The steps of love

Six

— Uau, uau, uau! É aqui que vamos morar agora, mamãe?! — Maya pergunta, erguendo o queixo enquanto olha para a enorme casa a nossa frente. Bem cuidada. Visivelmente espaçosa. E definitivamente nada nossa.

— Não tem outro jeito, não é? — murmuro, mais para mim mesma. Maya me encara um tanto confusa, mas mesmo assim dá pulinhos animados quando Mariana aparece com uma chave simples, tão pequena que quase não consigo acreditar que abrirá aquela porta gigante.

Mas então, em duas voltas e um clique, a porta se abre.

— Tcharam. — Mari diz, abrindo os braços enquanto temos acesso a primeira parte da casa, a entrada dela conseguia ser mais magnífica do que era por fora. A arquitetura moderna e decoração eram impecáveis, um grande bom gosto.

— Isso é incrível. — Maya diz, animada. Mariana sorri, porém eu não consigo fazer o mesmo.

Eu definitivamente tinha apelado aquela merda de situação, afinal, era isso ou eu morava de baixo da ponte com Maya e todos os móveis do antigo apartamento, do qual eu não tive dinheiro para manter.

Então, no momento, uma boa casa, espaçosa, confortável, da qual eu não teria que pagar um centavo para estar era a melhor coisa. Mesmo que essa casa fosse do meu ex namorado.

— Maya, cuidado com a escada! — eu digo, quando vejo a pequena criança subindo enquanto segura o corrimão.

Mariana ri, depois de fechar a porta. Ela se aproxima mais de mim, e descansa a cabeça em meu ombro por alguns segundos, antes de me encarar com atenção.

— Sei que tudo isso é difícil, Evie, mas confie em mim, vai dar certo! Logo você receberá propostas de emprego, e enquanto isso não acontece, pode morar aqui. Thomas jamais vai saber.

— Tem certeza disso?

— Claro, bom, ele tem imóveis demais, por todo o país para se importar com um em específico.

— Espero que tenha razão.

— Agora, será que podemos esquecer por um segundo de que essa casa é do meu irmão, e seu ex namorado?! — Mariana pergunta, enquanto se joga no sofá da enorme sala. Aquele único móvel deveria custar dois anos do salário que eu tinha no antigo emprego. — Olha só, essa casa imensa! Todinha sua e da Maya, até o tempo que desejarem.

Eu dou uma risada, enquanto me jogo no sofá ao lado dela, esquecendo das circunstâncias de estar ali por alguns segundos. Olho para o teto, e para o enorme lustre de cristais presente ali.

— Tem razão, é muito bonita mesmo. Quem teve a ideia da decoração?

— Thomas.

Mordo o interior da bochecha com a resposta. Imaginei que ela diria que algum arquiteto teria feito todos os detalhes do projeto, e Thomas no máximo assinaria em baixo, porém pensar que cada decoração ali foi escolha dele, me fazia acreditar ainda mais que aquela era uma péssima ideia.

— Mãe! Acredita que o banheiro tem uma banheira enorme? — Maya pergunta, com um sorriso imenso, enquanto desce as escadas, mais calma do que antes para o meu alívio.

— Sério, meu amor? — pergunto, com um sorriso, enquanto continuo no sofá. Maya se aproxima de mim, e logo em seguida seu pequeno corpo está por cima do meu, me fazendo soltar uma risada.

Aliso seus cabelos com as pontas dos dedos. Admirando-a com felicidade.

— Imagino que tenha gostado da casa. — digo, e ela me encara com os olhos brilhando.

— Eu amei, ela é incrível!

Ajeito Maya em meu colo, Mariana nos observa com um sorriso contido. Enquanto continua com sua posição relaxada no sofá.