Five

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— Essa é a última caixa, certo? — pergunto para Mariana, enquanto passo a fita em volta do papelão. Um barulho ecoando pelo pequeno apartamento, agora praticamente sem nada meu.

— Sim!

— Acabamos, afinal. — digo, aliviada. Porém, quando meus olhos rodeiam todo aquele ambiente, vendo todas as coisas empacotadas em tempo recorde, um aperto arrebenta meu coração. Minha respiração se torna mais pesada, e mesmo com os cabelos presos me sinto um pouco suada por pegar tantas coisas da casa, embalando-as.

Ficamos por alguns minutos em silêncio, e eu apenas respiro fundo. Até que, Mari pergunta:

— O que vai fazer agora, Evie?

— Eu não sei.

— Quando pegar Maya na escola daqui exatamente 30 minutos pode dormir com ela no meu apartamento hoje, e se pudesse deixaria vocês lá para o resto da vida, mas o Breno...

Interrompo sua fala quando coloco a palma da mão em cima da dela, a olhando com suavidade e gratidão.

— Não se preocupe, Mari. Ficarei com Maya apenas por hoje na sua casa. Amanhã de manhã verei novos aluguéis e tentarei dar um jeito nisso.

— Como?

Abro e fecho a boca diversas vezes, sem saber exatamente o que dizer. Então dou um suspiro derrotado, quando aceito que não possuo ideia alguma.

[...]

Mariana foi junto comigo buscar Maya na escola, não preciso dizer a felicidade em que a garota ficou ao ver sua madrinha. E mais feliz ainda quando descobriu que nós iríamos dormir na casa de Mari hoje.

Eu tinha contado de modo superficial que não moraríamos no nosso antigo apartamento, afinal, não era muito legal dizer a uma criança de 5 anos que a mãe dela tinha sido despejada do local após não conseguir pagar as contas.

— Quem vai querer a macarronada?! — Mari pergunta, enquanto traz com cuidado uma travessa de vidro cheia da massa quente com diferentes molhos que fez. Maya bate palmas animada.

O cheiro da macarronada invade todo o ambiente. Nós 3 nos sentamos para comer, e Maya já prepara seus próprios talheres.

— Tia, Mari. Onde está o tio Breno? — Maya pergunta, após Mariana colocar o macarrão no prato dela. Posso jurar que minha amiga se segura para não revirar os olhos.

— Ah, ele provavelmente não vai vir, talvez o trabalho acabe tard...— Mariana não tem tempo suficiente para completar a frase, já que a porta principal se abre em um clique. Breno entra, com um imenso sorriso, provavelmente já tinha ouvido seu nome ser dito enquanto ainda estava no corredor. — Impressionante, só falar que o diab...

— Quanta educação, um tipo de linguajar desses perto de uma criança? — Breno diz com ironia, enquanto estala a língua no céu da boca. — Melhoras, Mariene.

— Tia, seu nome agora é Mariene?! — Maya pergunta, parecendo animada e confusa ao mesmo tempo. Minha amiga arregala os olhos, como se estivesse apavorada com aquilo. Eu caio na risada, e Breno parece se divertir também enquanto se aproxima mais da mesa, me cumprimentando e falando com Maya também.

— Não, pequena! Acontece que o Breno ama fazer gracinhas desnecessárias...— Mari diz, olhando de canto para Breno, que franze o cenho, fingindo desentendimento.

— Entendi...— Maya fala, olhando com desconfiança para os dois, porém resolve comer seu macarrão. Eu faço o mesmo. — Tio, Breno, adivinhe quem fez essa macarronada! — minha filha diz, após alguns minutos em silêncio.

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