GUTO
Com muito custo, consegui fazer a Mila vir morar com a gente na pensão. Falei até cansar que nessa reta final da gravidez, seria bom ter uma rede de apoio por perto, já que, mesmo que eu estivesse ali, não conseguiria ajudá-la sozinho caso alguma coisa seria acontecesse, como ela entrar em trabalho de parto na minha frente, por exemplo, já que eu estaria tão nervoso que era capaz até de desmaiar.
Não ironicamente, isso a fez rir ao mesmo tempo que a convenceu. Então, fizemos a mudança da Mila pra pensão. Seu Furtado e Chicão arrumaram o antigo quarto da Mila, que tinha espaço pra um berço, então, foi lá que a colocamos. Inclusive, amanhã era sábado e eu ia ajudar o Chicão com o papel de parede do quarto.
A Mila tinha começado a trabalhar de forma remota pra gravadora, justamente porque essa foi a maneira que ela achou de não parar de trabalhar, mas também de se manter repousando.
Esse negócio de pré-eclâmpsia é perigoso demais. Desde que soubemos dessa condição, além das consultas, que agora são a cada duas semanas, ela tem que medir a pressão duas vezes por dia e tomar os remédios em horários específicos. Qualquer alteração mínima, já é caso de preocupação.
E não é sem fundamento. Isso é a principal causa de morte da mãe e do bebê no parto. Foi a causa da morte da minha própria mãe. Não quero mesmo que isso aconteça com a Mila.
— Guto...— escuto Mila me chamar, de noite, enquanto estou deitado ao lado dela na cama e logo fico desperto. Eu estava dormindo com ela no quarto.
— Oi, Mila? Aconteceu alguma coisa? Tá sentindo algo?— pergunto, sobressaltado, ligando o abajur e me sentando na cama
— Eu to com desejo...— Ela diz e a olho estranho.
— D-desejo?
— É, desejo. Tô com uma vontade de comer jujuba com nutella.
— Jujuba com Nutella?— pergunto com uma careta de nojo.
— Sim, Guto. Por favor. Você nem vai precisar sair pra comprar.
— Mila, são...duas da manhã. — digo.
— Eu sei, Guto. Mas voce quer que a minha filha nasça com cara de jujuba com Nutella?
— Não mesmo.— digo me levantando e indo até a cozinha, pegar o bendito pacote de jujuba com a Nutella e subo de novo até o quarto, entregando pra Mila, que come aquela gororoba alegremente.
Só consigo pensar em como as coisas mudam porque se fosse a Mila de, mais precisamente, 7 meses e meio atrás, ela também estaria fazendo uma cara de nojo para aquilo, mas agora ela só parecia feliz da vida.
— Satisfeita agora, Mila?— pergunto e ela assente, me dando um beijo.
— Obrigada por tudo que faz pela gente, Guto.
— É, o que a gente não faz por amor...— digo dando de ombros e Mila me olha sorrindo.
— Você me ama?
— E você tinha alguma dúvida? Eu amo voce e também amo a sua filha...— digo e ela começa a chorar.— Oh, Mila. Não precisa chorar. Nem sei porque que eu disse isso. Olha sua pressão...
— Eu tô bem, Guto. É só que eu...eu acho que não mereço seu amor.
— Mas é claro que merece, Mila.— digo a puxando para o meu abraço e dando um beijo em sua testa.
— Me promete uma coisa?
— O que?
— Que não vai sair do meu lado, nem do lado da Mariana? Aconteça o que acontecer?
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Aonde quer que eu vá| Gumila
FanfictionNa tentativa de esquecer Lupita, que ama Júpiter e Hans, que não ama ninguém a não ser a si mesmo, Guto e Mila saem juntos para beber e afogar as mágoas juntos. Eles só não contavam que a "diversão" terminaria com eles acordando um ao lado do outro...