Invisible Strings ♪ Shawn Mendes

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Shawn

Quando eu desembarquei na Costa Rica era nítido o quanto eu estava devastado.

Eu sabia que não seria fácil ser honesto, até mesmo comigo mesmo porque eu sei o quanto tentei para que o desfecho de tudo fosse outro, tentando continuar seguindo e vivendo o que aquele Shawn que publicou o seu primeiro vídeo na Internet havia sonhado, imaginado no seu quarto em Pickering ao dedilhar qualquer uma do Ed Sheeran ou John Mayer.

Aquele garoto que sonhava em aparecer nos telões da Times Square, em ouvir as suas músicas tocando na rádio, lotando arenas com fãs calarosos e que sabiam cada uma daquelas letras de cor – até mesmo melhor do que eu.

Quando eu lembraria da letra de Strings?

Eles lembram e cantam alto.

Foi por isso que eu chorei copiosamente na noite em que eu mesmo publiquei aquele tão assustador comunicado em fundo preto porque é claro que deveria ser eu, aquelas palavras deveriam ser e foram uma iniciativa minha.

Se eu dei o meu pontapé inicial, eu também deveria ser aquele que assinaria o último passo da minha carreira.

Porém, o que eu guardei para mim até hoje é uma culpa que não faz com que eu me sinta merecedor de todo o afeto que recebo, porque apesar de eu estar completamente despedaçado, aquele choro também foi de alívio. Eu me senti como se mil elefantes tivessem sidos tirados dos meus ombros, eu conseguia respirar, não havia mais aquele peso de compor, compor e compor como uma obrigação para cumprir metas, prazos e até mesmo qual gênero de musicalidade eu deveria explorar, como uma ordem depois do que disseram ter sido o meu fracasso.

E tudo o que eu investi do meu próprio bolso no caralho daquela era foi muito bem feito, emtregue com qualidade.

Fracasso.

Em muitas noites eu até desejei que o Andrew nunca tivesse me encontrado no YouTube porque eu me sentia sim um fracassado – diferente do que a minha gravadora me taxou no nosso último contato, o fracasso que eu sentia não era por causa de uma era que vendeu até bem para um lançamento em um período nada favorável, mas sim por todos aqueles desconhecidos que acreditaram em mim, pela minha família e amigos que eu vi pessoalmente lutando para ter o seu espaço no mesmo mundo em que eu estava abrindo mão por não conseguir lidar com toda a explosão dos meus sentimentos.

Sentimentos que...

Ouvi falarem mal de mim, vi algo sobre alguns me defenderem mas o que eu de fato senti foi alívio. Viver aquela coisa toda sem nenhuma pressão para respondê-la (uma resposta que mais serviria para os tabloides do que para ela, afinal, ela teve isso de mim pessoalmente), sem rivalidades ou vilões. E não, eu não a considero como vilã. Nós tivemos sim bons momentos juntos, mas eu sei que esse sentimento apenas serviu como mais um gatilho em uma mente pouco saudável por mérito meu.

Eu nunca soube lidar com a pressão, essa é a minha mais crua verdade.

Eu sempre fui uma bomba prestes à explodir porque pessoas intensas são assim e eu sou exatamente dessa forma. Eu me cobro demais, eu me cobrei mais do que eu deveria e eu precisei pagar o preço cedo. Eu estava exausto.

Mas isso foi somente um pouco de como eu me senti na Costa Rica, onde fiquei por duas semanas e depois saí sem rumo nenhum por esse mundo afora.