Hans. Respiro fundo e saio da cabine do banheiro, com o estômago ainda revirando e me tremendo inteira. Jogo os testes no lixo, deixando apenas um que eu usaria pra esfregar na cara do Hans, e lavo minhas mãos, ainda sem acreditar que tinha...alguma coisa crescendo na minha barriga e que, daqui uns meses, vai se tornar um ser humaninho.

"Oi, voce...tá ouvindo? Será que você sabe o que eu tô pensando? Bom, deve saber né? Olha, bebê, eu...eu sou péssima nisso. Acabei de descobrir que você tá aqui e eu nem sei direito o que fazer, mas quero que voce saiba que tudo que eu fizer, é pelo seu bem, tá? Não sei direito como ser mãe de alguém mas eu vou tentar, tá?"

E é isso, acho que acabei de ter minha primeira conversa com o meu filho. Ou filha.

Volto para a recepção, me preparando pra começar a trabalhar e como a maçã que havia levado, mas parece que até isso está deixando meu estômago embrulhado.

Aonde quer que eu vá| GumilaOnde histórias criam vida. Descubra agora