Capítulo 9 : Quando a escuridão me chama.

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O rosto de Lucerys esperando em seus aposentos, já despido e coberto apenas com um manto de seda sobre os ombros, pernas magras balançando de um lado da cama de uma forma caprichosa e brincalhona, afeta Aemond mais do que ele jamais poderia admitir para alguém, muito menos para si mesmo.

"Você se preparou?", ele entra no quarto, descartando rapidamente o gibão de couro, ainda úmido pela umidade do lado de fora.

O tempo tem piorado ultimamente, e a empregada - Alys, aquela que Lucerys prefere - falou um pouco sobre a tempestade que se aproxima.

"Acontece aqui de tempos em tempos", ela elaborou quando Aemond perguntou. "A terra fica na clareira entre o Tridente e o lago, e todas essas torres altas se erguem em desafio aos deuses. Parece quase que os próprios deuses não conseguem deixar de aceitar o desafio."

"Eu fiz", Lucerys concorda, seus olhos brilhando na luz fraca das velas, seu cabelo - uma bagunça digna do pincel do melhor pintor. Aemond nunca admitiria em voz alta o quão impossivelmente apaixonado ele realmente é por esses cachos escuros e rebeldes, o sinal e a prova da criação vergonhosa de seu marido.

Ele prefere arrancar o olho que lhe resta do que deixar Lucerys saber o quanto ele adora cada curva do seu corpo, cada pinta e cicatriz, e uma esparsa camada de sardas nas bochechas e ombros.

Ele nunca admitiria isso em voz alta, mas hoje ele finalmente pode agir.

Aemond achava que seu amor era vergonhoso, desonroso e descontente, de certa forma ele brotava de velhas feridas e ressentimentos, de certa forma ele explodia pelas rachaduras de seu coração, através de sua caixa torácica e finalmente se acomodava em sua pele.

Um único olhar, um único toque, uma mera palavra - tudo acendeu ainda mais essa obsessão desprezada, e o casamento em que o rei os prendeu apenas a libertou.

A cada lua, por uma noite, Aemond o tinha, e a cada dia entre elas ele se movia como se estivesse morrendo de fome, ansiando por um banquete que não se permitiu aproveitar.

Pois, por mais mórbida que fosse sua aflição, Aemond ainda era um homem de honra, mesmo que Lucerys não o fosse.

Ele ficou assim por um tempo, até o dia em que encontrou as marcas de seu próprio irmão na pele de seu marido, e depois que a corda bamba de sua convicção se arrebentou, ele se viu com uma adaga de aço valiriano na mão, e seu marido sangrando no chão.

Seu marido, que os deuses sejam graciosos, é sua Lucerys.

Nos braços de Aegon, com sangue escorrendo sobre o ferimento causado por Aemond.

"Prepare-se."

Lucerys se joga de costas sem dizer nada e começa a subir nos lençóis, apoiando-se nos cotovelos e calcanhares e expondo melhor a pele branca e leitosa de suas coxas.

Aemond luta contra a terrível vontade de subir e assumir o controle da situação.

Ele desvia seu coração rebelde e, em vez disso, fica parado, observando enquanto Lucerys finalmente alcança a cabeceira da cama e se acomoda de costas nos travesseiros, o roupão levantado para que a exibição descarada de carne nua fique exposta para ele engasgar.

"Estou pronto."

"Não", ele argumenta, tentando ganhar algum tempo enquanto suas mãos já o sacodem para fora das roupas, começando a se mover por conta própria. "Não, você não está, deite-se corretamente."

O rosto do marido se contorce com uma emoção ainda pouco clara para ele.

"Na minha barriga?"

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