Casamento às Cegas

Capítulo 11 - Eu sou bissexual

Pov's Lauren

Quando recebemos uma pergunta da qual não esperávamos, ou melhor, não queremos responder, nem a pessoa mais habilidosa em desculpas consegue se safar. Antes da boca, o rosto já fala, já entrega a indignação de ser questionado, como se a descoberta vinda à tona tivesse sido arrancada de você. Acho que esse era o resumo ideal para o sentimento que compartilhava com a Camila naquele momento.

- O queee?! - Ela respondeu com uma expressão exagerada de indignação, sua voz fina como se fosse um menino na puberdade.

Ao menos alguma de nós duas havia tentado uma defesa, eu já havia aceitado a derrota fatídica e apenas cooperaria com a situação.

- De onde tiraram isso? Estou muito ofendida de imaginarem uma coisa dessas, tipo, nada a ver, eu e a Lauren? Vocês só podem estar enfermas para pensarem algo assim.

Ai. Doeu.

- Cami, cai na real, não somos cegas. - Hailee respondeu, aparentemente tentando transmitir tranquilidade na voz. - Eu prometo que vocês podem contar pra gente.

- Mas... eu... não posso a perder. - Finalizou a frase quase em um sussurro, me fazendo franzir o cenho.

- Como assim, Mila? Explica pra gente. - Ally acrescentou, quando retornei o olhar a latina seus olhos estavam marejados, ela se acomodou na cama e deu batidinhas no colchão, convidando as sentar.

A imagem inicial da Camila que iria negar aquele questionamento até o final foi desarmada, dando espaço para uma vulnerabilidade que eu ainda não havia visto. Chorar na frente de alguém é de uma extrema intimidade, ainda mais para alguém como ela, que não parecia fazer isso com tanta facilidade, vê-la daquela maneira estava partindo meu coração, ainda mais por não conseguir compreender o que estava lhe causando isso.

- Lauren? - Balancei a cabeça ao perceber que chamavam minha atenção, notando que ambas estavam consolando uma Camila com algumas lágrimas caídas e um biquinho nos lábios. - Pode explicar?

- Ah, quer saber? Estamos sim. E não, nem precisam falar o que fizeram vocês pensarem nessa hipótese.

Negar aquilo seria o mesmo que dizer que não matei alguém enquanto seguro em mãos uma faca cheia de sangue. São fatos visíveis e naquela altura do campeonato ter com mais alguém para contar era reconfortante, confesso. Acreditava que elas fariam o possível para nos orientar e ter alguém com quem poderíamos pedir conselhos era meio que confortável. O que eu não acreditava é que comparei homossexualidade com homicídio.

- Na verdade eu quero saber sim. - Camila acrescentou e ao ser fitada pelo restante de nós, fingiu um choro exagerado.

- Ok, vamos lá, SÓ HOJE: Você demonstrou nervosismo ao ser chamada de amor, teve um surto de ciúmes por conta de perfume, ficou comendo a Lauren com os olhos, agora propôs que dormissem juntas. Esqueci mais algo, Ally?

- Provavelmente sim, digamos que ficou nos capítulos passados e é difícil lembrar de tantas coisas. O que queremos dizer é, quando esperavam contar a gente?

- Nunca, né. - Falei sem rodeios.

- Vocês vão falar para alguém? - Camila perguntou, realmente insegura e ali entendi o que ela quis dizer com "Eu posso a perder".

- Sim, estamos só esperando as duas dormirem e vamos expor para todas. - Steinfeld revirou tanto os olhos que imaginei que sairiam das órbitas. - Claro que não, minha filha, se toca, nós desenvolvemos uma amizade, a única coisa que quero é proteger e ajudar vocês o quanto estiver ao meu alcance, acredito que falo pela Ally também. - A dureza e carinho na mesma proporção nos fez sorrir.