Capítulo 3 : Todas as palavras convergem para onde você está.

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Ele acorda no caos.

Não um caos, não um conjunto minúsculo de coisas que se desviam, mas O Caos.

As pessoas estão conversando - principalmente a mãe e a rainha, e é mais uma discussão aos gritos do que qualquer outra coisa -, o rei tenta dizer uma ou duas palavras aqui e ali, mas é rapidamente anulado pela força combinada da raiva deles, Daemon comenta aqui e ali, e há um som da voz de Jace cortando tudo isso, fria e contida.

Há uma mão em sua palma, segurando-a em um golpe mortal. Há outra o segurando enquanto ele grunhe e tenta se sentar.

Sua visão fica turva e seu ombro dói, sentindo um calor delicado, e a primeira coisa que ele vê ao abrir os olhos é o rosto do marido.

"Onde está Aegon?"

Tudo na sala fica parado.

"Lucas-"

"Estou aqui", vem do canto mais distante, onde Aegon se joga em uma cadeira, segurando algo em seu rosto. Ele se endireita um pouco e se inclina para frente, e por um momento parece que a distância que os separa não existe. "...Como você está?"

Lucerys contempla isso, tentando ao máximo ignorar a atenção do marido.

"...Eu vou viver", ele tenta dar de ombros e imediatamente é curvado pela pura intensidade da dor. Ele geme e cai para trás, enquanto duas mãos fortes o ajudam a se deitar nos travesseiros, apoiando-o como nunca antes. "Eu acho que você ficaria feliz", ele comenta, não se virando para agraciar seu marido com atenção. "Nem um olho, mas algum ferimento é melhor do que nenhum. Não?"

Ele antecipa as feições do marido se aguçando de ira sem se virar, e fica satisfeito com a raiva na voz baixa que ameaça:

"Lucerys."

"Esse é meu nome", Lucerys concorda. "Você cortou meu ombro, não meu cérebro."

Ouve-se um arrastar de saias e a mãe se abaixa ao lado dele, parecendo exausta e perdida.

"Meu amor", sua voz treme, e ainda assim Luke não deixa de notar o olhar penetrante que ela lança para seu irmão. "Como você está?"

Desta vez ele não tenta dar de ombros e simplesmente diz.

"Estou. Quer dizer, indo embora."

"Bom", a mãe concorda e estende a mão para segurar sua bochecha. "Bom, meu doce. Meistre nos disse que você teve sorte. Um pouco para a esquerda, e a lâmina poderia ter danificado seu pescoço", outro veneno de dardo para Aemond. "Nós poderíamos ter perdido você."

"Você não fez isso", ele tenta tranquilizar ao mesmo tempo em que sente o aperto do marido se fortalecer. "Eu ainda estou aqui", ele arrisca um olhar para Aemond. "Para o bem ou para o mal."

Ele sente falta da inspiração aguda de Aemond, bem como do som estrangulado que escapa de seus lábios, e também da sombra assombrada que passa por trás de seu olhar.

Ele não percebe tudo porque naquele momento sua mãe segura seu rosto, vira-se para ele e então pergunta.

"Lucerys", sua voz é segura e insistente. "O que aconteceu com seu rosto?"

O que aconteceu com o rosto dele?

Ele levanta a mão esquerda para sentir, sente a farpa no lábio, o corte superficial na bochecha.

Ah, sim.

Aemond aconteceu com o rosto dele. Ele já esqueceu disso.

"Eu caí", ele mente tão facilmente quanto é respirar. Os olhos da mãe se transformam em rachaduras com a forma como a descrença indignada a domina. "Acontece que eu sou desajeitado, sabia? Exagerei no vinho na noite anterior e-"

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