coração em jogo, Richard rios

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lisa estrella

Dias se passaram desde aquela conversa sobre a minha mudança, algo que eu realmente não esperava por agora. A ideia de deixar o Flamengo não passava pela minha cabeça; era um time que eu considerava a minha segunda casa. No entanto, a possibilidade de viver novas experiências ecoava cada vez mais alto dentro de mim, chamando-me para fora da minha zona de conforto.

Hoje era o dia em que eu precisaria dar a minha resposta, e a ansiedade se acumulava em meu peito como um balão prestes a estourar. Já havia tomado minha decisão, mas o peso de me despedir deixava-me inquieta. Enquanto caminhava pelos corredores do CT, observando os rostos familiares e sentindo o cheiro do gramado recém-cortado, parei em frente à sala de Landim. Respirei fundo, tentando parecer o mais confiante possível, e bati na porta.

— Entra! — ouvi a voz dele, clara e firme.

Toquei a maçaneta, abrindo a porta e entrando na sala.

— Licença — pedi, minha voz tremendo um pouco.

— Olá, Lisa, pode se sentar aqui — ele indicou, com um gesto que parecia acolhedor. — Você deve estar aqui por causa da proposta, não é? — perguntou, e eu assenti com a cabeça, nervosa.

— Eu já tenho a minha resposta — respondi, tentando manter a firmeza em minha voz.

— Ok, então, qual seria ela? — Landim falou enquanto largava a caneta sobre algumas papeladas, seus olhos fixos em mim.

— Eu vou aceitar a proposta — disse, mais confiante, olhando nos olhos de Landim. A sala parecia silenciosa, e o peso da decisão pairava no ar.

— Que bom. Lá você vai ter muitas oportunidades, Lisa — ele disse, esboçando um sorriso satisfeito. Ele deixou as papeladas de lado e cruzou as mãos sobre a mesa, dando-me a sensação de que estava preparado para a próxima etapa.

— Bom, como você aceitou, você vai ir amanhã mesmo — Landim continuou, e eu arregalei os olhos. Para mim, tudo isso iria demorar um pouco, mas, pelo visto, a transição seria rápida.

— Ah... ok — assenti, um sorriso leve se formando em meu rosto, embora a realidade começasse a se instalar. A ideia de partir em tão pouco tempo era, ao mesmo tempo, emocionante e aterrorizante.

— É isso, Lisa, obrigada por tudo, viu? Vamos providenciar sua passagem hoje, e você irá amanhã. Você tem hoje para se despedir dos seus amigos, claro. Você fez um excelente trabalho aqui — ele disse num tom calmo e gentil. — Pode ir.

— Agradecida — murmurei, forçando um sorriso mais amplo antes de sair da sala.

Assim que a porta se fechou atrás de mim, respirei fundo. O que eu acabei de fazer? A escolha parecia certa, mas o frio na barriga era inegável. Senti que minha vida inteira iria mudar mais uma vez, mas já estava acostumada com São Paulo, e a perspectiva de um novo começo poderia ser exatamente o que eu precisava.

Continuei a andar, decidida a me despedir de Isabela em primeiro lugar. O vínculo que tínhamos se tornara um dos pilares da minha experiência no Flamengo, e eu não queria partir sem me despedir dela. Bati na porta do seu escritório e entrei, mas fui recebida com uma cena inesperada: Isabela e Gabriel estavam se agarrando, completamente envolvidos um no outro.

— Ou! — exclamei em uma voz grave, imitando um homem, apenas para assustá-los. Vi Isabela se virar com os olhos arregalados, uma expressão de choque no rosto.

— Que susto, sua louca! — colocou a mão no peito, tentando recuperar a compostura, mas logo percebeu Gabriel olhando, seu olhar era uma mistura de diversão e embaraço.