Elisa
Tateando a cabeceira em busca do despertador maldito, eu posso ter xingado mas também agradeci ao ouvir o baque contra o chão porque o silêncio voltou para o meu quarto.
Seis da manhã.
Eu preciso estudar.
Elisa: Vó de Genóvia, já pode aparecer.
Pelo menos um dia de glória como uma princesa cairia muito bem nesse momento.
Aqui vai um segredo: Eu gosto dessa rotina corrida. De acordar à seis da matina, meditar por rápidos cinco minutos para colocar a mente e o corpo em harmonia, tomar um banho quente relaxante, caminhar cumprimentando as pessoas e encontrar os meus amigos na cafeteria porque eu acredito fielmente na teoria da minha mãe, ela diz que o reflexo de como será nosso dia está nas primeiras horas das nossas manhãs. É por esse motivo que eu me cerco de tudo o que me faz bem logo quando acordo, como meditação ou deixar um carinho na cabeça da Savannah enquanto ela me avisa que não temos café bom – como se eu já não soubesse desse importuno detalhe – antes sair com todas as minhas bolsas para o Verve.
Tem dado certo? Bom, um dia eu aleatoriamente ganhei vários vouchers de café, então, eu acredito que sim.
Mas, apesar de sentir falta daquele carinho da minha mãe contra a minha cabeça, de sagradamente ouvir em todas as manhãs que tudo aquilo que eu acabei de confessar em segredo, eu não me arrependo dessa decisão de morar a milhares de milhas de distância daquele caos matinal de risos, cantorias e tudo junto e misturado que acontece em famílias descendentes de italianos.
A minha mãezinha nasceu na Itália. Ela tinha um pouco mais de três anos quando o nonno Alberto resolveu explorar outros caminhos nos Estados Unidos e, consequentemente, trouxe a sua família para morar aqui. O meu pai é um estadunidense nativo, filho de de uma dentista, eu quase segui a profissão por causa da minha melhor fadinha dos dentes, e que resolveu seguir os passos do meu avô como um advogado, atuando no ramo empresarial – diferente do vovô Graham que era um excelente criminalista mas que agora, depois de tudo o que aconteceu, ele diz está somente "curtindo a velhice".
A história dos meus pais é digna de um livro, sabe? Aqueles dois melhores amigos de infância, o amor mais genuíno que eu já vi. A mamãe diz que o segredo é o tempero da comida, afinal não é à toa que a nossa família tem um ristorante com uma excelente avaliação entre os seus clientes, mas todos nós sabemos qual é o real tempero aqui.
Amor. Companheirismo. Três crianças.
Matteo, Beatrice e Elisa.
Imagine um homem de vinte e seis anos (na época!), um e noventa e cinco de altura, músculos e mais muscúlos esmagando aos prantos no meio do aeroporto a sua irmã mais nova porque ela estava indo embora para Califórnia. E detalhe, aquela foi a primeira e única vez eu que o vi chorar. Imaginou? Esse é o Matteo. Todos os dias ele me manda uma mensagem, é de lei, mostrando alguma delícia que ele mesmo preparou porque não basta o Matt ser incrivelmente lindo, ele também precisava ser o maravilhoso Chef do GIGI'S.
Beatrice, ou Trish, foi quem veio comigo para Los Angeles naquela primeira impressão porque a minha irmã, que trabalha atualmente como corretora de imóveis de luxo, já tinha contatos com algumas agencias de imóveis e foi através dela que o papai comprou o apartamento em que eu divido as despesas com Savannah. Essa foi a única condição que a minha família me impôs nessa jornada longe de todos, que eu estive alocada em algum local seguro em LA. Eu não fui contra, porém pela área escolhida ser em um bairro de luxo, eu realmente precisava de alguém para dividir as despesas e Sav é a colega perfeita – embora eu ouça muitas coisas improprias durante as madrugadas de insônia ou estudo. Mas voltando a minha irmã, aos vinte e seis, Trish é a primeira da família que já tem a sua própria linda família com Kyle e a minha fofinha sobrinha de oito meses, a mini Mello. Beatrice é quem costuma vir com para Los Angeles, é bom sentir aquele abraço com cheiro de casa e ela sempre traz os meus raviolis.
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Invisible Strings ♪ Shawn Mendes
Fanfiction"Se não conseguimos estancar uma ferida que sangra constantemente, então não podemos continuar. Pare. A cura não é repentina, é um processo e, como todos, eu também preciso tirar um tempo para o meu. Eu não vejo essa luz como o final da linha, mas...