coração em jogo, Richard rios

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lisa estrella

Eu não podia acreditar que ele queria conversar sobre isso agora, depois de tanto tempo separados. A pergunta dele me pegou tanto de surpresa que eu simplesmente não tive coragem de responder.

O estádio já estava vazio, os times já estavam saindo, e eu me encontrava sentada ao lado de Luiz no ônibus, ouvindo música enquanto tentava afastar os pensamentos. Ele dormia sereno e calmo, alheio à tempestade que passava pela minha mente.

Eu me sentia mal. Mal por ainda ter sentimentos pelo Richard. Mal por não conseguir sentir o mesmo por Luiz.

Eu queria tanto gostar dele do jeito que ele gosta de mim, mas eu simplesmente não consigo.

Senti a cabeça de Luiz cair sobre meu ombro, seu corpo relaxado em contraste com a tensão que tomava conta do meu. Meus pensamentos estavam atordoados, um turbilhão de emoções confusas que eu não conseguia controlar. Respirei fundo, na tentativa de expulsar aqueles pensamentos malditos da minha mente. Eu precisava focar no futuro, deixar o passado para trás.

Mas por mais que eu tentasse, o Richard ainda estava lá, ocupando um espaço que eu não queria admitir.

Me levantei, sentindo a necessidade de sair dali e respirar um pouco. Percebi que não estava preparada para lidar com tudo aquilo de uma vez. Desci do ônibus e notei algumas pessoas do time do lado de fora, o estádio ainda iluminado, mas praticamente vazio, apenas com o pessoal da comissão técnica por perto.

Isabela não estava ali. Provavelmente estava conversando com alguém lá dentro.

De repente, Gabriel parou na minha frente, me assustando.

— Eu vi. — Ele disse de repente, com um tom firme.

— Viu o quê? — perguntei, confusa, encarando-o.

— Você e o Richard, Lisa. — Ele afirmou, com os olhos fixos em mim.

Gabriel e Isabela eram os únicos que sabiam da minha história com Richard. Eles eram meus melhores amigos, aqueles com quem eu sempre compartilhava tudo.

— Tá tudo bem, tá? — forcei um sorriso, tentando disfarçar o turbilhão de emoções.

Gabriel levantou uma sobrancelha, claramente não acreditando.

— Claro que tá, Lisa. Você viu o cara que você mais amou, o mesmo que te traiu, bem na sua frente, e tá tudo tranquilo, né? — Ele disse com um toque de sarcasmo, cruzando os braços.

Suspirei, desviando o olhar. — Não é tão simples assim...

— Eu sei que não é. — Ele respondeu, a voz mais suave agora, quase como se estivesse me lembrando de que eu não precisava fingir estar bem o tempo todo.

Gabriel encostou-se na parede, cruzando os braços com uma expressão que misturava ceticismo e preocupação.

— Ele disse que não fez isso. — Falei em voz baixa, quase como se precisasse ouvir aquelas palavras em voz alta para acreditar nelas.

— E você acreditou, Lisa? — Ele perguntou, o tom carregado de descrença.

Olhei para o chão, sem conseguir encontrar as palavras certas. — Eu não sei... Nunca deixei ele se explicar. Eu só fui embora, sem ele sequer saber. — Fechei os olhos, sentindo o peso das memórias voltarem como uma onda que me atingia em cheio.