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A manhã estava fria, e uma névoa fina envolvia os campos de Hogwarts. Os alunos se reuniram na sala de História da Magia, sem muito entusiasmo. Professor Binns estava dando uma aula sobre as famílias bruxas mais antigas e influentes que já haviam passado por Hogwarts. James, Sirius, Remus e Peter se sentaram juntos, como sempre, embora Sirius estivesse particularmente inquieto, tamborilando os dedos na mesa.

— Hoje vamos falar sobre as dinastias bruxas mais famosas — começou Binns, flutuando para frente da sala com sua voz monótona. — Famílias que ajudaram a moldar o mundo mágico, tanto pelo bem quanto pelo mal.

Ele começou a listar nomes conhecidos — Black, Malfoy, Potter — e a turma escutava com atenção apenas o suficiente para não ser repreendida. Binns mencionou casamentos importantes e alianças entre grandes famílias, explicando como essas uniões ajudavam a manter o poder e a pureza do sangue.

Então, um garoto da Corvinal, sentado na última fila, levantou a mão e perguntou:

— Professor, alguma vez já houve algum casal famoso... que não fosse entre um homem e uma mulher?

A sala inteira ficou em silêncio. O professor Binns, que raramente expressava qualquer tipo de emoção, franziu o rosto levemente, como se a pergunta o tivesse irritado.

— Isso seria inadmissível — respondeu ele, com um tom severo. — Na história de Hogwarts e do mundo bruxo, casamentos entre homens e mulheres foram sempre a norma. Ninguém nunca se atreveu a desafiar as tradições. Relacionamentos desse tipo seriam vistos como... desviantes.

Remus sentiu o coração apertar com aquelas palavras. Ele tentou não demonstrar, mas a dor e a vergonha que sentiu o atingiram como uma onda. Por mais que tentasse manter a compostura, o comentário do professor o afetou profundamente. Ele baixou os olhos para a mesa, tentando disfarçar o desconforto.

Do outro lado da sala, Sirius ergueu uma sobrancelha e, com um sorriso travesso, sussurrou alto o suficiente para que toda a classe ouvisse:

— Não sabia que o Professor Binns tinha um manual sobre amor. Será que ele nos ensina como amar também?

A sala explodiu em risadas. James e Peter se entreolharam, rindo da piada de Sirius, mas também perceberam a reação estranha de Remus. Ele não riu. Em vez disso, seu rosto permaneceu pálido e seus olhos estavam fixos na mesa, como se estivesse lutando contra algo interno.

— Moony? — James sussurrou, se inclinando para mais perto. — Tá tudo bem?

Remus forçou um sorriso, mas não respondeu. Ele se mexeu desconfortavelmente na cadeira, enquanto a atenção da turma se voltava novamente para o professor.

Peter, que estava mais perto de Remus, notou a expressão incomum no rosto dele e trocou um olhar significativo com James. Algo estava errado, mas eles não sabiam o quê. Sirius, por outro lado, parecia alheio à situação, ainda sorrindo satisfeito com a sua piada.

Quando a aula terminou, os quatro saíram juntos, mas havia uma tensão estranha no ar. Remus estava calado, o que não era tão incomum, mas dessa vez, sua falta de conversa parecia pesar mais. Peter e James não puderam evitar notar.

— Tá legal, o que tá acontecendo? — James perguntou, quebrando o silêncio, enquanto eles caminhavam pelos corredores.

Remus balançou a cabeça, tentando afastar o assunto.

— Nada, só estou cansado — respondeu ele rapidamente, sem olhar para os amigos.

Sirius deu um empurrãozinho em Remus, tentando animá-lo.

— Vai, Moony, você sabe que eu estava brincando lá dentro. Aquele velho rabugento não sabe de nada sobre amor. Ele deve estar morto há tanto tempo que esqueceu como as coisas funcionam.

Remus deu um sorriso pequeno, mas não foi o suficiente para tranquilizar James e Peter. Quando chegaram à sala comunal, Peter puxou James para um canto.

— Você percebeu? — perguntou Peter, a voz baixa. — Ele está estranho desde aquela aula.

James assentiu, cruzando os braços.

— Ele ficou esquisito quando o Binns falou sobre... casais que não eram homem e mulher — James disse, pensativo. — Acha que tem algo a ver com isso?

Peter olhou para Remus, que estava se afastando em direção ao dormitório, e depois voltou o olhar para James, hesitante.

— Talvez... — Peter começou, mas parou. Ele não sabia ao certo como abordar o assunto.

James franziu a testa, pensando por um momento. Ele era muito protetor com os amigos e sabia que havia algo que Remus não estava contando a eles. E Sirius? Ele parecia despreocupado, como sempre, mas talvez houvesse algo que James e Peter não estavam enxergando.

— A gente precisa descobrir o que está acontecendo — disse James, finalmente. — Se o Remus está mal por alguma coisa, a gente tem que estar lá pra ele. Mesmo que ele não queira falar.

Peter assentiu em acordo. Eles sabiam que aquilo ia exigir paciência, mas não podiam deixar Remus carregar o peso sozinho. Afinal, eram os Marotos. Sempre estavam lá um para o outro, nos momentos bons e nos ruins.

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⏰ Última atualização: Oct 01 ⏰

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Sob a Luz da Lua - 𝗥𝗘𝗠𝗨𝗦 𝗘 𝗦𝗜𝗥𝗜𝗨𝗦 𝗕𝗟𝗔𝗖𝗞Onde histórias criam vida. Descubra agora