Chama de Eldoria

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A guerra que Amara e Cael enfrentaram nas fronteiras do norte foi árdua e longa. Os rebeldes que se recusavam a aceitar a queda do rei eram ferozes, mas não o bastante para derrotar o espírito inquebrável da jovem de cabelos escarlate. Durante meses, as batalhas foram travadas em florestas densas, montanhas geladas e campos devastados. Mas, ao final, mais uma vez Amara saiu vitoriosa. Sua liderança inspiradora, ao lado da coragem indomável de Cael, assegurou a paz definitiva para Eldoria.

Após o último confronto, o povo, cansado da guerra e sedento por paz, reuniu-se na capital, proclamando Amara como sua rainha. Ela, relutante no início, aceitou o título ao perceber que, somente com uma liderança forte e justa, poderia garantir que seu reino nunca mais caísse nas trevas da tirania.

No grande salão do castelo de Eldoria, Amara observava o trono de pedra que outrora pertencera ao rei déspota. Agora, ela se sentava ali, com uma coroa simples e de ouro branco em sua cabeça, símbolo de uma monarca que desejava governar com justiça e sabedoria. Ao seu lado, Cael, não apenas seu consorte, mas seu maior aliado, permanecia de pé, observando o mesmo horizonte que tantas vezes ambos protegeram juntos.

- Parece surreal, não é? - Cael disse, quebrando o silêncio enquanto seus olhos vagavam pelas tapeçarias e os vitrais restaurados do salão.

- Sim - Amara respondeu, uma ponta de sorriso brincando em seus lábios. - Às vezes, ainda me pergunto se isso tudo é real. Há alguns anos, eu não era nada além de uma garota com uma espada, lutando por sobrevivência.

Cael se aproximou, tomando sua mão com delicadeza.

- Você sempre foi mais do que isso, Amara. Você sempre teve o coração de uma líder. Só faltava o povo ver isso.

Ela olhou para ele, seus olhos encontrando os de Cael, e ali estava a certeza de que, apesar de todas as dificuldades, ela não estava sozinha.

- E você sempre esteve ao meu lado, Cael. - A voz dela era suave, mas cheia de emoção. - Não sei se conseguiria fazer isso sem você.

Cael sorriu, e então, puxando-a suavemente para mais perto, ele disse:

- Não teria lugar melhor para estar. Desde o dia em que você me libertou daquela prisão, soube que estaríamos juntos, de uma forma ou de outra.

Amara inclinou-se e beijou-o levemente, um gesto que carregava toda a história deles, cada batalha, cada vitória e cada perda. Ela era agora rainha, mas, mais do que isso, era Amara, a garota de cabelos escarlate que lutou por seu povo, e que agora tinha ao seu lado não apenas um consorte, mas o amor de sua vida.

Os anos se passaram e a paz reinava em Eldoria. Amara e Cael se casaram em uma cerimônia simples, como ambos desejavam. Não havia pompa desnecessária, mas o povo de Eldoria se reuniu para celebrar a união de sua rainha e do homem que, ao seu lado, havia lutado por sua liberdade.

Logo depois, a família real cresceu. Amara deu à luz gêmeos, um menino chamado Thorne e uma menina chamada Alira, e alguns anos mais tarde, uma filha chamada Elara. A chegada das crianças trouxe uma nova luz à vida de Amara e Cael, que agora enfrentavam um novo tipo de desafio: a criação dos herdeiros do trono.

Uma tarde, Amara caminhava pelos jardins do castelo, com os filhos correndo à frente. Thorne e Alira, agora com sete anos, estavam sempre em disputa para ver quem corria mais rápido.

- Mãe, veja só! - Alira gritou enquanto tentava ultrapassar o irmão nos jardins.

- Thorne, pare de trapacear! - Alira resmungou enquanto Thorne ria e avançava pelos arbustos.

Amara riu ao vê-los brincando. Era uma felicidade simples, mas profunda. Em momentos como esse, ela sentia o peso do mundo diminuir um pouco.

Elara, ainda pequena com apenas quatro anos, estava ao seu lado, segurando a mão da mãe. Seus pretos diferentes dos seus irmãos, herdados de Cael, brilhavam sob o sol, enquanto seus olhos cintilavam de curiosidade.

- Mamãe - Elara perguntou, com a voz suave e curiosa - você acha que um dia eu também vou poder lutar como você?

Amara sorriu, abaixando-se para ficar na altura de sua filha mais nova.

- Lutar não é algo que desejo para você, minha pequena. Mas, se esse dia chegar, eu vou te ensinar tudo o que sei. Mas saiba que há muitas formas de lutar por algo, e nem todas envolvem uma espada.

- Como o papai? - Elara perguntou, com um brilho de admiração nos olhos.

- Exatamente como o papai. - Amara olhou para Cael, que se aproximava com um sorriso nos lábios, ouvindo parte da conversa.

- Vocês estão conspirando contra mim? - Cael brincou, pegando Elara nos braços e girando-a no ar, o que a fez soltar uma gargalhada alta.

- Mamãe estava me contando sobre as batalhas que você lutou ao lado dela - Elara disse enquanto Cael a colocava de volta no chão.

Cael sorriu e olhou para Amara com carinho.

- Sua mãe é a guerreira mais forte que já conheci - disse ele, colocando as mãos nos ombros de Elara. - E a melhor rainha que este reino já teve.

Amara corou levemente, algo raro para ela, mas o olhar de Cael sempre a tocava de maneiras que ninguém mais conseguia.

- E você, Cael, é o motivo pelo qual ainda estou aqui. - Amara admitiu. - Juntos, somos mais fortes.

Thorne e Alira voltaram correndo, interrompendo a conversa.

- Mãe, papai, quem vai nos ensinar a lutar primeiro? - Thorne perguntou, ansioso. - Eu quero aprender as táticas que vocês usaram nas batalhas!

Cael riu, bagunçando o cabelo do filho.

- Cada coisa a seu tempo, Thorne. Primeiro, vocês precisam aprender a usar a cabeça antes da espada.

Amara assentiu, cruzando os braços.

- E mais importante ainda, aprender que nem todas as batalhas são vencidas pela força. Às vezes, a maior força está em saber quando não lutar.

Alira franziu o rosto, pensativa.

- Então, quando eu crescer, posso ser forte como você e o papai, mas também sábia?

Amara se abaixou e acariciou o rosto de sua filha.

- Sim, minha querida. E você será tão forte quanto o seu coração permitir e tão sábia quanto o seu espírito desejar.

Ao anoitecer, Amara e Cael observavam os filhos adormecidos, o luar iluminando suavemente o quarto. Sentados juntos à beira da cama, Cael tomou a mão de Amara.

- Eles têm sorte de ter você como mãe - Cael disse suavemente.

Amara sorriu, encostando-se em seu ombro.

- E eu, de ter você como pai deles.

No silêncio da noite, com a paz finalmente conquistada, Amara percebeu que, apesar de todas as batalhas, o maior presente que a vida lhe dera não foi o trono, mas a família que construiu ao lado de Cael. Ela havia lutado para salvar seu reino, mas agora lutaria para protegê-los - seus filhos, seu povo, e o amor que compartilhava com o homem ao seu lado.



Espero que gostem de verdade, me ajudem a crescer e votem se gostar. Eu amo escrever e agradeço todos aqueles lêem ❤️❤️









A Filha do Sol: AmaraOnde histórias criam vida. Descubra agora