Eight

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Thomas Moretti

— Olhe, Mariana, eu tinha a certeza de que você possuía a metade do cérebro na cabeça, porém agora penso que não tem uma parte sequer dele! — digo, enquanto olho para a minha irmã, que revira os olhos.

Fazia quase 1 ano que eu não a via. Graças aos jogos, entrevistas, contratos e tudo o que uma carreira profissional trazia consigo. Eu não tinha muito tempo. Por isso, uma semana atrás, resolvi fazer uma surpresa para ela. Não disse que voltaria até a minha casa em Nova York, mesmo que isso já estivesse programado há tempos.

Eu ficaria na cidade por alguns meses, e seria ótimo para matar a saudade que estava da minha irmã mais nova, porém, tudo o que eu sentia agora era raiva.

— Ah, Thom, não exagere! — fala, em um tom exasperado. Aquilo devia ser um diálogo sério, afinal, estávamos no meu escritório. Porém, era o contrário.

— Mariana, será que pode por favor, parar de girar nessa cadeira por um segundo sequer?! — pergunto entre-dentes, e atendendo ao meu pedido como um milagre ela para de se movimentar na cadeira giratória. — Agora, pode me dar um motivo plausível para ter entregue a chave da minha casa para sua amiga sem sequer me avisar?

— Não pode me culpar, está bem?! Eu precisava ajudar a Evie de alguma forma.

— Claro, e a forma que encontrou foi deixa-lá morar junto com a filha na minha casa? Sinceramente, Mariana, está consumindo drogas? Pensei que a vodka alterasse o seu corpo o suficiente...

— Pode parar de bancar o irmão mais velho insuportável e me deixar explicar a situação? — ela pergunta, e quando permaneço calado, indicando que continue, Mariana prossegue: — Evie trabalhava em uma empresa, tinha um apartamento alugado aqui na cidade, morava e vivia muito bem com Maya. Porém, um mês atrás ela foi demitida do emprego. Eu a ajudei entregando currículos por toda Nova York, Evie passou uma semana inteira fazendo isso, passando em cada loja, cada empresa. Mesmo assim, não houve retorno, ela não recebeu nenhuma proposta de emprego sequer. Precisava de dinheiro para pagar o aluguel, a escola de Maya, e todas as outras despesas, mas sem um emprego ela obviamente não podia fazer isso. Então, foi despejada do apartamento que pagava aluguel. Ao contrário do que deve pensar, Evie não queria em hipótese alguma ter que morar na sua casa, essa foi literalmente a última opção, pois ela não tinha para onde ir! E me desculpe, mas se eu tivesse que dar novamente a chave da sua casa para que minha amiga não morasse na rua com a minha afilhada daria quantas vezes fossem necessárias, certo? Você tem mais imóveis do que suas mãos podem contar. Evie não tinha nenhum. Ela precisava da minha ajuda.

Respiro fundo, tentando pensar naquela situação.

— Me desculpe, Thomas. Sei que não fiz certo em dar a chave da sua casa para Evie morar temporariamente, sem te avisar, mas não me arrependo do que fiz. — Mariana diz, de um jeito mais suave.

Ela tinha sido imprudente, porém, conhecendo a minha irmã como conhecia, sabia muito bem do coração imenso que possuía. Mariana ajudaria Evie quantas vezes fossem necessárias, mesmo que isso significasse esconder coisas de mim.

— Tudo bem.

— Eu senti sua falta, Thom. — Mari diz, com um pequeno sorriso. Então eu me levanto e vou até ela, que fica de pé.

— Eu também senti sua falta, Mari. — digo, a abraçando por alguns segundos. Então, depois de soltá-la dou um beijo no topo de sua cabeça, como sempre fiz desde que éramos crianças.

— Vai passar quanto tempo aqui?

— Alguns meses, mas tudo depende da minha acessória.

— Imagino que vai ficar na mesma casa que Evie, não é? — Mari pergunta, enquanto morde os lábios e eu dou uma pequena risada.

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