Prologo

771 41 1
                                    

Desde sempre busquei ser uma pessoa do bem, alguém que ajuda aqueles que precisam. Porem nunca tive amigos, os eu arrumava era falsos, sempre me viram as costas quando eu mais precisava, por isso eu preferia ficar na minha e não ir atrás de amigos.

Lembro como se fosse ontem como tudo começou...

Não sei direito, mas acho que era numa manhã chuvosa, me lembro do céu cinza e do chão molhado, estava frio também. Eu cheguei na escola com a cabeça baixa, minha blusa de frio estava um pouco molha, eu a tirei e coloquei dentro da mochila depois caminhei para a sala, não havia chegado quase ninguém, eu me arrastei até o fundo e me sentei na última cadeira, coloquei a minha mochila atrás da cadeira peguei um livro, me sentei e comecei a ler.

Uma mão apareceu na minha frente tampando a minha visão e derrubando o meu livro no chão, eu já sabia quem era, já sabia o que queria, sempre foi assim desde que entrei naquela droga de escola.

-Oi Mike.- Disse ele, eu continuei fitando a mesa.- Você ta lendo o que?- Ele perguntou.

-Não é da sua conta.- Disse bem baixo.

-O que você disse?- Ele perguntou, eu ainda fitava a mesa.- Não gosto de livros.- Ele pegou o meu livro do chão, eu sabia que ele ia fazer algo ruim, me levantei e tentei tomar o livro de sua mão.

-Me devolva.- Senti meus olhos arderem e se encher de lágrimas.- Ele é muito especial.

-O pequeno príncipe.- Ele gargalhou.- Livro de mariquinha, não gostei.- Ele rasgou o livro ao meio e jogou as páginas para cima gargalhando alto.

-Porque? Porque me odeia tanto?- As lágrimas brotaram dos meus olhos e escorreram pelo meu rosto.

-Por causa daquele dia, lembra Mike.- Ele segurou forte no meu queixo me machucando.- É por isso que eu lhe odeio.

Era noite e eu estava na praça, estava sozinho não havia ninguém lá e eu estava dando um dos meus passeios noturnos. Alguém sentou-se ao meu lado no bando, era ele o garoto que eu havia virado amigo a uma semana no colégio, Matheus.

-O que faz aqui cara.- Disse ele sorrindo.

-Apenas dando um passeio noturno, me ajuda a pensar.-Senti meu rosto esquentar, sim eu estava sentindo algo por ele, mas não era amizade, era algo diferente, desejo? Talvez. Quando eu era mais novo me sentia estranho, meninos da minha idade tinham desejo por meninas, já eu gostava de ficar olhando os meus colegas de turma, sim eu gosto de meninos.

-Você é muito estranho.- Ele me deu um empurrão.

-Não sou estranho, apenas sou diferente de você.-Sorri. Ele sorriu também e deitou a cabeça no meu colo, olhando para o céu.

-Gosto de olhar as estrelas, elas são lindas você não acha?- Ele disse, mas eu estava olhando para os seus lábios, que me atraiam mais que tudo, um desejo muito forte tomou conta de mim, sim eu queria beijar-lo, sentir aquele lábios carnudos nos meus.

-Matheus, você faz algo estranho, uma coisa absurda?- Ele fez que não com a cabeça e sorriu.- Vou fazer algo absurdo agora, por favor não me entenda mal, apenas quero testar uma coisa.- Ele me olhou de um jeito estranho, eu me aproximei e o beijei. Aquele foi o meu primeiro beijo, durou segundos, pois Matheus me empurrou com toda força que podia me fazendo cair no chão, ele veio para cima de mim e me bateu muito, me deixou desacordado caído lá no chão. Desde então todos os dias eu sou o seu saco de pancadas na escola, ele me bate, me humilha, coloca coisas estranhas na minha mochila, como um rato morto, que sujou de sangue todos os meus cadernos.

Ele me jogou no chão fazendo várias carteiras caírem sobre mim. Alunos e mais alunos começaram a entrar na sala, gritando sem parar " Briga, Briga " , ele socou o meu rosto, mas nesse momento a professora chegou na sala e os alunos tiraram ele de cima de mim. Assim a aula passou, aquele foi o pior dia da minha vida, sentir o olhar de ódio de Matheus pesar sobre mim o tempo todo. Logo a hora de ir embora chegou, foi um alívio, era o que eu pensava.

Caminhei um pouco e quando faltava duas ruas para chegar em minha casa alguém me atacou, taparam o meu nariz com um pano e me fizeram inalar algo que me fez desmaiar. Acordei em um lugar escuro e sujo, era um galpão abandonado, um que ficava na saída da cidade onde algumas pessoas costumavam usar para dar festas e consumir drogas.

-Agora você vai pagar seu viadinho.- Disse Matheus, acendendo uma lanterna e a colocando a luz no meu rosto.- Hoje eu irei te matar, você vai pagar pelo que fez.

-Por favor não faça isso.- Eu suplicava.- Não fiz por mal aquele dia, apenas queria saber como era um beijo.- Ele veio até mim e socou a minha barriga com força, senti o sangue vir em minha boca, logo ganhei outro soco desta vez no rosto, eu cuspi sangue no chão. Ele veio até mim e me pegou pelo cabelo, rasgou toda a minha roupa e me fez encostar em uma parede imunda, a última coisa que senti foi o seu membro dentro de mim, ele me violentou.

-Está gostando? Não era isso que você queria?- Ele gargalhava. Depois que ele me violentou ele me bateu mais até eu ficar desacordado lá no chão.

O tempo foi passando, e eu acredito que passei três dias sozinho naquele galpão, até que me encontraram. Minha mãe ficou aos prantos ao me ver todo machucado, meu pai horrorizado quando soube o que havia acontecido. Matheus foi levado para o juizado de menores. Naquela tarde meus pais decidiram mudar de cidade, nunca me senti tão feliz como naquele dia.

No dia que fomos embora eu já estava um pouco melhor, saber que iria embora e que teria o direito de começar uma nova vida em um novo lugar me animou muito. Disse adeus aquela droga de cidade entrei no carro.

Chegamos a noite na nova casa, ela era linda comparada a antiga, bem maior e tinha dois andares, com uma varanda e uma cerejeira na frente. Era muito bela, eu corri e subi as escadas, fui direto para o último quarto do corredor esse seria o meu refúgio, ele era grande e tinha uma enorme janela, e eu tinha um banheiro só para mim. Sorri.

Logo chegou o dia de ir para o hospício, é assim que chamo a escola, eu não estava animado, lá seria um lugar legal? Eu iria fazer amigos? Ou apenas tudo ia se repetir de novo... Meu estômago se revirava.

-Filho vamos.- Gritou a minha mãe da porta do carro.

-É vamos para o hospício.- Eu peguei a minha mochila e sai do quarto, sem um pingo de animo.

Memories ( Um romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora