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lisa estrella

— Lisa, você tá bem? — Isabela parou na minha frente, sua preocupação evidente enquanto tentava me fazer desviar o olhar de Richard. Balancei a cabeça, indicando que sim, mas a verdade é que as palavras pareciam se perder na minha garganta.

— Então vem, vamos comemorar! — disse ela, puxando-me pela mão e me guiando em direção aos meninos. O barulho ao nosso redor aumentava, misturando gritos de alegria e celebração. Eu tentava me forçar a entrar no clima, mas a visão de Richard ali, vulnerável e emocionado, ainda estava fresca na minha mente.

Isabela estava animada, sua energia contagiante, e eu não queria ser um peso. A festa pela vitória do Flamengo estava apenas começando, e enquanto nos aproximávamos dos jogadores, uma onda de felicidade se espalhava pelo ambiente. Os sorrisos, os abraços e as risadas eram como um lembrete de que, apesar de tudo, a vida seguia.

— Olha quem chegou! — gritou Pedro, com um brilho nos olhos. — Vem cá, meninas!

Tentei sorrir, absorvendo a empolgação que nos cercava. O clima estava eletrizante, e eu sabia que, no fundo, precisava aproveitar aquele momento.

— Isso aqui é Flamengo! — Léo gritou, e, de repente, todos os meninos começaram a jogar água para o alto. Mesmo sem querer, eu me vi rindo junto. Não tinha como negar a felicidade que sentia ao ver meu time do coração vencer. Era uma sensação única, algo que sempre me fazia vibrar. Mas, por mais que tentasse me concentrar no momento, minha mente teimava em vagar para outro lugar. Ou melhor, para outra pessoa.

— Acho que estou te devendo uma blusa. — Luiz falou alto para ser ouvido no meio da algazarra. Seu sorriso era suave, mas cheio de intenção, e não pude deixar de sorrir de volta.

— Tenho certeza que tá. — brinquei, mas, para minha surpresa, ele começou a tirar sua própria camisa. Antes que eu pudesse reagir, ele me entregou o tecido quente pelo calor do corpo dele.

— Toma, pra você. — disse, me estendendo a camisa. O gesto era simples, mas, de alguma forma, me deixou sem palavras. Senti o calor do tecido contra minha pele e, sem conseguir conter o sorriso, dei um passo à frente, me aproximando dele.

— Obrigada, lindo. — abracei-o de leve, deixando um selinho rápido em seus lábios antes de me afastar. O sorriso que Luiz me deu em resposta iluminou seu rosto, e algo no fundo do meu peito aquecia só de vê-lo assim.

— Depois falam que não namoram! — David gritou, e logo todos começaram a rir, fazendo piadas e entrando na brincadeira. Senti meu rosto corar instantaneamente, a timidez tomando conta de mim.

— Parem, nós não namoramos! — afirmei, tentando parecer firme, mas a risada no fundo da minha voz me denunciava. Não queria dar margem para a conversa continuar, mas sabia que eles não iam deixar barato.

— Só porque eu não pedi ainda. — A voz de Luiz cortou o barulho, me atingindo como uma bomba silenciosa. Por um momento, o mundo pareceu parar ao meu redor, e eu o encarei, tentando processar o que ele tinha acabado de dizer.

Como assim ele iria me pedir em namoro? Um colapso interno começou a se formar, e eu senti meu coração acelerar. O que estava acontecendo? O sorriso de Luiz continuava ali, tranquilo, como se ele estivesse apenas esperando o momento certo.

Minha única reação foi rir, meio sem graça. Olhei para Isa em busca de ajuda, mas tudo o que recebi foi um balançar de cabeça, como quem diz "você está por conta própria". Senhor, pensei comigo mesma.

Graças a Deus, o técnico chegou, desviando o foco do assunto e salvando a minha pele por enquanto. Soltei um suspiro profundo, aliviada, nem tinha percebido que estava prendendo o ar.

coração em jogo, Richard riosOnde histórias criam vida. Descubra agora