Capítulo 16 : Não conseguimos deixar ir.

27 3 0
                                    


Lucerys acorda sozinha.

Ou assim ele pensa, pois, nas luas seguintes ao seu casamento, ele se acostumou a acordar com sua cama - meio fria e o outro lado dela - vazia.

Nem mesmo a provação com seu tio - Lucerys hesitaria em ligar para ele se tivesse um caso, pois sempre pareceu mais como consertar um osso quebrado do que qualquer outra coisa, com a diferença de que o osso quebrado era o próprio coração fraco de Lucerys - mudou isso, pois ambos eram cuidadosos em suas afeições onde residia o suspiro comum.

Não, isso talvez não seja uma verdade completa, com as luas passando eles ficaram imprudentes e Lucerys finalmente deixou Aegon marcar sua pele como ele bem entendesse, deixando hematomas azulados escuros de amor florescerem por todo seu ombro e pescoço. Mas, possessivo como seu tio era, ansioso para reivindicar Luke como seu, ele nunca passou a noite lá, pois essa era uma linha que eles não cruzavam.

Luke consegue se lembrar de pouquíssimas vezes em que acordou em companhia; uma delas foi o dia em que Aemond o feriu, empunhando aço valiriano e mirando em seu irmão. Outra, quando Aemond o chamou mais cedo nesta lua, e foi a única, ainda que fugaz, vez em que viu seu marido dormindo, antes de Aegon entrar e destruir a débil ilusão de paz.

E mesmo que todos os três tenham compartilhado a cama uma vez, Lucerys ainda acordou com os lençóis frios e nenhum dos seus tios presente.

Então, quando Lucerys acorda, ele espera fazer isso sozinho.

Ele está, no entanto, errado.

Ele se mexe na cama, senta-se e, ao olhar para o lado que esperava estar vazio, congela.

Aemond está aqui.

Aemond está deitado de lado, com a boca - uma linha fina e bem esticada, um olho fechado e o outro - descoberto devido à ausência do tapa-olho.

O azul vívido da safira brilha na luz fraca do amanhã, quase alegre em sua glória fria.

Luke estende a mão, o mais cuidadosamente que pode, com a respiração presa na garganta, para traçar o lado do rosto do marido, hesitando perto do olho, as pontas dos dedos tropeçando levemente.

Não deveria ser uma surpresa tão grande que uma carícia passageira seja suficiente para Aemond acordar.

Lucerys observa, paralisado, enquanto os olhos do marido se abrem, piscam, embaçados, entram em foco e pousam nele.

Ele respira fundo, a mão ainda estendida, seu olhar encontrando o do marido em alguma pergunta silenciosa, cujas palavras escapam de sua mente.

"Aemo-"

O resto é quebrado, abafado, quando Aemond de repente se move bruscamente, trazendo-o para mais perto, arrastando-o para seu peito e pressionando-o ali, no calor sufocante de seu abraço.

"Eu tive um sonho", seu tio diz com a voz rouca de sono. "O recorrente. Estamos voando pela tempestade, você na minha frente. Estou tentando alcançá-lo, mas você continua fugindo. Está quase", uma respiração quente acaricia sua têmpora enquanto Lucerys se acalma em seu peito, ouvindo as batidas do coração e se sentindo muito pequeno. "Como se você estivesse escapando de mim."

"Por que eu escaparia de você?"

Uma risada silenciosa.

"Você me diz."

Ele pensa sobre isso.

"Por que você estava me perseguindo?"

Uma inspiração silenciosa, quando uma confissão, como uma confirmação de algum pecado não dito:

What kind of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora