Ecos do passado

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A água fria escorrendo pelo meu corpo estava começando a ficar morna. Desliguei o chuveiro e me sequei com a toalha, o cheiro do sabonete me trazendo um breve momento de conforto. Fiz minhas higienes pessoais e, exausta, joguei-me na cama. O dia foi cansativo demais; meu corpo pedia descanso. Foi então que vi uma mensagem de um número desconhecido.

Meu corpo tremeu ao abrir a mensagem, mas vi apenas uma pasta com um texto: Entra no link.

A ansiedade tomou conta de mim, mas me atrevi a perguntar quem era. Após um breve momento, recebi a resposta: Dexter.

— Como conseguiu meu número? — perguntei, a voz trêmula.

— Sou hacker, imbecil. Esqueceu? Você me pediu para mudar os votos da eleição para você ganhar.

— Tá, não vamos falar sobre isso. Sobre o que é o link?

— Sanatório Trans-Allegheny.

— Tá. — foi a única coisa que consegui responder. Rapidamente, abri meu computador e entrei no link.

[Flashback: Sanatório Trtans-Allegheny, 1959]

As paredes frias do Sanatório Trans-Allegheny pareciam absorver os sussurros de dor e desespero. Crianças, que uma vez foram cheias de vida, agora se encontravam presas em um labirinto de sofrimento. Os gritos de algumas ecoavam pelos corredores, enquanto outras choravam baixinho em seus cantos. Era um mundo onde a esperança raramente entrava.

Uma sala de tratamento, com janelas altas que deixavam a luz entrar, mas não o calor do sol. Na frente, um médico de meia-idade, Dr. Thompson, discutia os tratamentos com a equipe de enfermagem. Os rostos das enfermeiras estavam cansados, mas a frieza em seus olhares mostrava que estavam acostumadas com a dor ao seu redor.

— Precisamos de mais contenção física para a paciente 312. Ela continua resistindo ao tratamento. — disse Dr. Thompson, sua voz ressoando como um eco sombrio. — Hoje, vamos administrar a ECT.

Uma menina de dez anos, Clara, estava amarrada a uma maca, seus olhos arregalados de medo. Ela olhou ao redor, implorando com a voz trêmula:

— Por favor, não me façam isso! Eu não sou louca!

A enfermeira, Sra. Harris, olhou para Clara, mas não demonstrou compaixão.

— É para o seu próprio bem, Clara. Você precisa se acalmar. Isso vai te ajudar. — disse, enquanto ajustava as correias que a mantinham presa.

Clara começou a chorar. — Eu só quero ir para casa! — gritou, suas lágrimas escorrendo pelo rosto pálido.

Ao lado dela, um menino de cabelos bagunçados, Lucas, observava tudo com olhos de pânico. Ele tentava se mover, mas as correias o mantinham preso.

— Não deixe que eles te machuquem, Clara! — sussurrou Lucas, com a voz embargada de emoção. — Vamos sair daqui juntos!

Os médicos, indiferentes, continuaram a discutir os métodos, como se as crianças fossem apenas números em uma planilha.

— A contenção física é essencial para a segurança da equipe e dos outros pacientes. — argumentou Dr. Thompson, olhando fixamente para Clara, como se ela fosse um experimento em vez de uma criança.

— Concordo, mas a ECT não consensual... — começou Dr. Reynolds, hesitando, sua expressão mostrando um breve lampejo de dúvida.

— Não temos tempo para debate! As crianças precisam ser tratadas, e esses métodos são o que temos. — cortou Dr. Thompson, sua voz firme.

A Sra. Harris apenas balançou a cabeça, ignorando os apelos das crianças e concentrando-se em seu trabalho.

— Mantenham a paciente calma, por favor. Vamos prepará-la. — ela ordenou, com um olhar autoritário.

Shadows in the watersOnde histórias criam vida. Descubra agora