Invisible Strings ♪ Shawn Mendes

05

Elisa

Savannah: Afasta, Els.

Deitando rapidamente o meu livro sobre o meu peito, cedi um espaço para Sav e o seu balde de pipoca ao meu lado no sofá.

Essa foi por pouco, ela definitivamente não pode ver o que tem escrito nesss livro.

Savannah: Você já leu esse livro um milhão de vezes, não é possível que ele ainda arranque esses sorrisos bobos de você.

Elisa: Eu estou lendo normal.

Savannah: Não mesmo... Você definitivamente não está normal tem alguns dias.

Ele fez o inacreditável.

Quando eu poderia imaginar que o Shawn Mendes escreveria entre as páginas do meu livro as suas próprias observações, marcações e até desenhos, alguns um tanto peculiares? Eu não consigo parar de folhear cada página, rindo incrédula que ele realmente fez tudo isso por livre e expontânea vontade.

Logo na capa e escrito em uma caligrafia quase inlegível, é possível ver o nome dele ao lado do meu, um número de telefone (eu jamais ligarei por medo de descobrir quem atenderá).

O Shawn Mendes.

Por acompanhá-lo como cantor, eu sabia que o Shawn frequentava o Verve Coffee no período em que morou em Los Angeles. Também não nego que até fui lá pela primeira vez com uma pontinha de esperança em encontrá-lo porque eu me mudei para Los Angeles logo após o anuncio oficial da sua pausa por tempo indeterminado mas... Com o tempo, eu acabei me acostumando com a rotina, me enturmando com o que eles denominavam ser o "Clube do Café." Talvez agora que o surto passou em alguns poucos por cento, eu consigo raciocinar e assimilar algumas lacunas com uma certa clareza sobre o tal membro que eles sentiam falta nas nossas resenhas.

Nunca me disseram o nome dele, mas eu ficava feliz quando essa pessoa afastada fazia um rápido contato para informá-los que estava bem, vivo e redescobrindo a sua vida porque de certa forma eu conseguia perceber que todas aquelas pessoas nutriam um sentimento sincero umas pelas outras, que não era somente um grupo formado em uma cafeteria de Hollywood, mas sim uma amizade verdadeira. Por estar sozinha em Los Angeles eu precisava disso, desse apoio que eu encontrei naquelas pessoas.

Não é fácil deixar a sua zona de conforto aos dezoito anos para viver essa mudança de fase que é a adolescência para a vida adulta em uma cidade do outro lado do país, apenas um punhado de sonhos na bagagem. E aqui em LA eu sinto um certo orgulho de mim por conseguir fazer e ter as minhas amizades sinceras, ter conseguido me manter no controle quando o medo e a saudade da minha casa quase me fizeram transferir o curso para a NYU e ficar perto de tudo o que eu mais amo porque crescer é isso, é se aventurar em um desconhecido, é errar e também aprender com os nossos erros, é se sentir grato ao acertar.

Hoje eu tenho a minha lojinha virtual de velas aromáticas, que cresce mais à cada dia e já estamos até fechando parcerias de vendas com lojas de outras cidades – como Miami, Nova York e Seattle –, no próximo ano estou terminando o meu curso e também já tenho um estágio muito bem encaminhado, tenho a Savannah também e toda a vida que eu consegui colocar nos eixos aqui.

O que eu não esperava ter era ele lendo os meus livros favoritos.

Savannah: Qual é o nome dele, Lisa?